Direto da Praça

Imprensa e dependência ideológica

Por Paulo Pires

Está muito claro: Parte de nossa grande imprensa é ou está inteiramente submissa às opiniões das editorias e agências dos países hegemônicos. Principalmente a televisiva.  Como não somos mais tão ingênuos, descobrimos a razão disso: A maioria dos rapazes e moças que fazem jornalismo no Brasil hoje é oriunda de “treinamentos ideológicos” em instituições educacionais européias ou norte-americanas. Os que não foram prá lá foram treinados aqui obedecendo e seguindo a mesma concepção (que é a de defender intransigentemente os interesses dos poderosos). É lamentável, mas as suas sagradas missões cumprem o inarredável dever de defender idéias passadistas, aquelas que atolaram e idiotizaram o Povo brasileiro por um longo espaço de tempo. Lamentavelmente ainda podemos dizer  que há  gente por aí que considera o seguinte:  “Deu no Jornal Nacional é verdade, é sagrado”.

Diplomacia

 

            O ex-Chanceler do governo. Fernando Henrique Cardoso, Luiz Felipe Lampréia, concedeu uma entrevista às televisões dizendo que o Brasil estava errado em receber o presidente do Irã. Quando concluiu sua entrevista na qual fêz duras observações sobre a visita do homem do Irã, entendi na hora porque nossa diplomacia na época dele foi tão precária e mais ainda: Porque o Senhor Cardoso (como chamava FHC o presidente Clinton) conduziu um governo tão bisonho referente ao nosso desenvolvimento e às nossas relações internacionais. Com um chanceler desses, realmente era dificílimo fazer um governo com um olhar mais extenso, para além de nossas fronteiras.

 

Jornais estrangeiros (II)

 

            Nossa grande mídia deveria ser mais independente e criativa. Outrora, no tempo de Castro Barbosa, Lauro Borges, Max Nunes, Haroldo Barbosa e outros, nossa mídia era muito mais criativa e autêntica. Hoje, perdemos pelo menos 80% daquela criatividade e, pior, voltamos a fazer um jornalismo, principalmente este (na grande imprensa) totalmente subjugado aos padrões do jornalismo internacional. Os jornais estrangeiros [qualquer incauto sabe] são verdadeiros instrumentos de propaganda ideológica dos países onde estão sediados. Cumprem  sagrado papel de só se referir aos outros países, mormente os periféricos, quando nestes ocorrem fatos desastrosos, desagradáveis e/ou exóticos.

 

 

Estrada de Ferro

 

            Há poucos dias falamos sobre a importância de uma Estrada de Ferro para um país. Alguns leitores discordaram e uns chegaram até ridicularizar nossa idéia. Fiquei pensando cá com os meus botões: Será que realmente uma Estrada de Ferro não é importante para um país?  Claro que sim [como diria Vitorino]. Uma Estrada de Ferro é extremamente necessária e conforme se observa todos os paises que possuem uma boa malha ferroviária, tem uma logística extremamente avançada. No caso de Conquista, temos conhecimento que a Ferrovia federal que vai cortar o Estado da Bahia, estará a pouco mais de 100 km. daqui. Ora, sendo assim não chega a ser de tudo um despropósito pensar e pleitear um braço dessa Ferrovia para nossa Cidade. Não tenho a menor dúvida da importância desse canal para nossa Economia e Desenvolvimento.

 

           

Estrada de Ferro (2)

 

            No dia 3 de novembro do corrente ano, um pobrezinho americano chamado Warren Buffet, adquiriu por 34 bilhões de dólares a Estrada de Ferro Burlington Northern Santa Fé (BSFN). Como se vê o cidadão é bem “pobrezinho”.  Mas o que mais me interessou, além da transação, foi a “visão ridícula” desse pobre homem.  Ele disse: “A prosperidade futura de nosso país [EUA] depende da existência de um sistema ferroviário eficaz e em bom estado”.   Como se diz aqui no Brasil: Tô contigo e não abro.


Uma Resposta para “Direto da Praça”

  1. Dirceu Góes

    Professor Paulo Pires,

    Qual “tratamento ideológico” o senhor tem dado aos seus alunos que seja alguma coisa diferente de “defender intransigentemente o interesse dos poderosos”?
    Será que o senhor conseguiu contornar a “sanha diabólica” do capitalismo, fazendo com que da sua sala de aula saiam profissionais extremamente preparados para sobreviver longe do “mercado”,ter sucesso e construir o sonho socialista para agora e já?
    Se este é o caso, pode ter certeza de que a mídia estrangeira e a nacional se debruçarão sobre a sua experiência. Acredite: ela será o principal assunto de todos os telejornais!
    Ademais:
    1º – Quais foram os ganhos reais obtidos pela população brasileira com a vinda do presidente do Irã ao Brasil? Nós vamos copiar deles o apedrejamento de adúlteras e homossexuais, o amordaçamento da imprensa, as eleições fraudulentas ou a construção de bombas atômicas?
    2º – Por que, repetidamente, compara-se Lula a FHC? Será que esse sentimento de inferioridade intelectual nunca será resolvido? O senhor não concorda que quando um implantou e o outro manteve o mesmo modelo econômico, quando selaram (cada um ao seu modo) alianças políticas impúrias e protagonizaram (via correligionários)as mesmas negociatas inerentes aos “jogos do poder” eles se igualam em torpezas indênticas?
    3º – Qual a pesquisa que o senhor desenvolve na área de Comunicação para generalizar comentários depreciativos acerca da nova geração de jornalistas em atuação no mundo, no Brasil e em Vitória da Conquista? O senhor acredita que eles aprenderiam a exercer a profissão com mais democracia em Cuba, na Venezuela ou no Irã?
    Até breve,

    Dirceu Góes – Jornalista e professor do Curso de Comunicação da UESB.

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