Ministérios avaliam criação de Polo de ecoturismo no Marçal

A Serra do Marçal, a pouco mais de 20 km do centro de Vitória da Conquista deve receber um Polo de ecoturismo a partir da construção da Barragem do Periquito, rio que nasce na região do mesmo nome e que corta a serra, desaguando no Rio Pardo, em Itambé, a 30 quilômetros dali.

A proposta, de autoria do deputado federal Edigar Mão Branca (PV), é fruto de indicação encaminhada em 2007 aos ministérios do Turismo e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O assunto voltou à pauta este mês por conta da implantação de um balneário, fruto da iniciativa privada.

Como justificativa, o parlamentar assinala que o município de Vitória da Conquista, na Bahia, é considerado um dos polos de desenvolvimento da região. Os setores econômicos que dão suporte a este desenvolvimento, segundo ele, estão na agricultura, pecuária, indústria – em especial a de laticínios –, e o comércio.

“Ocorre que, hoje, apesar da importância incontestável do município no contexto cultural e econômico, por razões estruturais, a população de Vitória da Conquista não tem opções de lazer na natureza. O que existe de lazer em termos de banhos em cachoeira, por exemplo, um hábito tipicamente brasileiro, encontra-se a mais de 20 km de distância”.

Mão Branca se refere à Serra do Marçal. “No entanto, a topografia e as condições naturais não impossibilitam esta opção. Pelo contrário, a partir da topografia natural é possível programar um espaço que permita o lazer da população, a geração de emprego e renda, e até ao aumento na produção de alimentos”.

O documento sugere que o Governo Federal, mediante ação conjunta dos Ministérios do Turismo, Integração Nacional e Agricultura, programem um pólo de ecoturismo, tomando como eixo a construção da Barragem do Periquito, na Serra do Marçal.

“Sugerimos a elaboração de um projeto que inclua a construção da Barragem do Periquito e uma adutora subterrânea (não mais que 200 metros) para abastecer o espaço ao lado da serra, permitindo um maior volume de água. Caberia também determinar os espaços de lazer, com o apoio de pousadas, áreas de campings e chalés”.

Para viabilizar a idéia, ele apresenta como alternativa a criação de uma linha de crédito especial para instalação de negócios na região. Outra adutora seria derivada da barragem do Periquito, já que existe um desnível de aproximadamente 100 metros de altura, para, assim, mais adiante, viabilizar um projeto de agricultura irrigada, estendendo-se até a cidade de Itambé.

“Neste pólo que propomos, seriam oferecidas desde as atividades de lazer mais adequadas aos grupos familiares, como piscinas naturais, passeios de barco, pesque-pague e trilhas na mata, até as atividades mais radicais, como rapel, canoagem e um teleférico”.

Mão Branca destaca, ainda, que a instalação do pólo provocaria uma grande transformação na região. “Teríamos a geração de emprego e renda e, paralelamente, promoveríamos a educação ambiental, tão necessária para preservação do lugar, bem como para formar novas consciências”.

Em decorrência da altitude já mencionada, prossegue o deputado, “o sistema ora proposto seria implementado por meio da gravidade, a exemplo do que ocorrera em Rio de Contas e Livramento de Nossa Senhora, reduzindo sobremaneira o custo do projeto. “Também não se pode esquecer, que, aproveitando a nascente de água límpida ali existente, a Cidade de Itambé seria beneficiada com o fornecimento de água confiavelmente pura, longe de dejetos e outros fatores de impureza”, finalizou.

 

SAIBA MAIS SOBRE A SERRA DO MARÇAL

 

Serra do Marçal, um acidente geográfico cortado por cerca de quatro quilômetros do asfalto da BA 263 (rodovia Conquista-Ilhéus), é um cenário inesquecível, encravado numa das regiões mais verdes e belas da Bahia.

Fica a apenas 30 quilômetros do centro de Vitória da Conquista, mas ainda é pouco explorado pelos moradores e pelos turistas, que cruzam apressados a região, rumo às praias do litoral do sul ou em viagem de negócios.

Nos últimos dias essa situação se inverteu graças à visão de um casal carioca que, em visita a serra, se encantou pelas belezas naturais e ali instalou um local de lazer, aberto ao público, com direito a trilhas, caminhadas, camping, banhos de cachoeira, bica d’água, piscina natural e barragens, todas formadas pela água do Rio Periquito, que nasce na própria serra e deságua no Rio Pardo.

Passeios a cavalo, rotas criadas pelos amantes de motociclismo e mountain bike são igualmente embalados pela agradável brisa e refrescante ao longo do dia. Quando a noite cai, o brilho da lua ilumina as montanhas e torna o cenário ainda mais romântico.

Com poucos moradores nas redondezas, o povoado do Marçal guarda histórias interessantes, como o lendário “Café sem troco”, nome dado a um bar onde os clientes degustavam um cafezinho acompanhado de requeijão, queijo, pamonha, mingau, cuscuz ou tapioca. É gostoso ouvir o relato do povo simples e humilde. São comerciantes e vaqueiros ao mesmo tempo.

Sobre o “Café sem troco”, diz a lenda que a fartura era tanta que geralmente os clientes pagavam e deixavam o troco para o dono do ambiente, como pagamento pelas gentilezas. Outros mais velhos dizem que o estabelecimento nunca tinha troco para os clientes, mas sempre tinha café quentinho.

A tradição se perdeu, mas outras permanecem, como a deliciosa galinha caipira com pirão, preparada por dona Maria da Glória, a Goi, uma das mais requisitadas cozinheiras da região. Aos domingos a serra também é ponto de encontro de amigos, famílias e jovens, que, aos domingos, acompanham jogos ao vivo pela TV e dançam ao som de artistas regionais, num pequeno palco. abcde.brasil <[email protected]>