Trem Vermelho e Trem Azul
Eu mesmo não acreditava, mas cheguei a conclusão que o senhor Lula da Silva vai fazer sua sucessora. E digo mais: Não é com satisfação que anuncio isto aqui. Não sei por que, mas não topo a senhora Dilma Roussef. A favorita do Sapo tem uns trejeitos que não me deixam nada feliz. Dizem nas rodas de Brasília, que a queridinha de Lula é de um autoritarismo constrangedor. E eu detesto gente assim: Arrogante, que dá pancada em mesa e que sempre faz prevalecer idéias com ameaças subliminares de rebaixamento funcional de quem lhe ouse contrapor. Detesto essa gente.
Qualquer um que se dê ao trabalho de avaliar nosso cenário político, com distanciamento e sem paixão, percebe que o carequinha Serra vai entrar de novo em uma fria. O competente governador de São Paulo não ganha no primeiro turno, nem que o camelo passasse no fundo de uma agulha. Por isso o trem Vermelho do PT (do qual não faço parte) vai chegar à frente do Trem Azul (do PSDB). As coisas não precisam ser medidas apenas ao sabor exato da matemática numérica, mas sim ao jogo simples e complexo da lógica.
De um lado está o competente Serra. E só. Do outro temos Marina Silva, Ciro Gomes e a antipática Dilma Roussef. Os votos de Marina, assim como os de Ciro, jamais migrariam ou migrarão para o PSDB. E, não se pode deixar de reconhecer, dona Dilma vem subindo. E como vem subindo!
Como as evidências apontam para o fato de o governador Serra não ganhar no primeiro turno, o candidato do PSDB terá que enfrentar a Dama de Ferro de Lula no segundo turno. E aí, justamente aí, é que a coisa pega. O governador terá que lutar contra o somatório dos votos de três candidatos mais um contrapeso [e bota peso nisso] da Máquina Federal. Quem acha que Lula não vai jogar pesado para fazer sua sucessora? Só o Lula, com o olhar matreiro e de pouco caso, vai dizer que não usará a Máquina para ajudar dona Dilma (e tem gente que vai acreditar, até o próprio Lula).
O PSDB e o governador Serra vão ficar furiosos. Mas vai acontecer isso. A desejada possibilidade de o PMDB vir apoiá-los na campanha ficará totalmente fora de cogitação à medida que Lula e os Vermelhos do PT, oferecerem aos fisiológicos de Sarney e Temmer, um monte de postos e cargos no alto escalão do governo. Política no Brasil é assim. Dizem que no resto do mundo não é lá também muito diferente.
Só que aqui a coisa é mais feia ainda. Criamos um expediente político, denominado “governabilidade” que é uma das mais curiosas formas de se colocar dentro de um saco uma quantidade enorme de gatos diferentes. É o famoso Balaio de Gato. Essa governabilidade, curiosamente, custa caro ao País, mas em sua composição reside um componente que acaba ajudando ao País. É um paradoxo, mas é impressionante como funciona. Tem um custo alto, claro. Mas o paradoxo é que hoje sem ela, o País não anda.
Pode parecer estranho, mas foi pela ausência dessa “governabilidade” que o País sempre teve problemas para se desenvolver como deveria. Em tempos remotos, tínhamos a polarização: “Nós” contra “Eles” e vice-versa. Ou seja, ou o sujeito estava a favor ou contra o Governo. E isso gerava a imagem de um carro de boi que tinha quatro bois puxando-o para frente e quatro puxando-o para trás. O diabo do carro não saia do lugar. Agora não. A coisa agora funciona em razão de um partido decisivo. Haverá sempre um Partido Fiel da Balança [no momento atual este é o papel do PDMB]. Prá onde ele for, vai o Poder. Ele não tem candidato próprio, mas descobriu que isso é besteira. Para estar no Poder basta negociar. E negociar muito e bem. E hajam posições para serem ocupadas.
Neste caso o Partido [PMDB] não gasta com candidatura a Presidência, não se preocupa com arrumações que lhe tragam muitos desafetos e fica sempre na situação de mulher bonita desejada por todos. Quando acaba o pleito, lá está o Partido do grande Ulisses “papando” cargos e mais cargos, ministérios e mais ministérios e o diabo a quatro. A cobrança é feita numa elegância que dá até inveja. O presidente eleito, naturalmente, fica com maioria na Câmara, no Senado e todos ficam felizes para sempre. É um País curioso este Brasil. Conseguimos finalmente, por intermédio de um Balaio de Gato, lhe dar governabilidade. Quando essa coisa denominada “governabilidade” ainda não estava aperfeiçoada, o ex-presidente Fernando Henrique chegou a esbravejar: “Este País é ingovernável”. Hoje, não, a coisa está aperfeiçoada e tem até mesada para aqueles que não conseguiram vagas para os seus apadrinhados. Custa caro, mas dá Resultados. È isso aí…