Musicalidade com Pedro Alexandre Massinha

Por Juliana Silva, Revertério

Música. Talvez essa seja a palavra que mais tem relação com a vida de Pedro Alexandre Jardim, ou simplesmente Massinha, como é conhecido na sociedade conquistense. A afinidade dele com a música é  uma herança paterna que foi ganhando força com o passar do tempo, tornando-o um dos principais produtores culturais de Vitória da Conquista.

Natural de Condeúbas, Massinha deu início a sua carreira na década de 1970, primeiramente organizando atividades esportivas em alguns colégios de Conquista. “Nas várias escolas da cidade a gente começou a fazer um movimento com a juventude de lazer, cultura e esporte.”, afirma ele. Logo em seguida, organizou festas e eventos culturais de uma densidade maior. E foram eles que impulsionaram a criação do Massicas, um dos maiores blocos carnavalescos do interior da Bahia.

O início

O bloco “Massicas” ganhou visibilidade e se projetou. Nós começamos a organizar festivais de músicas e poesias em praças públicas. Neles foram revelados os principais artistas de Conquista, digamos assim, daquela época (década de 1970) a exemplo de Evandro Correia, Nagibe, Dirlei Bomfim. Fizemos esses eventos que deram uma visibilidade e uma credibilidade muito grande ao “Massicas”.  Projetou o nome do bloco aos estudantes de uma forma positiva.  E assim, crescemos com o Bloco “Massicas” fazendo grandes realizações com o bloco na avenida e grandes shows. Naquela oportunidade quando nós começamos, nós tivemos alguns artistas famosos como o Grupo Latino, Fagner, Lulu Santos. Quando entramos na área carnavalesca, nós trouxemos pela primeira vez ao interior da Bahia, Armandinho, Morais Moreira, Dodô e Osmar.

A Micareta

Nós entendíamos que Vitória da Conquista não poderia concorrer com o Carnaval de Salvador e Porto Seguro, por isso, nós brigamos para que fosse implantada a micareta na cidade. A primeira aconteceu em 1989, e sem dúvida, ela se tornou o grande marco da festa de rua do interior do Brasil, evidentemente, excluindo Feira de Santa.  Mas a micareta tomou outro rumo quando as principais cidades do país também começaram a fazer. Então ela deixou de ser novidade, não atraia tanto ao turista, embora, continuasse forte. Algumas pessoas deixaram de fazer a festa, mas o “Massicas” continuou firme, tanto é que criamos  outro bloco, o “Miamassa”, porque víamos um espaço aberto. Porém, o mercado ficou muito competitivo dificultando a contratação das bandas. Como nós, já tínhamos uma relação estreita com as maiores bandas da Bahia, pois, nós fomos parceiras delas desde o início de suas carreiras. Então, foi essa relação de amizade que nos possibilitavam trazê-las sempre, o que acontece até hoje.

Massicas Indoor

A micareta foi perdendo o seu glamour, a sua grandiosidade, a sua potência. Alguns blocos deixaram de sair, e a prefeitura, por sua vez, recuou, ela percebeu que é muito caro fazer uma micareta. O “Massicas” também sentiu o peso dessa situação quando os camarotes começaram a ser edificados. As pessoas deixavam de sair nos blocos para ficarem no conforto do camarote. Ainda assim resistimos mais três anos, foram três anos que nos impuseram prejuízos. Estava claro que não dava mais para continuar e aí nós idealizamos a festa fechada. Não que a gente queira preterir o folião, mas nós somos uma empresa, precisamos pagar as bandas, e para pagar as bandas precisamos de gente. Se na rua não havia mais público, nós fomos procurar outra opção. Ai surgiu o “Massicas Indoor”, que é hoje uma festa consagrada. Nós já estamos em Ilhéus e Montes Claros, e aqui estamos tentando manter aceso o Axé.

Só Axé e Forró?

Vitória da Conquista é uma cidade que pensa, que age, que quer, que busca e respira música. Somos um pólo universitário, e por sê-lo queremos, também, outros ingredientes culturais. Só que precisa que esse público alternativo, dito conceitual vá aos shows, compareça, para que nós tenhamos entusiasmo suficiente para nos motivar a contratar essas bandas. Trouxemos Skank, Lulu Santos, Titãs, Cidade Negra, e com quase todas tivemos prejuízos. Infelizmente como negócio, nós trazemos o que dá retorno. Mas e o Festival de Inverno? O Festival é um evento, um conceito, por isso um público grande. É o público plural do evento que propicia a vinda do Jota Quest, da Vanessa da Matta, do Zeca Baleiro. Mas com certeza, uma banda sozinha, irá um número limitado de pessoas e não dará lucro. Nós  gostaríamos de ter direto um grande artista aqui, mas saiba leitor do “Revertério”,  que para trazê-los as exigências são enormes. Eles exigem tudo que você possa imaginar. Às vezes as letras bonitas que falam da igualdade social, falam do amor, não refletem na realidade, não refletem na logística.


Uma Resposta para “Musicalidade com Pedro Alexandre Massinha”

  1. dirceu góes

    Massinha é um dos mais respeitados produtores de eventos musicais da Bahia, além de conhecer profundamente o ramo em que atua. Ele desbravou um tempo de inovações, daí a confiança que, por exemplo, Ivete Sangalo e o pessoal do Chiclete com Banana depositam nele. Parabéns, Massinha, siga sempre adiante. Congratulações também para Juliana Silva e toda a gelara do Revertério.

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