De goleada, com placar de 10 a 2. Assim foi a definição da fórmula de disputa do Estadual deste ano, realizada em 11 de dezembro de 2009. Na época, dos 12 clubes que participam da elite, apenas Vitória da Conquista e Itabuna não concordaram com o sistema aprovado e sugerido pela Federação Bahiana de Futebol. Pleiteavam pontos corridos.
Os dirigentes da dupla Ba-Vi, por exemplo, festejaram a escolha. “Desde a temporada passada, quando perdemos por somente um voto, que defendo este modelo. É mais competitivo e equilibrado”, afirmava o então gestor de futebol do Vitória, Jorge Sampaio.
O pensamento era compartilhado pelo superintendente do Bahia, Elizeu Godoy. “O brasileiro gosta de campeonatos por fase e que tenham final. Se fosse em pontos corridos, poderia chegar em determinada rodada com o campeão já conhecido. Deixaria, assim, o torneio monótono”, destacava.
Neste domingo, 7, dia em que se encerra a etapa de abertura do certame, torcedores, dirigentes e treinadores bradam.
Incongruência – Rubro-negros e tricolores confirmaram todo o favoritismo e, com quatro e duas rodadas de antecedência, respectivamente, garantiram vaga na segunda de quatro fases. Queixas? Existem aos montes.
O caso do Madre de Deus é um dos que serve para ilustrar. O time ocupa o quinto lugar do Grupo 1, com 13 pontos. Se a competição acabasse desta forma, iria disputar o já chamado Torneio da Morte, que reúne os dois últimos de cada chave em um quadrangular, onde os dois piores são rebaixados. No entanto, no Grupo 2, com 11 pontos, o Ipitanga ostenta a quarta colocação e, momentaneamente, estaria classificado.
Para o superintendente do clube, Toinho Rezende, a situação termina sendo absurda. Por isso, agora defende os pontos corridos, que, segundo ele, premia as equipes de maior regularidade. “Seria o mais justo, não é? Porém, foi tudo votado no conselho técnico. Infelizmente, não podemos chorar pelo leite derramado”, diz.
Quem paga ingresso também reclama. Na opinião do engenheiro agrônomo Rubens Cardoso, o Baianão 2010 possui muitos estágios preliminares o que torna o campeonato cansativo. Em seu discurso, defende o formato que vigorou em 2006, quando o Colo-Colo se sagrou campeão.
Na época, os 12 participantes também eram separados por grupos, só que havia dois turnos, cada com sua respectiva decisão, percorrendo as tradicionais quartas de final e semifinal. Seus vencedores se enfrentavam na finalíssima. Se uma mesma agremiação conquistasse ambos, levantava o troféu por antecipação.
Mudanças – “Na época, a disputa foi muito emocionante. Torcedor gosta de decisões, mata-mata, mas desde o início. Lembro-me que o público era muito maior nos estádios do que neste ano”, relata. Os números confirmam a suspeita. Em 2009, a média foi de 5.615 torcedores. Em 2008, 5.264. Já em 2006, 6.511.
O estudante Carlos Santana cita outros Estaduais, Carioca, Gaúcho e Catarinense, como melhores exemplos. Coincidência ou não, em todos há decisão do campeão de primeiro e segundo turnos, com disputas de quartas, semi e finais.
O presidente da Federação Bahiana de Futebol, Ednaldo Rodrigues, declarou “gostar” do modelo do Rio. Porém, enumera possíveis dificuldades para enquadrá-lo ao Baianão 2011. Primeiro, por conta da rejeição dos times do interior. “Eles querem enfrentar todos os times. Um campeonato com várias datas. Só que o Carioca deste ano tem apenas 67 partidas, e o Baiano, 114”, alega.
Em seguida, acrescenta: “De acordo com o Estatuto do Torcedor, só podemos mudar a fórmula em 2012, já que alteramos ela recentemente. Agora, se houver acordo entre os 12 clubes, poderemos modificar, sim. Mas isto, se nenhum torcedor desaprovar e recorrer à Justiça, pois é um direito seu segundo esta própria lei”, frisa.
Degola – Entre as mudanças desta temporada, uma coisa é certa: emoção na parte inferior da tabela. Em vez de um, dois serão degolados à Segundona. O Torneio da Morte ocorrerá paralelamente ao que a FBF chama de quartas de finais. Do próximo dia 13 até 7 de abril. As informações são do jornal A Tarde