Por Cristiano Anunciação, A Tarde
A comunidade do bairro Alto da Colina, periferia de Vitória da Conquista, no sudoeste baiano, está assustada com o crescimento da violência no local.
Moradores afirmam que a situação piorou depois do assassinato do soldado da Polícia Militar Marcelo Márcio Silva Lima, 32, no último dia 28 de janeiro.
O crime, outras 14 mortes e três desaparecimentos – ocorridos em seguida e que teriam relação com a morte do policial – são investigados pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e de Investigações Criminais (Gaeco), do Ministério Público.
Os moradores contam que se tornou cada vez mais comum a ocorrência de tiroteios no bairro a qualquer hora do dia. O clima é tenso.
Muitas pessoas preferem não comentar sobre a onda de violência no bairro. As famílias vivem uma espécie de toque de recolher não oficializado no local. “É difícil ver gente nas ruas depois das 6 da tarde.
Ninguém sai à noite. As pessoas se trancam dentro de casa”, disse a dona de casa M.S.A., 45.
Nem os representantes da Associação Comunitária dos Moradores do Alto da Colina quiseram falar. “Os traficantes acham que a gente está dedurando eles”, alegaram.
“Todos os dias, minha filha me liga dizendo que teve tiroteio e pedindo para eu tomar cuidado quando chegar do trabalho”, contou a cozinheira Marinalva Pereira da Silva, 45, que termina o serviço depois da meia-noite. Ela disse que ninguém sabe de onde vêm os tiros nem quem faz os disparos.
Gangues Com a saída do bairro de M.S.S., 17, conhecido como Jararaca, um grupo de adolescentes passou a brigar constantemente pelo comando do tráfico de drogas na área. Testemunhas informam que houve um “racha”.
“Várias gangues brigam pela boca de fumo aqui. Não existe um horário certo para começarem os tiros. Isso acontece em plena luz do dia”, disse a estudante Joelma Pacheco Santos, 19. “Ninguém sabe quantos grupos são”, afirmou o capitão Selmo Luiz de Sales, que responde interinamente pelo subcomando do 9º Batalhão de Polícia Militar (9º BPM), sobre o número de grupos que brigam pelo comando do tráfico de drogas no bairro.
De acordo com capitão Selmo, a polícia tem atuado de forma ostensiva não só no bairro Alto da Colina, mas também em todo o seu entorno.
Ele preferiu não dar maiores detalhes sobre as ações policiais por questões estratégicas. “Intensificamos as ações da Polícia Militar na área com o objetivo de manter a tranquilidade dos moradores”, comentou ele.
No entanto, não é o que afirma a comunidade local. A aposentada Amélia Alves Santos, 83, reclamou da segurança.