Para por fim a violência é preciso que mudemos de atitude, só assim a humanidade será capaz de frear a proliferação das mais variadas formas de violências.
Por Eduardo Moraes
Quinta feira, 01 de abril, outono de 2010. Final de tarde, entre 17:30 e 18:00 horas, conduzia o meu veículo ao lado da minha esposa pela Avenida Vivaldo Mendes, centro da cidade de Vitória da Conquista, a mais bela, próspera, politizada e cosmopolita cidade do Nordeste brasileiro. Próximo a um estabelecimento especializado em venda de peixes e frutos do mar, o semáforo fecha e um automóvel Palio liga o sinal de alerta pára a minha esquerda, obstruindo a via pública.
Logo à frente, à direita, outro veículo, Corolla preto placa de Vitória da Conquista JRV 0… 7 avança e sinaliza que iria estacionar à minha direta, em frente ao estabelecimento comercial. Como atrás vinham outros automóveis e a esquerda obstruída por outro veículo, não me restou alternativas senão avançar. Ao avançar, parando com o sinal fechado, não foi possível uma “elegante e educada condutora” do Corolla estacionar. Ao ficarmos emparelhados, eis que a “senhora”, de dentro do seu veículo, aos berros e sem qualquer controle, passou a vociferar palavras desrespeitando o Código de Trânsito Brasileiro, todas as regras de direção defensiva, até a convivência urbana, passando a me agredir com palavras desrespeitosas: “Velho gagá, você não viu que eu iria estacionar”? Respondi: Não! A senhora retrucou: “Não sabe o que está fazendo, velho gagá? Bota um pijama e vá assistir televisão!” A minha esposa rebateu: ”O que você pensa que é? Coitada, será que está pensando que é dona da rua?” Em seguida, a toda poderosa, agressiva e despreparada motorista talvez por estar pilotando um belo Corolla preto, mas que não possuir um níquel de educação, gentileza, solidariedade, urbanidade e principalmente, respeito às pessoas, e fazendo alusão à personagem do programa Zorra Total, ”Tô pagando”, se julgava realmente dona do mundo. Ao abrir o sinal desceu aceleradamente a Rua Rotary Clube. Tudo isso aconteceu em questão de segundos. Respirei fundo, já que não vale à pena brigar com um ser humano inconseqüente como essa senhora e segui em direção ao flagelo das intermináveis filas do Hiper para quem sabe, pagar um pouco dos meus pecados.
Deste episódio tirei alguns ensinamentos: Se não fosse eu uma pessoa equilibrada, urbana, amante da vida, da boa convivência, da minha família e do amor ao próximo, o “barato” que a “poderosa” senhora resolveu tirar gratuitamente da minha pessoa, tinha tudo para sair caro.
É exatamente por atitudes intempestivas como esta que os presídios estão cheios, encarcerando sonhos, carreiras, brilhantes vidas familiares e amigos que se evaporam. Tudo isso muitas vezes por brigas inúteis no trânsito, já que tem pessoas que se transformam em feras indomáveis quando estão na direção de uma poderosa e bela máquina, como são hoje os automóveis modernos, se jogando em atitudes bestiais e na maioria das vezes sem retorno, já que quase sempre as conseqüências são desastrosas. Para mim, a vida é bem mais importante que querelas infrutíferas, já que meu principal objetivo com pequenas ações é contribuir para construir um mundo melhor.
Parafraseando a subsecretária estadual de Mobilidade Urbana do Espírito Santo, Luciene Becacici, “o desprezo às regras, agressividade e despreparo são características dos motoristas. O que a condutora pensa quando está dentro do carro é que a ela é dado o direito de ser imprudente. Para os nossos erros, procuramos muitas desculpas. Aquele que cumpre a Lei é visto como um alguém em uma posição inferior, um fraco”.
Em Brasília (DF), a tese de doutorado sobre agressividade no trânsito da cidade defendida pela psicóloga Cláudia Aline Soares Monteiro envolveu uma pesquisa com 923 motoristas. “Dos entrevistados, 84% afirmaram sentir raiva enquanto dirigem. Segundo o trabalho, quanto maior o nível de escolaridade da mulher, mais ela se irrita no tráfego. A situação é inversa para o sexo masculino. Os envolvidos em agressões de trânsito deveriam ser submetidos a avaliações psicológicas para, caso exista necessidade, realizar tratamento e ter a habilitação suspensa.
Para Cláudia Monteiro, o trânsito é um ambiente de interação social como qualquer outro. “O carro é um ambiente particular, mas é preciso seguir regras, treinar o autocontrole e planejar os deslocamentos. É um local em que é preciso agir com civilidade e consciência.
Como visto, o carro não é o escudo protetor que se supõe. Exercitar a paciência e o autocontrole são práticas cada vez mais necessárias à sobrevivência de condutores e pedestres no trânsito. Em suma o ter jamais deve sobrepor ao ser.
2 Respostas para “Agressividade no trânsito”
Francisco Silva Filho
É, meu amigo Eduardo. A “anta” lhe tirou a sua serenidade de tal forma, que você até confundiu o nome da “Rua”. Ela desceu, como disse você “aceleradamente” a RUA LIONS CLUB. Aliás, numa curiosa observação, a Rua Rotary Club (Rua lateral do Fórum), desce, assim como desce a Rua Lions Club, para no final, juntas formarem um vértice no AÉRO BAR do nosso amigo Nilton. Quanto à questão de chamar essas “preciosas” de “ANTAS, PERUAS, VACAS E OUTRAS DENOMINAÇÕES”, aqui em Curitiba, quando eu chequei há 13 anos atrás, nos ônibus havia estampado nos parabrisas trazeiros, uma campanha de educação no trânsito, onde, as pessoas que se comportavam indignamente no trânsito curitibano ganhavam alcova de “antas, peruas, vacas, hipopótamos, cavalos, burros, jegue e outros bichinhos mais, com as suas fotos bem chamativas”. Uma curiosa ação, aliás, duas curiosas ações foram ajuizadas contra o prefeito municipal, o então Cássio Taniguchi. De um lado, ofendidos(as), as pessoas ajuizaram ação popular, por estarem achando-se achincalhadas pela maneira como o prefeito e sua secretaria de transportes urbanos estavam conduzindo a tal campanha educativa; por outro lado, a SOCIEDADE PROTETORA DOS ANIMAIS ajuizou ação contra tal ato do poder público municipal, pois achava a tal “sociedade protetora dos animais” que a campanha era ofensiva aos inocentes e ordeiros animais, haja vista, não ser do comportamento dos animais tantos atos de barbárie em seu meio social, enquanto, animais que são, em relação aos seus semelhantes. A curiosidade maior: VENCEU NO TRIBUNAL A AÇÃO DA ASSOCIAÇÂO PROTETORA DOS ANIMAIS!
Amigo Eduardo, a minha experiência de vida diz que, as pessoas só dão aos outros aquilo que lhes sobram, aquilo que lhes são excedentes. Quando “aquela criatura” chamou você de tantos predicados e adjetivos incondizentes com você, é porque “ela” é que era isso tudo e muito mais inconfessáveis da parte dela, é claro!
Abraços,
Francisco – Curitiba – PR
Alex
Bem, não serve como exemplo.Mas,as atitudes dos “chefes” da nação contra o povo!.Tem muitas repercuções no cotidiano dos brasileiros`.Embora, a maioria da população estressada com esses “politícos”,resigna-se e não dá vazão ao seu sentimento de revolta.Diante de tantos desmandos!.Felizmente, a maioria comporta-se relevando os fatos.