Ao Mestre Gilberto Quadros, com carinho

“A mais potente trincheira do homem é a grandeza d´alma. Generosa como beijo de criança, aplaca o furor do ódio, quebranta a injustiça, ergue a razão.”

Ezequiel Sena

Bons escritos sempre fascinam a humanidade. As palavras ditas ou escritas por um bom narrador adquirem existência própria. Percorrem caminhos, transportando-nos, então, para um mundo de compartilhamento, de aventuras e de sonhos. Nascem personagens acompanhados tanto de problemas, como de alegrias e tristezas, tão reais que são impossíveis de serem decifrados. E não se surpreenda caso algum deles parecer tão íntimo, ou até mesmo membro da sua própria família, afinal de contas isto é literatura e literatura é vida.

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Pois bem, hoje acabei tendo a felicidade de ter em mãos o livro “PORTA ABERTA AO JUÍZO – Uma visão do mundo em pensamentos, sátiras e trovas” de autoria do nosso contemporâneo Gilberto Quadros de Andrade, pensador, escritor, poeta, empresário e político. Aproveitei para iniciar este texto com uma pequena amostra da riqueza de seu conteúdo. É como se estivéssemos conversando com o autor em um mar de mais de 1.100 frases e pensamentos em prosa simples, segura, madura e profundamente sábia. No entanto, o melhor mesmo é que o tenhamos sempre como livro de cabeceira para consulta e reflexão.   

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A cidade de Mutuípe (BA) teve o privilégio de ser a sua terra natal, mas o destino quis que a altivez de vivenciar o Gilberto Quadros, pensador, empresário, político, poeta e escritor foi Vitória da Conquista. Sua magnífica sapiência marcou presença nas questões políticas e sociais da nossa terra. Aqui viveu por mais de 55 anos, tornou-se uma figura carismática e respeitada. Dono de uma oratória brilhante e inigualável. Além de empresário, exerceu ainda a atividade de minerador. Na política desempenhou as funções de secretário municipal e vereador por dois mandatos – num deles atuou como presidente da Câmara. Em 1966 concorreu ao Executivo Municipal pelo MDB, vencendo com ampla maioria dos votos, mas por ação de casuísmo da ditadura militar, mudando as regras eleitorais após o pleito, não lhe permitiu o direito de posse.

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Recentemente, 14 de agosto de 2009, apesar do seu evidente agnosticismo, Deus o chamou para a morada eterna, mas ele deixou germinando em nossa memória a semente da notória e inegável sabedoria, ética e seriedade. Coisa difícil de encontrar no meio político nos dias de hoje. Imagino não ter sido em vão a sua escolha em fixar a sua morada em Vitória da Conquista, como também ter plantado aqui os alicerces da sua família. Mesmo porque o carinho que dispensou a esta terra durante todos esses anos afiança ser muito mais conquistense do que muitos de nós.

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Tive a oportunidade de conhecê-lo, ainda dirigindo o Hotel Globo na Avenida Régis Pacheco; homem de olhar sério, mas, sobretudo, cauteloso. Quem quisesse usufruir de uma consistente amizade tinha em Gilberto o prazeroso papo, fundamentado principalmente na lucidez e firmeza das suas palavras; pois, segundo ele, “dizer, também, alguma coisa neste mundo é importante, especialmente quando se o faz com experiência e seriedade… não posso conter os imperativos da minha consciência e sinto profunda tranquilidade nas minhas ações; isso me conduz e basta”! Com esta afirmativa não é preciso dizer mais nada. Tão direto, contundente e polêmico, eis portanto o cidadão Gilberto Quadros!