Eduardo Moraes
Parafraseando os filósofos Marx e Engels, que disseram ser a “religião o ópio do povo”, sabemos que o ópio é um grande alivio nos processos de adoecimentos dolorosos. Hoje, os números apresentados no Brasil pelos mais variados e acreditados institutos de pesquisa, sobre o acelerado crescimento do país em vários aspectos econômicos e social, como a redução da pobreza de 25,9 milhões de brasileiros que subiram para a classe C, representam mais qualidade de vida e poder de consumo.
A partir da eleição do presidente Lula, independente de estreiteza política, credo religioso, orientação sexual, ideologia ou time de futebol, é preciso reconhecer, ler, ouvir e enxergar que muito foi feito para reduzir as desigualdades sociais. Mas, ainda há muito por fazer: distribuir de forma mais equânime as riquezas produzidas pelo trabalho de todos nós, implantar a reforma agrária e a tributária, taxar as grandes fortunas, elevar os investimentos em saúde e transformar a educação, o esporte e o lazer em instrumentos de liberdade e exercício da cidadania. Tudo isso efetivamente nos dará a certeza de um País de todos, já que com essas ações políticas os jovens de hoje serão capazes de conduzirem o Brasil sustentável de amanhã.
Mas, nesse momento, fruto de uma demanda reprimida, a sensação que temos é a de que independente de classe, com a melhoria da renda, todos querem ou precisam, consumir, consumir, consumir, com a mídia incentivando cada vez mais. Esse consumo desenfreado e louco está refletido no índice apurado pelo IBGE que aponta um crescimento de 9% em nosso PIB no último trimestre. Isso se traduz em impactos importantes na vida de todos os brasileiros, especialmente no tocante à expectativa da geração de emprego, trabalho e renda e, conseqüentemente na elevação da produção e consumo. É natural que momentaneamente, haja mais lutas reivindicatórias em alguns seguimentos e um desaquecimento em outros. No entanto, isso nos obriga a não abrir mão dos nossos princípios, mas torná-lo mais amplo e apropriado a esses novos tempos.
Afinal, a oportunidade de todos em consumir, funciona como pingar algumas gotas de ópio, proporcionando prazer aos abastados e esperança às classes ascendentes antes marginalizadas, tornando a vida mais doce e suportável.