Direto da Praça

Algumas coisas da Copa

Paulo Pires

Joachin Low, técnico da seleção alemã, demonstrou ser um cara competente e nojento ao mesmo tempo. Competente  porque conseguiu dar ao seu time uma mobilidade que os alemães nunca tiveram. Nojento porque foi flagrado pelas câmeras tirando meleca do nariz (coisa que todo mundo faz). Mas pior que tirar meleca é comê-la.  O homem fez isso para o mundo inteiro assistir. Não invento nada, vocês viram. Pior de tudo foi a cena. O treinador, além de ser flagrado tirando catota (pronuncia-se com “O” fechado) do nariz, avaliou com satisfação o tamanho da bolota, fez cara de guloso, fechou os olhos e meteu-a na boca como se fosse um chiclete. Aquela foi boa… Para ele, claro. Para o resto do mundo, a começar pela apresentadora Fátima Bernardes [TV Globo] foi trágico.  Os habitantes do Planeta ficaram chocados com a porqueirice do treinador. Repugnante, grotesco!

Deixando o nojento técnico de lado, um aspecto que deve ter chamado a atenção de todos relaciona-se com a generalizada cara de pau dos jogadores. Ficou provado que embora haja diferenças culturais e sociais marcantes de um país para outro e de uma sociedade para outra, os valores morais dos jogadores de futebol dentro do campo não diferem muito. Dei-me ao trabalho de observar a matreirice e as atitudes dos atletas na disputa dos lances, com ou sem bola. Os bichos são de uma dissimulação [cinismo] que impressionariam ao mais indiferente sofista grego.

Empurram-se uns aos outros, enfiam o dedo no rabo do adversário, puxam cabelos, camisas, calções, dão cotoveladas, mas fingem não estar fazendo nada. Quando o árbitro olha prá eles, fingem cara de sonso, que são bons rapazes e que estão se relacionando cordialmente frente ao adversário. Mentira pura. Se as partidas fossem monitoradas lance a lance por computadores e estes pudessem intervir em cada falta, certamente o jogo teria o mínimo de bola correndo. É um absurdo…!

Ô bicho descarado [futebolisticamente falando] o tal do jogador de futebol. A maioria é desprovida [futebolisticamente falando] dos sentimentos mais comezinhos exigidos pela cidadania. Interessante é que alguns chegam até exibir dotes de filósofos. E embora existam esses dados ao exercício da filosofia, o que se vê no geral são coisas hilárias. Todavia ninguém pode deixar de reconhecer que os filósofos do futebol são muito peculiares. Quem não se lembra de Dadá Maravilha? O velho Dario era uma graça. Quando lhe perguntavam sobre o seu ofício, o querido centroavante sempre tinha uma resposta engraçada na ponta da língua. Ele falava de si próprio com tanta alegria que promovia graça em todos que o ouviam. Voltemos à Copa.

Se a Copa para os brasileiros não foi bacana, pelo menos tivemos alguns consolos. O primeiro foi quando a França e a Itália arrumaram a trouxa e voltaram para casa. Ah, que bom, a França foi embora. Maravilha! A Itália também se mandou, que bom!. O zagueiro Fábio Cannavaro, o maior ladrão de bola da Copa não terá direito a ir para a Final. Só essas duas derrotas nos deram um alento espetacular. Faltava ainda uma: A Argentina. Os brasileiros acordavam e viviam o resto do dia querendo saber como estavam os “hermanos”. Precisávamos de uma notícia ruim em relação a eles para completarmos nossa alegria. Não nos importava mais a vitória. O que nos interessava era a derrota de Maradona, a destruição de sua petulância, a queda dos seus jogadores metidos. Que todos fossem se lascar no quinto dos infernos. Enquanto pensávamos neles, esquecemos de nós. Seleçãozinho peba, desarticulada, sem força, sem conjunto. Treinava, treinava para Maicon ser a única e previsível jogada. Timezinho de bosta esse nosso. Tomamos um pau da Holanda e adeus Bahia. E a Argentina?

Bom mesmo foi o dia seguinte. Ganhamos a copa que perdemos. A Argentina foi goleada. Nada como sair da Copa vendo os argentinos chorando. Nossas lagrimas não são nada perto do chororô argentino. Eles choram bonito [futebolisticamente falando]. Viva a Argentina. Quatro a zero para os alemães? Viva a Alemanha. Essa Copa foi maravilhosa. Todos os adversários nossos ficaram longe da Taça. Viva a Espanha, viva a Holanda. Pela primeira vez o caneco vai ficar em um país que nunca o levou para casa. Isso é bom. Melhor ainda com os argentinos chorando. Viva a Argentina. Viva Maradona. Já imaginou Maradona sem roupa em frente a Casa Rosada?  Seria algo além do humano. Muito além. Mas não deu certo. Uma coisa não se pode esquecer: Maradona é um cara muito mais afetivo do que o nosso Dunga. Isso confere a ele um aspecto humano que o nosso treinador sempre fez questão de mostrar pouco. Por isso recebeu pouco nesta Copa. Pouco para ele é muito. E para os brasileiros [futebolisticamente falando] muito é pouco. Queremos mais. Em 2014, o Hexa ou nada!


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