Taxista fica soterrado ao tentar salvar pássaro em desmoronamento

A mais nova celebridade do bairro de Cidade Nova, em Salvador, é um senhor boa praça, de sorriso fácil. S. Edelson passou o dia recebendo telefonemas e cumprimentos. A façanha dele? Ter sobrevivido ao desabamento de um prédio de três andares.

O imóvel, onde funcionava um bar, desmoronou às 20h40 da última terça-feira (13), apesar do esforço do dono e de amigos, que ainda tentaram escorar a laje do terceiro pavimento. Só uma pessoa não conseguiu escapar antes do prédio cair.

O taxista Edelson dos Santos, de 59 anos, e um outro amigo tentaram ajudar a escorar a laje. Ele só não saiu junto com os outros porque, segundos antes do prédio desabar, decidiu ir até os fundos do bar para buscar um passarinho numa gaiola e acabou preso debaixo de toneladas de concreto e tijolos.

Após quatro horas e meia, os bombeiros conseguiram retirar S. Edelson dos escombros. Ele não teve ferimentos graves e ainda conseguiu salvar a vida do pássaro preto, que pertence ao dono do prédio que desabou.

S. Edelson só se salvou porque ficou preso entre dois freezers, que evitaram que ele fosse esmagado pela laje. Duas casas vizinhas foram atingidas no desabamento. Os moradores de uma delas, de três andares, vão ter que deixar o imóvel temporariamente a pedido da Defesa Civil. A residência talvez tenha que ser demolida. A Defesa Civil falou sobre as causas do acidente.

“Temos que considerar dois fatores. Um é o problema construtivo, que foi feito sem acompanhamento técnico, e o outro foi ampliação que estava sendo feita no último pavimento, que pode ter causado uma sobrecarga e ele não foi projetado para isso, provocando o desabamento”, avalia José Carlos Palma, engenheiro da Codesal.

Para o dono do prédio, que admitiu ter construído o terceiro pavimento sem acompanhamento de especialistas, ficou o alívio por não ter perdido o amigo Edelson.

“Felizmente não aconteceu o pior, só tive mesmo danos materiais”, fala aliviado S. Graciliano dos Santos, comerciante.

S. Edelson e o pássaro estiveram nesta quarta-feira (14) no Bahia Meio Dia. O taxista falou sobre a aflição de ter ficado soterrado.

“É muito triste, faz muito calor, o pessoal fala lá fora, enquanto você grita e ninguém lhe ouve”, conta. “Tô passando muito bem, graças a Deus. Salvei o preto, Deus me salvou e a vida continua”, conclui. As informações são do BATV.