Bananas estragadas

Por Edvaldo Paulo de Araújo

Outro dia ia em direção ao fórum, passava pela rua que vai da Siqueira Campos a Praça Rotary clube,em Vitória da Conquista-Ba, onde moro, um homem me chamou atenção.Primeiro pelo estado triste e deplorável completo do seu estado, roupas imundas e a mais completa sujeira.A impressão que dava era de que devia ter muito tempo que não tomava um banho e o pior com um pacote de bananas estragadas, que remexia e tentava comer.

Parei de uma certa distancia e fiquei observando a todos que passavam e seus mais variados comportamentos e o principal era o de virar o rosto e seguir o seu caminho. Durante o tempo que fiquei observando vi pessoas das mais variadas religiões e o que mais me chamou atenção, foi um moço ainda jovem com um volume da bíblia debaixo dos braços,caminhava orgulhosamente, como que ostentando um troféu, passou,olhou e seguiu em frente como se algo normal, natural fosse aquele pobre homem naquela situação.

Fiquei pensando no que estávamos nos transformando!Onde está indo o nosso sentido da compaixão?No que afinal estamos nos transformando?Estamos perdendo o sentido de nos indignarmos com as mazelas desumanas e injustas.O consumismo, a luta diária, o corre-corre,as responsabilidades, os mau exemplos, estão tirando a  nossa sensibilidade, que é algo grandioso de nós humanos.

Me lembrei da Da.Nede Araújo, Francisco Paulo,Da.Helena Araujo, Dora Araujo, de Da. Maria de Veredinha, que com certeza daria uma providencia para ajudar o pobre coitado.Lembrei de Da.Cira Pesce, que sem a menor dúvida, faria um belo prato de macarrão com galinha e não deixaria o pobre moço comer algo tão doentio e nojento. Lembrei tambem de tio Toi, que imediatamente entraria em sua “venda”, prepararia uns pães com queijo, um bom guaraná antártica e não deixaria ninguém comer aquilo. Me lembrei de Da.Zau, que o levaria para casa ,botava ele para tomar um banho, arrumaria umas boas peças de roupas o deixaria novinho e após tudo isso, o indagaria de onde ele era,filho de quem, de que família, lhe daria umas broncas mesmo que ele não entendesse, falaria das graças de Deus, da bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo, após faze-lo comer um delicioso prato de comida.

ONDE ESTÁ O EXEMPLO QUE PESSOAS COMO ESSAS, PASSARAM PARA NÓS????

Sei que todos conviveram com pessoas assim!

Alguns anos atraz, entre tantas lições de aprendizado que  Fernando Nascimento me passou, uma que nunca esqueci.Um certo dia, Fernando vinha de um jantar na casa de um amigo em Ondina, Salvador.Como era perto do chame-chame onde ele morava, resolveu ir e vir caminhando.A rua já silenciosa,com alguns trechos de parca iluminação, viu a uma certa distancia um homem com uma sacola no mesmo lado em que ele, trocou de lado e o homem também. Era um costume de Fernando andar com um pacote de dinheiro no bolso, não gostava de cartão e nem cheque, procurou ficar calmo e se preparou para ser assaltado.O homem para na sua frente,pede a sua atenção, lhe relata uma triste situação, que muito acontece no nordeste brasileiro, pessoas que são retirantes com suas famílias, em função da seca e procurando lugares melhores para sobreviver.A fome era a grande companheira daquele homem e sua família, no seu relato disse só ganhar “pão velho e duro”! Fernando tirou todo o dinheiro e entregou aquele homem.Dom Carlos Fernando, como eu o chamava, disse,se ele me assaltasse com uma arma não entregaria tudo? Ao me sentir aliviado e agradecido por não acontecer o que previa, nada melhor do que entregar todo o meu dinheiro ao pobre homem, que satisfeito disse,”hoje a minha família vai comer direito”.

Pensei muito nessa situação e nesse exemplo, passei a agir de forma diferente, toda vez que alguém me pede comida, me diz que tem fome, faço de tudo para que aquela pessoa tenha uma refeição decente. Recomendo as pessoas que trabalha na minha casa, para nunca,jamais negar um prato de comida a quem pede.Tomo algumas atitudes, dentre elas, andar sempre com algumas feiras no fundo do meu carro para socorrer pessoas que as vezes encontro na mais absoluta dificuldade para comer.

Fico alegre esperançoso, quando vejo Juarez Domingues, Maria Clara Bugarim, Martonio Coelho, lançar uma grande campanha a nível nacional de ajuda aos desabrigados em Alagoas e Pernambuco .Fico feliz quando acompanho nos Estados Unidos, uma policia que cuida do bem estar dos animais, prendendo e processando pessoas que maltrata os animais e me pergunto, quando vamos chegar a esse estagio?

Um dado lamentável sobre voluntariado enquanto só 3-tres- por cento de nós brasileiros, fazem algum tipo de trabalho voluntariado, as nações mais desenvolvidas ou do nosso porte 70% -setenta por cento – das pessoas de suas comunidade,s fazem algum tipo de trabalho assim.

Não podemos perder o nosso sentido de humanidade. Não podemos esquecer que uma das mais belas virtudes humanas é a bondade e amor ao próximo.Não podemos nos perder, senão a nossa estrada será mais longa, até aprendermos o que nosso Senhor Jesus, filho de Deus, nos ensinou.

Socrates,um maravilhoso pensador que viveu na Grecia a 380 anos antes de Cristo, nos diz que a vida só se justifica se não nos omitirmos diante dela.Ou também que não basta passar pela vida,mas que a vida passe por cada um de nós.


7 Respostas para “Bananas estragadas”

  1. eliane

    Gostei muito do seu artigo,seria bom se todas as pessoas resgatessem o amor ão proximo…e artigos como o seu nos faz refletir em relação ão amor e a caridade.Parabéns por nos alertar a voltar a nossa condição de seres humanos!!!!!
    Abraços!!!!!

  2. PAULO PIRES

    Grande Edvaldo Paulo de Araújo:

    Parabéns pelo texto e mais ainda pelo seu Humanismo. Reafirmo que seu senso de Filantropo há muito é perebido em nossa Sociedade. Principalmente por aqueles que tem a honra de estar próximos à sua companhia. Nossas atividades laborais nos distanciam, embora estejamos no mesmo campo de atividade. Eu ajudando aos jovens em se transformarem em Acadêmicos de Contabilidade; Você, ajudando-os a se tranformarem em competentes Profisisionais dessa gloriosa Função.

    Mas a distância não impede de eu dar o testemunho de sua surpreendente generosidade. Sempre acompanhei com alegria seu emprenho diário para que tenhamos um Mundo Melhor.

    Dez prá você.

    Continue sempre assim.

    Saudações aos seus “meninos” e demais familiares, extensivas ao nosso venerável amigo Hamilton Nogueira e família.

    Do velho amigo

    Paulo Pires

  3. PAULO PIRES

    No recado anterior, a palavra “percebido” saiu como “perebido”. Falha do apressado autor.

    Minhas desculpas

    Paulo Pires

  4. Pablo Luz

    Surpreendente o fato de estar munido de feiras para socorrer eventuais pessoas na rua e com fome, mostra que você fala e também faz. O que conta para mim e o aspecto da atitude diante das coisas e não o que se fala. De fato eu estava esperando a parte do texo em que você fosse fazer a diferença. Este é o texto que merece ser lido por muitos!
    Outro dia estava com um casaco que não usava. Um colega percebeu o desuso e começou a usa-lo e não me incomodei já que ele me pediu. Bem que eu poderia dá-lo mas ele, além de não merecer, não precisava! Pedi o casaco de volta e dei para uma pessoa desabrigada dessas citada no texto acima. Para um o casaco não era necesário para o outro era o oposto.
    A vida de uma pessoa sensível a essa necessidade do outro as vezes é tão corrida que ela mesmo tendo senso de solidariedade não exercita.
    O que é melhor nesse gesto é que não me senti ‘tãããão’ orgulhoso assim com minha atitude como sinto quando me supero. Éra uma questão de justiça.
    Atitude como a de Edvaldo deve ser feita sempre que pudermos fazer.
    Abraços Para ele e o ILUSTRÍSSIMO PAULO PIRES!!!!!

  5. alex

    Poucos são os que ainda se importam, e ficam inquietos diante de uma situação como a supracitada neste texto!E ainda outros, preferem sequer comentar a respeito!.Mas, voce expressou seu sentimento diante do quadro,com um texto emocionante , compassivo e ao mesmo tempo – Um protesto, pela insensibilidade demonstrada por muitos mediante aquele quadro!.A impressão é que inconscientemente somos doutrinados,a pensar – Não é problema meu, potanto,outro se digne a soluciona-lo!.Esquecem porém( o caso do rapaz com a Bíblia), onde está escrito dentre outras recomendações:”Melhor é dar, do que receber”

  6. valtemiran Cardoso

    Edvaldo,
    Foi muito prazeroso ler esta sua narrativa, não me surpreendi quanto a sua generosidade pois já o conheço e sei que você é assim. Fiquei emocionado quando você fala em pessoas que muito da vida nos ensinou, entre elas Dona Nede, pessoa que Deus me deu a oportunidade de conviver. Continue com seus artigos, pois terei o prazer de acompanha-los.

    Abraço do amigo, Cardoso.

  7. Rita Santos

    Parabens Edvaldo!
    Um recado para o Sr.Pablo Luz, o autor foi bastante inteligente para não dizer o que fez e ai esta a sua gradeza.Jesus o mestre, nos diz o que darmos com a mão direita a esquerda não pode ver.Essas coisa caro senhor não podemos ficar tocando trombetas isso é para os “sepulcro caiados”.
    Parabens Edvaldo

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