Por Paulo Pires
Se os programas eleitorais continuarem como estão, não tenho dúvida que ao chegarmos em 03 de outubro, todo mundo estará maluco. O sujeito chega em casa e depois do banho e refeição liga a televisão. Terminam os programas de jornalismo e lá vem o Programa Eleitoral. Pronto, agora começa o momento de piração. Todos nós temos momentos de inspiração, de transpiração e de piração. Este último ocorre quando assistimos ao Programa Eleitoral. É um momento ímpar, cheio de contradições. Fatos imprevistos [também antevistos] e muitas vezes revistos. Os programas são feitos para deixar todo mundo louco, alienado, idiotizado, pirado.
A pessoa que assiste a eles fica impressionada com a uniformidade das propostas. Todos os candidatos falam a mesma coisa. Alguns, como o Sr. Levy Fidélis exageram um pouco. Aliás, em matéria de promessas o Sr. Fidélis apresenta as melhores. Não há ninguém como ele. O homem promete o maior e o melhor dos mundos. Salário mínimo de não sei quantos mil reais, férias de não sei quantos dias, isenção de quase todos os impostos e um depósito mensal de mil reais para todos os estudantes. Em relação aos mil reais que promete é que, diz o candidato, ao concluírem o curso técnico ou superior cada formando tenha uma poupança que lhes possibilite montar seus próprios negócios. É uma idéia muito boa. Um pouco utópica, mas, convenhamos, boa. Por causa dessas promessas, entro em devaneios e quase esqueço meu voto para Marina.
No Paraná a briga pela governadoria está engraçada. No programa de Osmar Dias (PDT, apoiado por Lula) aparece o Beto Richa (adversário do PSDB) elogiando o Osmar. O candidato Beto se vingou colocando um vídeo sem data [mas que na verdade é de 2006 ou 2008] onde Osmar aparece elogiando-o. Entendeu? No programa de Osmar aparece Beto dizendo que Osmar é que é o Bom. No de Beto é o inverso: Osmar aparece dizendo que Beto é que o tal. Durma-se com um barulho desses. O povo pira.
Na Bahia, olha o Lula na TV dizendo que Gedel é o bambambam. O filho de seu Afrisio, Gedel, fica todo prosa. No minuto seguinte aparece o mesmo Lula dizendo que Wagner é seu irmão, que a Bahia tem que votar nele, galego bom, amigo de muitas lutas e outros quaisquaisquais. Daí a pouco olha o Lula de novo dizendo que Dilma só fará um bom governo se os baianos votarem em Lídice e Pinheiro para o Senado. No momento seguinte o mesmo Lula reaparece na telinha agradecendo e enchendo a bola de César Borges. O povo enlouquece. Finalmente qual deles é o melhor? Se fosse pelo que está na televisão todos teriam votos. Mas como a realidade exige que só um presidente, um governador, dois senadores e dois deputados sejam eleitos, a escolha fica difícil.
Em outros estados, principalmente no nordeste, a eleição anda meio insípida. Nesta região, em se tratando de política, o estado de Pernambuco parece ser o mais sem graça. Dilma tem quase 90% dos votos e o candidato à reeleição para governador Eduardo Campos [coligado de Lula] tem quase isso também. A briguinha fica por conta dos candidatos ao Senado. Tudo indica que o ex-ministro da saúde Humberto Costa fica com uma das vagas. A outra está sendo disputada pelo empresário Armando Monteiro, e pelo fleumático Marco Maciel, que curiosamente pediu ao candidato a governador Jarbas Vasconcelos para “descolar” dele. Jarbas muito civilizadamente e consciente da fragorosa derrota que sofrerá nas urnas, deu sinal verde para o velho senador. O Sr. Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB, senador e agora pleiteando uma vaga na Câmara Federal, está em pânico. Esta semana não agüentou e colocou em sua propaganda retratos antigos onde aparece ao lado Miguel de Arraes (uma lenda na política pernambucana e brasileira). Arraes para quem não sabe é o avô do atual governador, Eduardo Campos, adversário de Guerra. O povo fica pinel.
Em São Paulo Geraldo Alckmin [PSDB] vai dar uma cacetada no antipático senador Aloizio Mercadante [PT]. A disputa acirrada vai ficar por conta das vagas para o Senado. Tá um bololô dos diabos na Paulicéia. Essas eleições vão deixar todos pirados. Em Vitória da Conquista elas [as eleições] servirão para informar aos candidatos, como dizem os paulistas, quem tem café no bule, ou como se fala no nordeste, quem tem farinha no saco. Eu, que não tenho café no bule ou farinha no saco, fico de longe, de camarote, assistindo a peleja. Ah, como é bom não ser candidato. Ah, como é bom não pleitear nada…
Uma Resposta para “Direto da Praça”
alex
Observações pertinentes!.