Quando chega o mês de dezembro, mesmo para quem não professa a fé Cristã, sente que é difícil não se contagiar com o clima festivo que domina as cidades. Não restam dúvidas que há uma espécie de mobilização emocional maior do que em qualquer outra época do ano. Queiram ou não, o espírito natalino é, tradicionalmente, um período de sensibilidade, como também de excessos. A agitação nas ruas ganha fôlego renovado com os enfeites e decorações, uma ostentação onírica de cores, luz e esplendor. Parece que a felicidade renasce e seduz. Muitos reatam amizades, outros revigoram relacionamentos e se emocionam fraternalmente. De fato, isso é o reflexo da mais pura magia do ‘Espírito do Natal’.
Claro que é justo este ritual se repetindo a cada ano, uma vez que o dia 25 de dezembro simboliza o prenúncio da mais perfeita festa da vida – a chegada do redentor e salvador do mundo Jesus Cristo. Uma celebração fundamentalmente religiosa, memória de um evento de consagração da paz na terra como fruto de justiça, da fraternidade e do respeito à essência humana. Evidente que o Natal, por si só, não traz felicidade, contudo nos faz mais sensíveis e receptivos, especialmente em relação aos amigos e as nossas famílias.
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Alias, não chega a ser novidade ouvir alguns dizerem que o Natal representa uma violenta promessa ao martírio. Um momento de febre ao consumismo exagerado; da volúpia utópica que faz aflorar o fingimento revestido de hipocrisia, ao imaginarmos generosos e felizes. Também é natural escutar alguma coisa do tipo: ‘os caridosos de plantão’ só fazem alguma coisa solidária nesta época. Tudo bem! Há muita gente assim. E daí? O que importa isso? Que façam, ainda que seja uma única vez a cada ano; afinal de contas a falsa devoção e a dissimulação estão presentes em nosso cotidiano, notadamente no cerne das religiões, em todas, sem exceção. Ainda assim cabe a reflexão: E o que foi que eu fiz?
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Por outro lado, penso que não existe nada de censurável com o convencional e amplamente propalado sistema de comprar e vender. Pelo contrário, em um momento de festa como este, o consumo é parte essencial do bom funcionamento da economia, eleva a auto-estima das pessoas e proporciona alegria e prazer à vida. Em oposição a isso, creio que muitos de nós, muitas vezes, nos comportamos como donos da história. Mas a questão em si não é o consumo e sim o exagero que está incorporado a nossa cultura, sendo praticamente impossível mudar. Talvez a humanidade nunca estivesse tão necessitada de rever seus caminhos, como agora, até porque as sedutoras ofertas de banalidades, ideologias e mitos são imensuráveis.
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Neste ambiente de festa, alegria e fé, desejo que o Mistério de Luz – celebrado com o aniversário do redentor da humanidade –, nasça verdadeiramente no coração de todos, e que a divina simplicidade de Jesus Cristo esteja presente no dia a dia de todas as famílias. Um Feliz Natal e Um Ano de muita paz!
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