Opinião: Além dos movimentos

Por Alberto Marlon

Um breve relato e algumas considerações. Em 2004, um grupo de estudantes, com apoio indireto de alguns professores, reuniram-se em um local fora da universidade. A pauta era: assistência estudantil, especificamente a carência de uma residência universitária no campus da Uesb de Vitória da Conquista. Deliberou-se pela ocupação de um módulo inacabado. Tal construção destinava-se às instalações da rádio e TV Uesb. Seguiram-se outras reuniões – em segredo – e, no dia combinado, uma verdadeira tropa, armada de barracas, colchonetes e comida, desembarcaram na Uesb e se instalaram no prédio abandonado. A partir daí a mobilização era diária, com assembléias dentro do campus, almoço coletivo na sala da reitoria, panfletagem e visitas às salas de aula. Os dias se passaram e  houve reações, especificamente por parte do pessoal administrativo e de uma parcela da comunidade discente.  A oposição ao movimento publicou panfletos – alguns de cunho preconceituoso e sensacionalistas -, comentava-se que na ocupação só tinha um bando de desocupados, “putas e maconheiros” segundo os mais incisivos, e houve uma tentativa de desocupação forçada, através de seguranças da Uesb, do módulo onde estavam acampados os estudantes. Descobriu-se até um “espião”, a serviço da oposição, morando entre os ocupantes.

O ápice do confronto se deu com uma liminar, emitida pela Justiça, na qual dizia que os manifestantes deveriam desocupar o prédio imediatamente – o nome de seis docentes era citado na referida ação – sob pena de multa diária de R$ 1.000,00, acrescentados de possíveis processos criminais. Somado a isso, cargos e colocações dentro da estrutura administrativa da Uesb seduziam os nomes mais proeminentes do movimento. Alguns, assustados ou seduzidos, sumiram, como que abduzidos por alguma raça estranha. A paulada estava dada e a mesa de negociação começou a funcionar. Acertou-se a desocupação, com a contrapartida da construção de um prédio que se destinaria à residência universitária. Acertaram-se datas… Seguiu-se a eleição do DCE (órgão representativo dos estudantes) com a consequente vitória da chapa encabeçada por figuras ligadas ao movimento. A partir disso, com a saída de muitos estudantes – a formatura sempre chega para a maioria -, o gelo do esquecimento pairou sobre as brasas da revolução. O tempo foi passando, o prédio da residência universitária teimava em não sair do papel e a população do módulo ocupado,  “residencia” para alguns, minguou a parcos 3, 4 ou 6 habitantes. Houve uma nova negociação e a reitoria conseguiu retomar parte do prédio, onde foi improvisada a TV Uesb. Por fim, em 2008, quatro anos após a efervescência inicial, foi inaugurada a Residência Universitária da Uesb, campus de Vitória da Conquista.

Após este pequeno regresso ao tempo (bem resumido, com a omissão, intencional, de nomes e datas – levando em conta o caráter urgente e pouco lapidado deste relato ), ficam algumas observações: todo movimento, com a autoridade de uma causa justa e que conta com planejamento, tende a crescer e conquistar amores e ódios. O movimento estudantil carece de uma perenidade, pois a própria condição de estudante é algo transitório – estes se formam e vão embora. Nota-se também que se vive em uma época órfã de ideologias e bandeiras, de forma que, na melhor fase da vida – juventude, fase de descobertas e de abraçar os mais nobres ideais –, ao nos depararmos com pessoas imantadas em causas, tendemos a nos associar ou fazer oposição. É forçoso salientar também que, nestes momentos, nos embalamos e festejamos – nada de condenável nisto. Então, resumidamente, as mobilizações estudantis, além de serem grandes regojizos pro espírito, são formas de mudar a sociedade, desde quando bem articuladas e planejadas, do contrário, podem cair na vala comum dos folguedos momentâneos, serem mal interpretadas e fadadas a caírem no esquecimento após a baixa da febre.

Com relação aos últimos episódios, envolvendo as manifestações de estudantes da Uesb, é mister algumas observações:

1- A despeito de alguns comentários (No Blog do Anderson), o blogueiro não pode ser tachado de mal profissional ou tendencioso, ele apenas veiculou uma opinião, assim como tem veiculado notas do Movimento.

 2- Caso se prove que uma pessoa, apenas uma, deixou de ter atendimento médico, ou teve que fazer o trajeto a pé para casa, ferindo seu direito de ir e vir, a própria essência dos protestos caem por terra, pois estão incorrendo em “requintes de ditadura”,  algo contraditório em uma democracia, condição sem a qual nem existiria movimentação de estudantes.

 3 – Por último, me posiciono (com algum embasamento, pois faço parte da comunidade acadêmica desde 1997, já presenciei e encampei protestos, bem como nunca fiz parte dos quadros funcionais da instituição): Concordo com a maioria das afirmações da “Aluna da Uesb” ( o anonimato é um direito garantido em lei – o blog não está errado em preservar sua fonte). Por isso, como jornalista, pretendo ver até onde tais acusações fazem sentido. O que tenho notado, pelo que leio em redes sociais, é que há uma defesa – apaixonada – do Movimento, assim como excessos verbais contra pessoas em particular e contra o jornalismo da cidade. Observo também certo receio de alguns setores em questionar movimentos estudantis – ridículo o pedido de perdão do diretor do Surte, por supostos “excessos” cometidos, no ar, por radialistas da Rádio Uesb.

A direita sempre foi unida, come quieta. O problema da esquerda é que esbraveja, é pouco unida, utopicamente fora desde mundo e, por vezes, acreditando ser a portadora do bem, flerta com o fascismo e fuzila opositores, não raro levando também ao paredão os seus.

Meus caros, é muito louvável a iniciativa e a atitude de mobilização. Defendo que a boa guerra é a bem planejada, sem arroubos e precipitações. Há de se ter também um sentido histórico para a coisa: em regimes democráticos deve-se respeitar a diversidade, existem os que são contrários e não se deve – sob o risco de cair no fascismo – sermos intolerantes para com estes, nem tampouco desmerecê-los e eliminar seus discursos. A direita come quieta, comem desde a época da colônia, por vezes, sob o clamor popular, pedem perdão e, assim que as coisas estiverem calmas, voltam a usar o chicote.     

Alberto Marlon / Jornalista 


20 Respostas para “Opinião: Além dos movimentos”

  1. Marcelo Pontes

    Não é díficil provar os desrespeitos e intimidação sofridos pelos pacientes, moradores do Santa Marta e funcionários da UESB. Tentei passar pela universidade quatro vezes, em uma delas havia um professor de São Paulo que precisava entregar uma documentação e foi barrado.
    Os estudantes bateral com as mãos no meu carro, vaiaram e xingaram palavras de baixo calão. Não posso mentir dizendo que fui ameaçado verbalmente, mas me senti em perigo ao ver os pedaços de pau com os manifestantes.

  2. Larissa Pereira

    Bela análise. É preciso repensar a prática para não ser alvo da contradição e ferir valores e ideais que tanto se acredita.

  3. Souza

    Venham conhecer o movimento estudantil! Antes de ler os delírios que são postados nesse blog perguntem a algum paciente se ele foi barrado, pergunte aos moradores do Santa Marta. Faço o convite, venham e venham, o movimento estudantil e o MST vão estar de braços abertos para recebe-los.
    #MobilizaUESB e #MST Juntos em busca de um novo tempo na Bahia!

  4. Ana Freitas

    Por que os verdadeiros mentores do grupo nao dao as caras? Mostre-se Psol, mostre-se PSTU… pq se escondem atras da ingenuidade estudantil? O Museu demagogico esta em peso conduzindo o movimento, os alunos estao sendo usados para tentar dar forças a grupo um politico na UESB! O Grupo do rancor e do ódio que pregam tao puros valores, mas utilizam-se dos seus estudantes como massa de manobra! Estudante nasceu pra isso mesmo! Quando nao é massa da reitoria… é massa do grupinho demagogico.. ou do governo! Acham-se tao intelectuais os doutores alunos de Pás nas mãos…e não percebem o que é logico.. pq nao entendem patavinas da política dentro da universidade! Meu total apoio aos estudantes, desde que estes Possam agir por si e não acataram o que dita os alunos condutores da assembleia que sao ensaiados por dererminados professores! ACORDEM!Lembrem que os mesmos dirigentes atuais do movimento destruiram o DCE da UESB, quando foi todo emregado na reitoria! ACORDEM!

  5. ferraz

    Estive no movimento e o que eu vi foi realmente o q o meu colega Alberto Marlon colocou.Ontem uma aluna da agrotecnica que estava de amuletas foi barrada de passar para poder assitir aula,sendo que dentro da propria universidade existe uma Escola,isto feri ou não feri o direito de ir e vir das pessoas?Temos que repensar sim, os rumos que o movimento esta tomando.

  6. denilsom

    Hoje estava no ônibus cinversando com Um senhor que estuda no CETEP, que fica dentro do campi da uesb , Vitória da conquista, e ele me disse que está sendo proibido de de assistir aula porque os estudantes não deixam ninguém entrar na Uesb.O pior é que as aulas do CETEP começou com mais de 40 dias atrasadas, em virtude de uma reforma que estava sendo feita.Vale ressaltar que os cursos técnicos do Cetep , não tem nenhuma ligação com a UESB, daí não é justo que eles fiquem impedidos de assistirem aula,perca o semestre por uma causa que não é deles.Eles não são obrigados à aderirem a nossa causa.

  7. Marília

    Só uma correção, o anonimato não é garantido em lei, pelo contrário, ele é proibido pela Constituição Federal.

    art. 5º. IV. é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.

  8. jornalista

    Mais um texto superficial, daqueles que falam, falam e não dizem nada… Pior: fica na discussão ultrapassada sobre disputa ideológica “direita x esquerda”, e não vai na ferida real do problema.
    Alberto, seu texto peca em várias questões (técnicas), mas duas me chamam a antenção agora: troca a palavra docente, quando na verdade foram discentes processados (segundo parágrafo). Grave erro jornalístico o seu!
    E outra: é quando você erroneamente legitima o anonimato da estudante da UESB com o falso argumento de que o fato deste blog preservar a fonte tem garantia na lei.
    O artigo da tal aluna se encaixa no gênero opinativo. O seu argumento de que a lei garante o anonimato vale pro jornalismo informativo. Além disso, não sei se você sabe, mas, no jornalismo, seja de qual gênero for, fonte é um meio e não um fim. Portanto, a fonte, como parte do processo de produção da notícia, tem anonimato assegurado pela lei. E nem mesmo assim, é tão usado no jornalismo porque compromete a credibilidade do veículo. Imagine então quando um anônimo assina um artigo opinativo…

  9. ferraz

    O movimento decidiu por cerca de 4.500 em assembleia hj que entrariam em greve tmbm os estudantes!Q movimento é esse q com no minimo de 60 pessoas presentes decidem a vida de todos?Isto esta sem controle,qualquer pessoa que se manifeste contra é duramente criticado,será que não temos mais o direito do livre pensamento?

  10. Sérgio

    Direito de ir e vir é relativo. Se o cidadão de muletas (e não “amuletas”), ou doente, ou médico, ou quem quer que seja, não tiver dinheiro para pagar o pedágio, não pode passar pela BR-116. Ponto. Não tem choro nem vela, nem negociação. Não passa e pronto. O governo justifica esta limitação com a melhora das rodovias (e o $$$ vai para o bolso das concessionárias). Os estudantes fazem o bloqueio (nem um pedágio é, porque eles não cobram nada) pela melhora nas condições de ensino na UESB. Parece-me uma causa mais justa que a do governo. Mas, como a nossa sociedade não valoriza a educação, não me espanta o fato das pessoas se indignarem com o protesto dos estudantes por uma educação de qualidade, e por condições dignas de estudo.

    Com relação aos “inconvenientes” da manifestação. Se os estudantes fizerem uma ocupação dentro da UESB, também estarão infringindo a lei de alguma forma. Vamos ser realistas. Qualquer tipo de manifestação feita por qualquer grupo sempre vai incomodar alguém ou algum grupo, em maior ou menor grau, de alguma forma. Este é o princípio básico de qualquer manifestação. Se não incomodar, não é manifestação. Quanto mais incomodar, mas repercussão terá.

    Com relação aos grupos e interesses políticos. Vivemos em sociedade, e portanto eles estão em todo lugar. É ingenuidade achar que é possível se afastar deles, e está fadado ao fracasso o movimento que pensar dessa forma. É obrigatório saber lidar com estes interesses e grupos, e usá-los para atingir os objetivos do movimento. Relacionar-se com tais grupos não é desonesto. Desonesto é submeter o movimento aos interesses de tais grupos.

    Quanto à passagem pelos “bloqueios” dos estudantes, o que posso dizer é que não tive problemas. Suponho que aqueles que chegam no bloqueio com duas pedras em cada mão, já com a postura de “quero passar e que se dane”, realmente serão mal recebidos. O diálogo, com tranquilidade, é muito importante. Estive na UESB várias vezes desde a última terça-feira (quando começaram os bloqueios), e os alunos da Sérgio de Carvalho (CETEP/Agrotécnica) pelo campus, logo falta com a verdade quem diz que eles estão sem aula por conta do bloqueio.

    Lamentável também a atitude dos senhores “jornalistas” da rádio UESB, que quiseram passar pelo bloqueio de qualquer jeito, e depois, abusando do poder que lhes dá os seus respectivos microfones (sob o manto da autoritária e anti-democrática “liberdade de imprensa”, pois só existe para quem tem acesso a um microfone), saíram com um monte de tolices imaturas sobre o movimento estudantil.

  11. Sérgio

    Direito de ir e vir é relativo. Se o cidadão de muletas (e não “amuletas”), ou doente, ou médico, ou quem quer que seja, não tiver dinheiro para pagar o pedágio, não pode passar pela BR-116. Ponto. Não tem choro nem vela, nem negociação. Não passa e pronto. O governo justifica esta limitação com a melhora das rodovias (e o $$$ vai para o bolso das concessionárias). Os estudantes fazem o bloqueio (nem um pedágio é, porque eles não cobram nada) pela melhora nas condições de ensino na UESB. Parece-me uma causa mais justa que a do governo. Mas, como a nossa sociedade não valoriza a educação, não me espanta o fato das pessoas se indignarem com o protesto dos estudantes por uma educação de qualidade, e por condições dignas de estudo.

    Com relação aos “inconvenientes” da manifestação. Se os estudantes fizerem uma ocupação dentro da UESB, também estarão infringindo a lei de alguma forma. Vamos ser realistas. Qualquer tipo de manifestação feita por qualquer grupo sempre vai incomodar alguém ou algum grupo, em maior ou menor grau, de alguma forma. Este é o princípio básico de qualquer manifestação. Se não incomodar, não é manifestação. Quanto mais incomodar, mais repercussão terá.

    Com relação aos grupos e interesses políticos. Vivemos em sociedade, e portanto eles estão em todo lugar. É ingenuidade achar que é possível se afastar deles, e está fadado ao fracasso o movimento que pensar dessa forma. É obrigatório saber lidar com estes interesses e grupos, e usá-los para atingir os objetivos do movimento. Relacionar-se com tais grupos não é desonesto. Desonesto é submeter o movimento aos interesses de tais grupos.

    Quanto à passagem pelos “bloqueios” dos estudantes, o que posso dizer é que não tive problemas. Suponho que aqueles que chegam no bloqueio com duas pedras em cada mão, já com a postura de “quero passar e que se dane”, realmente serão mal recebidos. O diálogo, com tranquilidade, é muito importante. Estive na UESB várias vezes desde a última terça-feira (quando começaram os bloqueios), e vi os alunos da Sérgio de Carvalho (CETEP/Agrotécnica) pelo campus, logo falta com a verdade quem diz que eles estão sem aula por conta do bloqueio.

    Lamentável também a atitude dos senhores “jornalistas” da rádio UESB, que quiseram passar pelo bloqueio de qualquer jeito, e depois, abusando do poder que lhes dão os seus respectivos microfones (sob o manto da autoritária e anti-democrática “liberdade de imprensa”, pois só existe para quem tem acesso a um microfone), saíram com um monte de tolices imaturas sobre o movimento estudantil.

  12. Aluna da uesb

    Já ouvi isso: “quanto maior o incomodo, melhor”.
    Por que vcs não bloqueiam a BR116 então? Pq não fecham uma via Federal por 3horas, que seja? Aposto que até o Jornal Nacional olharia pra vcs.
    Claro que ia prejudicar muita gente também, claro que também seria desrespeitoso, mas sabe pq vcs não fazem?
    Pq é muito mais fácil barrar gente humilde, idosos e estudantes do que enfrentar a segunda maior via federal do país…
    Pq não isolaram o carro de um dos deputados ou secretários que estiveram na expoconquista? Pq ficam parados na estrada da UESB com pedaços de pau na mão? Por quê????????
    E quanto ao jornalismo, não me venha falar que lilerdade de imprensa só existe pra quem tem microfone, afinal vc acha que seu comentário publicado aqui é o quê?
    O Movimento Estudantil publicou uma nota agora pouco aqui mesmo no blog do Anderson, admitindo ter atrapalhado as consultas do CEUAS, e foi uma atitude muito digna e honesta, de quem erra, aprende e tanta consertar ao invés de chamar o outro de mentiroso tendo plena consciência de que está mentindo.

  13. Alberto marlon

    Consideradas suas observações ” Jornalista” ( olha o ” benefício e a importância” do anonimato aí…)

    Correção, a tempo: quis dizer DISCENTE e não DOCENTE, quando me referi aos estudantes processados por ocasião da ocupação, em 2004.

    Obrigado pela correção, ” Jornalista”. Mas é notável o tom que empregou ao fazê-la (devo ter ferido algum brio…)
    Quanto a dizer, ou não dizer nada no texto, bem, isto fica a cargo de quem lê. Se, para você, nada disse, o que se há de fazer? Apesar que, ao que parece, lhe disse muita coisa já que se deu ao trabalho de tecer comentários e observações beirando a deselegância, a meu ver, já que se trata de um (a) colega de ofício. E viva o anonimato, hein?

  14. clara

    Essa má reação de parte da comunidade conquistense às manifestações e protestos do movimento estudantil revela algo muito triste: as pessoas, no geral, não mais estão acostumadas a ver a juventude nas ruas, lutando pelos direitos da coletividade. O perfil que o imaginário comum tem do jovem é o sujeito acomodado e individualista, que não vê nada além do seu próprio umbigo: formado ideologicamente pela revista veja e pela tv globo, ele vive mais o mundo virtual ou o mundo da vitrine dos consumos do que a realidade. Acredita veementemente que o mundo sempre foi e sempre será assim, se destitui de qualquer capacidade de transformar a realidade: não parece sujeito, antes objeto. Assiste a vida passar por si. Nas universidades, esse perfil hegemônico se materializa naquelas pessoas que já entram a fim de obter seu canudo, visando um curso essencialmente técnico, que apenas o prepare para, mecanicamente, integrar o mercado de trabalho e ser escravo deste, seja por vias de concurso ou que quer que seja. Repudia-se qualquer discussão política e filósofica, pois é perda de tempo. Não importa se realizar enquanto ser pensante, portador de consciência. Embora pretensamente neutro, na realidade esse jovem assume um papel fundamental: o de manter a ordem (que mais parece desordem, de tão injusta) posta. Dessa forma, qualquer quebra a esse padrão é tida como violenta, radical, etc. Qualquer forma de luta, ainda que em prol do bem público – a saber, bem fundamental, que é a educação – é criminalizada, repudiada, etc. Qualquer tentativa de ultrapassar os muros mediócres da universidade é tida como errada, visto que a universidade deve se compartimentalizar, se atomizar, tornar-se um fim em si mesma. Não importa que o povo é que custeie a nossa educação, não devemos nenhum retorno a ele. É lamentável ver como essa concepção domina no senso comum, mas, doa a quem doer, continuaremos lutando. Quanto aos supostos estudantes que “acham a causa justa” (kkk), mas não concordam com as formas do movimento atuar, estes são a materialização deste perfil acomodado. Lembramos a todos que TODAS AS DECISÕES DO MOVIMENTO SÃO TOMADAS EM ASSEMBLEIAS DIÁRIAS EM QUE TODOS TEM DIREITO A VOZ E VOTO. Aqueles que não concordam, estão convidados a vir expor suas críticas e tentar construir algo diferente conosco, contudo, é bem mais cômodo ficar com no conforto de casa fazendo críticas infundadas e anônimas do que tentar construir algo, né? Gostaria de dizer a esses estudantes que a atitude deles, ao não se manifestar ou não lutar contra o ataque o governo faz à educação, o legitima. E isso é muito triste, pois o decreto não irá afetar só os estudantes que estão se movimentando. É CONSENSO para os estudantes a situação precaríssima que as universidades estaduais baianas se encontram. Com o corte de 60% como ficará? Somente uma reflexão…. Quem quiser saber a realidade sobre o movimento ( a despeito do que a mídia comprometida com o capital tem dito), acesse: http://www.mobilizauesb.blogspot.com

  15. Tatiana

    Sua retórica humilha, Alberto Marlon, como sempre.
    mas quem será essa “Jornalista”?
    Ridícula

  16. Alberto Marlon

    Oi Tatiana, obrigado pelo elogio. Quanto ao autor (a) da postagem, não sei… apenas percebi o tom rancoroso no seu comentário e a gritante contradição em criticar o anonimato e usar do mesmo expediente.
    Abraço.

  17. pedro

    Alberto,
    Quando alunos ocuparam o módulo por 4 anos, você acha que eles não atrapalharam ninguém? movimentação estudantil só existe em uma democracia? vivemos em uma época órfã de ideologias e bandeiras? Blogueiro não pode ser tachado de mal profissional ou tendensioso?
    Os protestos encampados por você foram todos muito bem planejados, sem arroubos e precipitações? Por que você não ajuda o movimento a ser uma boa guerra? Vivemos em regime democrático? Respeitamos a diversidade? De que lado você samba?

  18. Alberto Marlon

    Pedro, (conheço alguns Pedros, assim como é possível que existam milhares que assim são chamados em nossa região) tentarei ser didático:

    1- “Quando alunos ocuparam o módulo por 4 anos, você acha que eles não atrapalharam ninguém?”

    R: sim, atrapalharam os planos da Reitoria, no cronograma de implantação do Surte – nada mais justo, já que a Reitoria protelava a implantação da residência universitária. Os transtornos causados afetaram o funcionamento da instituição Uesb. Ninguém, em nenhum momento, ocupou a moradia de algum particular ou cerceou o direito de ir e vir de uma única pessoa.

    2- “movimentação estudantil só existe em uma democracia?”

    R: sim, movimento – ou movimentação – estudantil só existe em democracia (a não ser que você considere como movimento estudantil os desfiles cívicos, muito comum nos anos de chumbo ou em Cuba, Coreia do Norte e outras ditaduras mundo afora – sem esquecermos da Itália e Alemanha fascista). Em ditaduras pode-se até ensaiar alguma movimentação, mas logo será esmagada, sepultada nos porões ou a sete palmos abaixo da terra. Se você me apontar um único regime totalitário em que exista movimento estudantil contestatório ficarei realmente admirado e grato contigo, pois terás me mostrado uma nova verdade.

    3- “vivemos em uma época órfã de ideologias e bandeiras?”

    R: Meu caro Pedro ??????, já afirmei sobre isto no meu texto. Se você não bem compreendeu, sugiro uma nova leitura. Se a questão diz respeito com pontos de vista diferentes, bem, aí é uma questão de multiplicidade de opiniões…

    4- “Blogueiro não pode ser tachado de mal profissional ou tendensioso?”

    R: Claro! Tendenciosamente creio, e defendo, o princípio da liberdade de expressão. Então, podes tachar e tender, assim como o blogueiro, ou os leitores, podem opinar, discordar e rebater.

    5- “Os protestos encampados por você foram todos muito bem planejados, sem arroubos e precipitações?”

    R: Que pergunta hein? Misturou dois períodos e ideias distintas no corpo do texto. Mas, como me propus a ser didático, vamos lá:
    Como disse, peregrinei algum tempo por salas e corredores da Uesb – e ainda o faço -, vi nascerem e morrerem protestos e movimentações estudantis. Alguns de última hora – como este último, que, aqui em Conquista, se originou na mobilização dos graduandos de Engenharia Florestal – outros foram bem articulados, como o que citei ( MRA – Movimento Rompendo Amarras) que, mesmo não sendo como queríamos, culminou com a entrega do Restaurante Universitário e da Residência Universitária. Não entrarei no mérito da eficácia e eficiência destes agora, talvez isto possa ser discutido nesta movimentação que aí está.

    6 – “Por que você não ajuda o movimento a ser uma boa guerra?”

    R: Ajudar? De que forma? A meu ver tenho “ajudado”, já que os convido a reflexões que os levarão a um nível maturo de ação. Se não está claro, repito, releia o texto e recorra à memória dos que já estiveram na linha de frente e, também, aos livros de História, especificamente História Política.

    7 – “Vivemos em regime democrático?”

    R: Você se refere ao regime representativo? Direi-lhe o óbvio: o regime é representativo democrático. Agora, se você se refere ao que alguns estudiosos chamam de o “Mito da Democracia”, ah, a questão é mais complexa, perpassa desde a democratização dos meios de comunicação, melhor distribuição de renda e um sistema educativo eficiente. Mas não sou eu que lhe servirei de orientador… Com relação ao nosso regime democrático, você sugere algo melhor?

    8 – “Respeitamos a diversidade?”

    R : Se vocês ( já que usa o plural ) respeitam, bem, não posso afirmar com segurança – a pergunta seguinte exala um cheirinho de intolerância…talvez sejam minhas escaldadas narinas…- Espero que respeitem. Com relação a mim posso afirmar com segurança, respeito!

    9 – “De que lado você samba?”

    R : Tenho que “sambar” de algum lado? Se é tão importante o “lado que sambo” sugiro, mais uma vez, releiam (estou induzido a responder ao plural) o meu texto e tirem suas próprias conclusões.

    Pedro ??????, espero ter sido didático.

  19. pedro

    1 – “atrapalharam os planos da Reitoria”

    Os estudantes que ocuparam o prédio atrapalharam os populares que se beneficiariam com os serviços do Surte (Se é muito importante? não sei!)

    2 – O movimento no Egito (não nos restrinjamos ao movimento estudantil), não foi esmagado a sete palmos.

    3 – “pois terás me mostrado uma nova verdade”

    Você é religioso? (se for, não tem problema!)

    4 – “Meu caro Pedro ??????, já afirmei sobre isto no meu texto. Se você não bem compreendeu, sugiro uma nova leitura”

    Pensei que você seria didático.

    5 – “Então, podes tachar e tender, assim como o blogueiro”

    você está sendo contraditório? Se não, seja didático.

    6 – “Misturou dois períodos e idéias distintas no corpo do texto”

    Misturei características que você deseja para que ocorra uma boa guerra. Fui didático?

    7 – “A meu ver tenho “ajudado”, já que os convido a reflexões que os levarão a um nível maturo de ação. Se não está claro, repito, releia o texto e recorra à memória dos que já estiveram na linha de frente”

    poxa! Estou dialogando com um grande teórico da movimentação estudantil brasileira.

    8 – “perpassa desde a democratização dos meios de comunicação, melhor distribuição de renda e um sistema educativo eficiente. Mas não sou eu que lhe servirei de orientador… Com relação ao nosso regime democrático, você sugere algo melhor?”

    Você já sugeriu! Eu e o movimento estudantil apoiamos! E estamos lutando por isso.

    9 – “Respeitamos a diversidade?”

    Será que um dia O MUNDO atingirá este ideal?

    10 – “o regime é representativo democrático”

    Eu sei que eles deram este nome.

    11 – Relí o texto e acho que sei de que lado você samba.

    12 – Concordo com a jornalista!

    “Mais um texto superficial, daqueles que falam, falam e não dizem nada… Pior: fica na discussão ultrapassada sobre disputa ideológica “direita x esquerda”, e não vai na ferida real do problema.”

  20. Alberto Marlon

    Pedro ????? , quando você sair da trincheira do anonimato poderemos continuar o debate. Mas devo dizer que sinto-me lisongeado, consegui dizer muita coisa! E não se diz muita coisa quando se é superficial!

    Não conseguiria definir melhor: “A vaidade dos outros só vai contra o nosso gosto quando vai contra a nossa vaidade.” Friedrich Nietzsche

    😀

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