Creio que o grande dilema enfrentado pelo segundo partido de maior força no Brasil, o Partido dos Trabalhadores, seja a ausência de um diálogo com seu passado, eufemismo que pode ser traduzido em incoerência e desrespeito com o próprio trajeto histórico. O PT é filho das greves fabris e carrega no nome a causa trabalhista. Mas, como advertiu Chico Buarque, em A Banda: “para o meu desencanto o que era doce acabou”. O Partido que outrora chamava atenção pelas paralisações generalizadas e pelo movimento sindical é o mesmo que, atualmente, corta salários e proíbe reivindicações quando professores de universidades estaduais legitimamente decidem se manifestar em face das determinações do governo. Tal atitude, que contraria o preceito constitucional (artigo 37, VII, da CF/88) e combate o direito fundamental do salário, remete a tempos que a Bahia não gostaria de reprisar. Diferentemente do despersonalizado PT, o 1° de Maio de 2011 nada deve diferir do seu ponto de partida, registrado no mesmo dia do ano de 1886, ocasião em que a voz dos trabalhadores pôde ser ouvida e atendida a partir das reivindicações ocorridas no centro urbano industrial de Chicago. O 1° de Maio de agora deve ser pautado nos assalariados que, mesmo sem salários, não se rendem e não se cansam de gritar em nome da dignidade da categoria.
Frederico Cabala é estudante de jornalismo. [email protected]