Academia do Papo

A morte da elegância – conquistenses ilustres

Por Paulo Pires

Com o falecimento de Dalmar Gusmão, sexta feira 13 de maio/2011, pode-se afirmar com segurança [e tristeza] que o charme masculino conquistense dos anos 50, 60 e 70 está desaparecendo do nosso Planalto. Dalmar era filho de Ariovaldo Fernandes, que junto a Jeremias Gusmão [seu cunhado], Aureomar, Ziziu, Bebé, Wellington Mendes e Osvaldo Santos Mello, formavam aquele santuário de grandes pecuaristas. Ao lado de outros grandes amigos da região de Itambé e Itapetinga como Zé Caixeiro, Zeca Espinheira, Jovino Oliveira, Waldemar Holanda, Cori Moreira, Pequeno e Belizário Ferraz entre outros, esses senhores constituíram-se em verdadeiras lendas da criação bovina baiana.

Quando nos reportamos ao charme masculino dos anos 50, 60, 70, fazem-se necessário trazer à tela as opiniões das moças de então. São recordações cujos testemunhos aparecem nas salas de nossas tradicionais famílias de modo inapagáveis. Aqueles rapazes realmente eram elegantes. E provocam até hoje discussões. De algumas ouvi expressões tipo: “Dalmar era muito bonito”. Outra completa retrucando: “Jaimilton era tão ou mais bonito”. Os dois eram primos Gusmão, claro.  Dalmar era filho de Ariovaldo e Jaimilton de Jeremias. Realmente, se olharmos as fotos de ambos quando jovens (em companhia de moças irretocavelmente lindas) verificamos que há muito tempo nossa sociedade sempre teve homens e mulheres muito charmosos.

 Uma vez perguntei a Agostinho Fagundes quem era o maior playboy de Conquista. Ele respondeu, sem titubear, que dentre todos que conheceu e era amigo, destacava a figura de Manoelito Sales (irmão de Petrônio, Dezinho e Élson). Tentei acessar meu “pen drive mental”, mas não localizei o dito cujo. Peço desculpas, mas não me lembro de Manoelito. Isso pouco importa, considerando que outras pessoas que o conheceram confirmaram que o sujeito era boa pinta e tudo que fazia na vida justificava sua fama de playboy, no melhor estilo Jorgino Guinle, Porfírio Rubirosa, Cézar Tedim e Baby Pignatari. Respeitando-se as devidas condições.

Do meu ofício de olheiro não remunerado (ombudsman), observo nossa cidade e sinto orgulho de seus habitantes, as pessoas e todas as famílias que nasceram ou vivem aqui por opção. É uma cidade maravilhosa, um povo super acolhedor e docilmente fraterno como poucos no Brasil.

Infelizmente de uns tempos prá cá estamos perdendo grandes figuras humanas. Dalmar era uma dessas. Não faz muito tempo Jaimilton se foi e deixou uma lacuna enorme em nosso meio.  Quem também se despediu da cidade foi o sempre elegante Pedro Bittencourt Ferraz. Este era outro que Conquista jamais deve esquecer (assim como os manos Ricardo e Gerúzia, queridíssimos, amados por todos que os conheceram). Ricardo Ferraz era aquele aristocrata a quem o jornalista Herzem Gusmão gostava de mencionar, sempre destacando que lá no Estádio Lomanto Júnior havia (ou há) um barranco que era onde nosso querido irmão [Rica] gostava de assistir aos jogos de futebol. Em pouco tempo, o clã dos Bittencourt ficou diminuído de três seres humanos maravilhosos. Sempre simpáticos, elegantes, inteligentes e fraternos esses três irmãos provocaram [involuntariamente] um vácuo enorme em nossos corações.

O que fazer nessa hora? Rogar a Deus para que todos tenham uma estadia cheia de merecimentos no Reino Celestial. Não sei se os encontrarei (até porque desconfio se mereço). Se por acaso conseguir essa graça, suplico ao Senhor para encontrá-los. Mas não precisa ser tão cedo. 

Dalmar Gusmão, Jaimilton Gusmão, Pedro Bittencourt, Ricardo Bittencourt, Ana Gerúzia Ferraz e tantos outros que nos deixaram, passaram por aqui e saíram altivos, elevados porque nos engrandeceram pela bondade, solidariedade, generosidade, fraternidade, respeito, inteligência e refinamento. Eram pessoas finas, com visão de mundo excepcional. Tratavam-nos com carinho, solicitude e sinceridade. Transbordavam alegria e contentamento. Sempre com palavras construtivas, diálogos estimulantes e expressões que nos confortavam diante das adversidades, que eles, pareciam sempre ter ultrapassado com galhardia. É isso aí. A passagem de Dalmar Gusmão, se junta às dos outros citados e leva dos conquistenses muito de nossa elegância e nosso charme. Eles foram e são de uma época que não volta mais: O tempo da elegância discreta, charmosa…