Dilma, Fernando Henrique e Lula
Por Paulo Pires
Dilma Rousseff, presidenta do Brasil, nesta semana de calmaria e frio, movida pela paz de espírito, generosidade e reconhecimento que deveriam estar presentes á vida de todas as pessoas, remeteu uma carta ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso enviando congratulações pela passagem dos seus oitenta anos. Na missiva Dilma disse, entre outras coisas, que o simpático FHC era “O acadêmico inovador, o político habilidoso, o ministro-arquiteto de um plano duradouro de saída da hiperinflação e o presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica”.
Estou de acordo com quase tudo, menos que ele tenha sido o arquiteto de um “plano duradouro”. Isso não. Todo cidadão esclarecido deste país sabe que o arquiteto do Plano foi o ministro Rubens Ricúpero [governo Itamar Franco]. Ao eminente Fernando Henrique coube finalizá-lo politicamente contando para isso com o genial economista Pérsio Arida e os colegas Edmar Bacha, André Lara Resende, Pedro Malan, Winston Fritsch e o antipaticíssimo Gustavo Franco. A este último coube a responsabilidade para criar as equações e materializar [fechar] as formulações teóricas concretizando aquele que foi o mais aprimorado de todos os planos econômicos no lado Ocidental do Planeta.
O que aconteceu com o verdadeiro “pai” do Plano? Para contribuir com o restabelecimento da História do Plano Real é necessário algumas palavrinhas. Primeiro comecemos por ele, Rubens Ricúpero. Diplomata de carreira, embora a serviço do PSDB [até no PSDB tem gente que presta] é um dos grandes homens contemporâneos do Brasil; Hoje trabalha como diretor da Faculdade de Economia da FAAP, a mais sofisticada de nossas Instituições de Ensino Superior. Doutor Ricúpero não pôde concluir seu trabalho porque numa infeliz conversa precedendo a uma entrevista que ia conceder ao jornalista Carlos Monforte da TV Globo [1º de setembro de 1994] opinou sobre coisas que não eram prá ser levadas ao conhecimento do público. Ninguém havia percebido que o Canal já estava no ar. Resultado: Acabou se demitindo do cargo antes que o presidente Itamar Franco o fizesse. O episódio ficou marcado e rolou na cabeça da sociedade brasileira como o Escândalo da Parabólica.
O fato é que todas as pessoas medianamente bem informadas sabem que o Plano Real foi engendrado na cabeça de Ricúpero e, portanto, nossa presidenta não foi fiel à História. Mas tudo bem, a gente entendeu o que ela quis dizer e o simpático FHC, pelo jeito, adorou os afagos de dona Dilma.
Mas, no dia seguinte ao recebimento da carta elogiosa da presidenta Dilma, doutor Fernando Henrique concedeu entrevista ao Correio Braziliense e nela, em alguns momentos, desancou o PT e o ex-presidente Lula.
Sinceramente, penso que doutor FHC, pela lucidez das respostas que deu a algumas perguntas não demonstrou em nenhum momento estar gagá. Exceto quando resolveu espinafrar. Bater no ex-presidente Lula, por exemplo, foi e é besteira. Ninguém neste país pode negar e o próprio Lula é o primeiro a reconhecer que ele seja um sujeito fino. Lula fino? Isso é impossível. Lula é grosso. E não é mais grosso por falta de espaço. Lula não teve educação, Lula é um simplório, social e psicologicamente falando.
Observando as dois ex-presidentes no plano estritamente pessoal, qualquer pessoa com o mínimo de discernimento verifica prontamente que há uma distância enorme entre eles. Fernando Henrique (filho do general Leônidas, não aquele das Termópilas) foi um moço bem criado, alcançou seu doutorado em sociologia, foi professor da Universidade de Paris X, Nanterre, etc. etc. Homem com grandes predicados morais, etc. etc., mas um homem absolutamente normal. Sua obra intelectual não causou nenhum impacto ou modificou o Eixo da Terra em nada (esse delírio não se restringe apenas a ele). Sua obra política ainda carece de tempo para concluirmos sobre a dimensão que lhe cabe como senador e presidente da República.
Numa visão bastante pessoal diria que Fernando Henrique é um sujeito fino, afável, agradabilíssimo, porém um “homem normal”. E o Lula? Bem. O Lula é um capítulo à parte de nossa História. É mal educado, grosso, voz rascante, atarracado, sem nenhum encanto pessoal, mas dotado de uma aura celestial (ou diabólica, como querem os seus desafetos) que ninguém sabe explicar. Em abril de 2011 esteve com o historiador inglês Eric Hobsbawn e este senhor, um dos Pais da História Contemporânea, se disse impressionado com o Sapo Barbudo. Mês passado, [maio/2011], foi a vez do grande ídolo da música pop Bono Vox [U-2] ir até São Bernardo do Campo para conversar e tomar umas cachaça com o Batráquio. Acho que as diferenças entre os dois residem aí: FHC é grandioso, loquaz, charmoso, mas normal. O Lula é boquirroto, esperto, carimástico (palavra que não gosto) e Genial. Só isso…
3 Respostas para “Pequenas Notas”
paulo
Enganado sr Paulo Pires leia a narrativa dos bastidores da criaçao do Real em ” 3000 dias em Bunker” livro do jornalista GUILHERME FIUZA e vera que o Sr. Gustavo Franco e sua equipe foi o idealizador do plano que ate hj inclusive o PT tira divedendos politicos .Rubens Ricupero nao passou de ministro sem habilidade ate com as palavras que dizia em off e por isso perdeu o cargo.
Eng. W. Anúnciação
Se não estou equivocado o ilustre Rubens Rícupero não aquele que disse uma frase marcante;”O que é bom agente mostra,o que há de ruím trata de esconder”?. Nestes têrmos(já faz um bom tempo)!.Seríamos ingênuos acreditarmos que foram apenas os supracitados, responsáveis pelo Plano Real.Com certeza a turma do FMI,deve contribuido e muito na sua elaboração!.
PAULO PIRES
Caro xará Paulo
Enganado e enganando quem está é o sr. Ricardo Fiúza [e você também] que acredita nesse cidadão um jornalista comprado pelo pessoal da PUC para dar moral ao antipáticissimo Gustavo Franco.
Ele, o Ricardo Fiúza, deveria dizer que como Presidente do Banco Central, o sr. Gustavao Franco deu um prejuízo ao Brasil de apenas 140 bilhões de dólares por causa daquela política de câmbio fixo que o sr. Franco insistiu. Hoje, o sr. Gustavo Franco, deveria estar era preso por incúria.
Entretanto, segundo as fontes que participaram do Plano Real, foi atribuído ao Sr. Gustavo Franco a elaboração das Equações para matematizar o Plano. Neste caso, ele atuou com proficiência. E não mais que isso.
Aliás, foi o próprio Gustavo Franco quem disse isso em um Documentário sobre o Plano (volta e meia reprisado pela TV CÂMARA).
Ora, se ele mesmo diz – e os demais membros da Equipe também -que sua participação foi para elaborar as Equações como é que pode um jornalista pé de chinelo como Ricardo Fiúza criar outra história? Entre no site da TV Câmara e você verá e ouvirá da boca do senhor Gustavao Franco o que foi que ele fêz.
Vá lá.
Quanto a Rubens Rícupero, trata-se de um grande Homem.
Paulo Pires