Pequenas Notas

Homens que mudaram cidades

Por Paulo Pires 

Quase concluídos os festejos juninos, passo a reproduzir opiniões de diversas pessoas as quais me levaram a uma saudável conclusão: A Prefeitura acertou no modelo multiespacial para realização da festa. Tivemos forró na Praça Nove de Novembro, na Barão do Rio Branco e, de quebra, um mini Arraiá na Tancredo Neves. Sobre este último espaço já me pronunciei enaltecendo o belo e agradável trabalho da arquiteta Lara Gusmão. Lamentei apenas ser o espaço pequeno demais para que pudesse concentrar mais gente (embora as pessoas tenham adorado) e nem tenham notado certa desarmonia da parte baixa com a alta. Tudo bem…

            Sugeriria ao nosso Prefeito – acho que doutor Guilherme já meditou sobre isso – pensar sobre a possibilidade de fazer aquele Arraiá [o da Catedral] na Praça Sá Barreto. A Prefeitura tem condições de formar parcerias muito produtivas com outras instituições de nossa cidade a partir do Sebrae, CDL. Clubes de Serviço, Lojas Maçônicas, Faculdades, Universidades e Empresas de grande porte tipo Comercial Ramos, Sabão Teiú, C. Amorim, etc. etc. Penso que nossa comunidade empresarial aceitaria o convite com a maior boa vontade. Não ficaria oneroso para ninguém e teríamos uma festa exuberante, condizente com a grandeza da terceira maior cidade do interior do nordeste do Brasil.

            O Prefeito acertou em cheio quando idealizou com sua Equipe o formato do São João atual. Criou espaços múltiplos, possibilitando adequações para acomodação dos diversos perfis sociais. Na Praça Nove de Novembro víamos pessoas bebendo quentão, ingerindo caldos e se alegrando com o prazer de ter audição de uma música ao vivo, a poucos metros de distância. Na Barão do Rio Branco era a vez da grande massa. Essa totalmente heterogênea, mas bem comportada, assistia e dançava com alegria a apresentação de artistas locais e nacionais com o entusiasmo que a festa exige.

Lá em cima, na Catedral, foi uma beleza. Via-se que era o espaço dos transeuntes, cidadãos e famílias com faixa etária mais avançada. O casario reproduzindo Arraiá de Cidade Pequena deu ao ambiente uma sensação suave de se estar no Campo sem ter saído da Cidade. Resumindo: Foi um bom presente da arquiteta Lara Gusmão. Ela soube compreender as idéias lúcidas do Prefeito, que embora seja homem de cidade grande e grandes cidades, entende como poucos nosso mundo campesino. Guilherme conhece bem a alma do homem do Campo. Por isso sabe transportá-lo para o ambiente urbano sem alterar-lhe a autenticidade. O Povo adora isso…

A propósito, fiquei matutando e tentando traçar um paralelo da atuação do nosso Prefeito com outros que contribuíram enormemente para mudar o perfil material e imaterial de outras cidades. Lembrei-me do Francisco Pereira Passos, que foi um prefeito inovador no início do século XX, no Rio de Janeiro. Pereira Passos levou para o Rio um conjunto de concepções que mudaram a face da capital da República (até então chamada de Cidade da Morte) ao ponto de transformá-la em Cidade Maravilhosa. 

Outro grande inovador (sem ter sido gestor) que mudou substancialmente uma cidade foi o arquiteto-engenheiro Francisco de Paula Ramos de Azevedo. A cidade de São Paulo tem uma dívida impagável com este cidadão. A obra arquitetônica de Ramos de Azevedo se estende imponente (mas sem arrogância) pelos quatro cantos da paulicéia. A primeira vez que fui à capital paulista, fiquei impressionado com a quantidade de homenagens que se faz a ele. Hoje entendo.

Francisco Prestes Maia, muito famoso pelo nome que dá a Estação no centro da capital bandeirante, é outro que contribuiu enormemente para mudar a cidade de São Paulo. Por isso, também inesquecível. 

Vindo agora para a Bahia, em busca de prefeitos que mudaram a face de suas cidades, não posso deixar de citar o de Antônio Carlos Magalhães [uma lenda em nossa Política].  Doutor Antônio Carlos Peixoto de Magalhães foi indicado para ser prefeito de Salvador pelo então governador Luis Viana Filho (que era amicíssimo do general Castelo Branco).  Aceitou o convite do gentleman Luis Viana e administrou a velha São Salvador entre fevereiro de 1967 a abril de 1970. A atuação de ACM como prefeito até hoje é digna dos maiores elogios. Mesmo os seus desafetos não conseguem esconder as transformações extraordinárias realizadas por ele. Em 1970 renunciou ao cargo, mas, esperto como era, sabia o que estava fazendo. Articulou para ser convidado pelo General Médici para suceder ao Governador Luis Viana. E aí se transformou em um Governador Biônico. Competente e decisivo fez também um grande Governo e consolidou sua obra na Capital.

 Em Vitória da Conquista, tivemos prefeitos muito contributivos. Dentre os quais se destacam Edvaldo Flores, Gerson Sales, o lendário José Pedral Sampaio (com Hélio Ribeiro), Murilo Mármore, Guilherme Menezes e José Raimundo Fontes. Guilherme Menezes finalizou sua gestão na Conquista fim de século XX e suas idéias deram início ao século XXI com o sucessor José Raimundo. Por esse motivo é o grande responsável pelas transformações positivas porque passa nossa Cidade, seja no aspecto Físico seja no Imaterial, Cultural. De volta à Prefeitura a gestão de Guilherme responde a demandas de quase todos os segmentos sociais. Seu slogan, ou lema filosófico, mantém-se coerente com sua inconfundível e discreta personalidade: O Homem em primeiro lugar. Os segmentos contemplados pelas suas políticas sociais vão de atendimentos a Quilombolas, Programas de Saúde Familiar, Trabalho Infantil até a Terceira Idade. Não é pouco, não é pouco.


Uma Resposta para “Pequenas Notas”

  1. João Rafael

    Assim como também ocorre no período natalino, o aumento do número de pessoas que vão ao centro da cidade em virtude do comércio e o também aumento do fluxo de veículos que passam pela região central, paradoxalmente, são presenteados com a redução de vagas de estacionamento e interrupção de vias durante os períodos festivos. Creio que compete ao poder público facilitar a mobilidade dos cidadãos no espaço urbano.

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