Incógnita somos todos nós

Foto: Blog do Anderson

Por Dirceu Góes

A mania que alguns políticos têm de se esquivar das perguntas dos jornalistas com tiradas pretensamente “originais” causa dissabores para eles próprios que, arrependidos das asneiras proferidas, partem para o ataque tentando desqualificar os trabalhadores da mídia. Ora, se o líder da oposição na Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista concede uma entrevista voluntária e ao ser questionado sobre as qualidades de Herzem Gusmão como um possível prefeito municipal se sai com a máxima “ninguém tem certeza de estar vivo depois de amanhã”, ele abre margem para interpretações diversas e infinitas. Dentre elas, naturalmente, a de que o digno radialista é uma incógnita nas lides políticas. Aliás, por força das identidades múltiplas que assumimos em cada circunstancia do nosso cotidiano, todos nós somos uma incógnita até que a nossa conduta ética, profissional e democrática seja testada em situações extremas. Quantas e quantas vezes, por exemplo, votamos num político porque acreditamos conhecer o teor do seu discurso e quando ele chega ao poder se transforma numa incomensurável incógnita, porque passa a agir de uma forma diametralmente oposta ao que apregoava no seu programa eleitoral. Particularmente no caso de Herzem Gusmão, como radialista e profissional da comunicação ele construiu ao longo dos anos uma imagem de credibilidade que o credencia como líder de audiência inconteste do rádio conquistense no horário do meio-dia. Porém, convenhamos, por nunca ter sido eleito para vereador, prefeito ou deputado, bem como nunca ter ocupado cargo administrativo público de grande responsabilidade decisória, Herzem Gusmão, tanto quanto eu e muitos leitores deste post somos todas incógnitas ambulantes enquanto gestores da coisa pública. Uma condição que em nada distorce o caráter e o compromisso, de quem quer que seja com o bem-estar comunitário. Quanto aos resmungos com os quais o vereador líder da oposição tenta desqualificar o homem de mídia Fábio Sena, eles na verdade soam como o desespero momentâneo de quem se viu encurralado e obrigado a se retratar publicamente, por revelar na entrevista a sua mais profunda intenção incontida de dizer em metáfora exatamente aquilo que insinuou sobre Herzem Gusmão. É assim que leio este episódio por enquanto.

* Dirceu Góes é professor de radiojornalismo da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb)


2 Respostas para “Incógnita somos todos nós”

  1. Alesandra

    O estadista britânico Winston Churchill (1874-1965) escreveu em 1958 que “O futuro é uma incógnita, mas o passado deve nos dar esperança”.
    E isso Conquista sabe e tem!

  2. ANÔNIM

    …e o passado nos dá a esperança de continuarmos atravacados, nele!

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