Provação e lições de um ídolo

Por Ezequiel Sena

As notícias detonam por todos os lados e, como é natural, muitas delas trazem informações inesperadas, ou pelo menos inacreditáveis. Fiquei abismado quando acompanhei na ISTOÉ 2174, (13/07/2011), a entrevista do esportista Oscar Daniel Bezerra Schmidt, uma vez que eu não tinha conhecimento do susto que ele passou no final de maio recente. Sou daqueles que acredita nas coisas divinas, pelo menos como forma de orientar a vida e tentar extrair dela e dos conflitos humanos uma possível verdade. Talvez o que seria a tragédia de muitos, para o Oscar Schmidt algo simples encarado com absoluta naturalidade. Aos 53 anos, o maior cestinha do mundo ao tomar ciência do diagnóstico de um tumor de 7,5 cm no cérebro, não se desesperou, muito embora tivesse até quem lhe conferisse o atestado de óbito; pelo contrário, o eterno ídolo do basquete nacional nos deu um exemplo de autoestima, mostrando equilíbrio, mesmo nos piores momentos.

Não se pode esquecer que vivemos num mundo onde cada um exalta os próprios ídolos que, em certas ocasiões, são confundidos com gênios ou heróis. Claro que existem ídolos incontestáveis, e no esporte do Brasil existem e existiram atletas fantásticos; depois de Pelé e Ayrton Senna, Oscar Schmidt, sem dúvida, é a grande referência. E não foi à toa que se criou um mito em torno dele. Quem teve o privilégio de vê-lo jogar afirma que na quadra ele quando vestia a camisa da seleção se transformava em mil. Às vezes até sem condições, mas por amor à camisa amarela superava os seus limites, tanto fez que eternizou a frase: “a dor faz parte do uniforme”.
.
Tornou-se recordista em número de participações olímpicas. Consagrado também como o jogador que mais cestas fez na história do basquete mundial – 49.737. Agora se viu diante da mais difícil batalha de sua vida e, desta vez, numa mesa de hospital. Impossível imaginar as dimensões de uma cirurgia dessa magnitude – levou um corte na cabeça de orelha a orelha –, para a retirada de um tumor do tamanho de uma laranja, ainda que benigno, todavia, de acordo relatos dos médicos, uma operação de proporções delicadas, porém urgente e necessária.
.
Como sabemos – e é de praxe – muitos atletas depois que se aposentam enveredam pelos caminhos da literatura motivacional ou se transformam em técnicos ou comentaristas. Com o Oscar ‘O Mão Santa’, como é conhecido no meio esportivo, não foi diferente. Contratado pela Rede Record desde 2009, garante que em outubro estará no México para cobrir o Pan-Americano de Guadalajara. É um inquieto assumido, pouco mais de trinta dias da cirurgia já voltou a dar palestras, por sinal, ofício que há alguns anos ministra em empresas, universidades e entidades de classe. Carrega consigo a bandeira de explanar e passar para os jovens a sua trajetória de vida, dentro e fora das quadras, e adverte que a humildade e a determinação ainda são os maiores patrimônios do ser humano.
.
Por falar em humildade e determinação, no esporte brasileiro, em todas as suas áreas e extensões, imagino que muitos jogadores desconhecem estas duas palavrinhas. Os últimos desafios nos fizeram entender assim. Não por falta de atletas, sobretudo de qualidade, mas com capacidade de, mesmo em situação adversa, vender caro a derrota e sair de cabeça erguida. Nesse sentido, observa-se o surgimento de uma florada de atletas encantadores, no entanto, guiados por caminhos complicados. Muitos deles estão mais atentos às firulas e vaidade do que à responsabilidade, tornam-se prisioneiros do glamour ditado pelas emissoras de televisão e empresas de marketing. Quando fracassam é visível a ostentação de profunda carência de âncora moral, como assistimos recentemente.
.
Penso que os nossos dirigentes, técnicos e a mídia em geral precisam baixar a bola um pouco mais e tomar consciência que o excesso de exaltação não nos leva a lugar nenhum. É preciso romper com essa mórbida mania de sermos sempre os melhores em tudo. Sei que estou me colocando em situação de desagrado; contudo, sem qualquer rodeio, seria de grande proveito que os atletas brasileiros se espelhassem nas lições do ex-atleta e ídolo Oscar Schmidt.
.
Ezequiel Sena


7 Respostas para “Provação e lições de um ídolo”

  1. w.alves

    belas palavras.

  2. tania

    olá! concordo plenamente, ezequiel disse td q nosso todos pensamos! colocou em belas palavras aquilo q ta entalado nas nossas mentes! parabens!

  3. Paulo

    É isso ai seu Zica.

  4. Gilmar Pereira Lima

    Parabéns pelo brilhante texto Zica. Mostra a sua sensibilidade com as causas de nosso País.

  5. Rubem

    Valeu grande Zica!!

    Grande materia essa que voce escreveu. Poucos sabem a respeito do idolo do basket e sabe por que? Porque ele preza a humildade e a competencia.

    Rube

  6. Renato Senna

    Zica,

    Bom, gostei!

    Reanto Senna

  7. MAX

    Gostei, muito bom Zica/Robson dos ccanários.

Os comentários estão fechados.