Famílias Musicais Culturais
Por Paulo Pires
Há poucos dias alguém lançou uma pergunta sobre as famílias que mais se destacam no plano cultural de Vitória da Conquista. Fiquei mudo, vacilante. Todos que estavam na rodinha de amigos se calaram e ficamos pensando qual a melhor resposta. Passados alguns dias, matutei, matutei e cheguei a uma conclusão (absolutamente pessoal): De todos os clãs conquistenses o que mais se destaca na parte cultural-musical é o dos Figueira. Sim, são os Figueiras os mais destacados personagens dos nossos artistas e intelectuais. São eles, e parece não haver contestação, os melhores representantes, o que há de mais refinado em nossa Cultura (pelo menos em minha visão e de tantos outros). Esta afirmação origina-se de uma longa visitação ou revisitação à nossa cena cultural desde os anos 60 do século passado. A partir daquela década [talvez até antes] já contávamos com a presença deles nos melhores eventos da Cidade. A começar pelo gênio criativo desse notável compositor e pensador brasileiro chamado Elomar Figueira Mello.
Atualmente, além do trabalho ciclópico-antológico de Elomar, é imperioso mencionar o empenho meticuloso e discreto feito pelo Maestro João Omar Carvalho Mello [filho de Elomar] buscando “construir” uma Orquestra Sinfônica ou Filarmônica para nossa Cidade. Vejam a importância dessa família. Como não reconhecer a grandeza de um trabalho como esse?
Não bastasse a obra de Elomar e João Omar, é necessário lembrar que os Figueiras em outros troncos genealógicos contribuem decisivamente para formação de nossa cultura. E aí vale mencionar o trabalho de Vanilda, Isabel, Maria Eugênia, Eneida e Dulcinéia (filhas do pastor Waldomiro e da professora Almerinda). Essas jovens senhoras, ainda muito jovens, a partir da década citada [1960] colocaram seus conhecimentos poético-musicais à disposição de milhares de conquistenses. Portanto contribuíram e continuam contribuindo para a riqueza cultural desta terra como poucos.
Pelo lado de doutor Ubaldino Gusmão Figueira [que era cunhado do pastor Waldomiro] surgem suas elegantes filhas Edilce Figueira Brito, Helena Figueira Glass e Heleusa Figueira Câmara, empenhando-se pela Educação Artística, Língua Estrangeira, Literatura e obras de cunho Sociológico com grande destaque em âmbito nacional. Heleusa ganhou em 1999 o prêmio de melhor Dissertação na Área de Ciências Sociais na PUC de São Paulo. Edilce e Helena se aposentaram, mas a professora Heleusa está em plena atividade na UESB e mergulha com grande empenho no PROLER – Projeto Nacional de Leitura sob a chancela de nossa Universidade em convênio com a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, tendo recebido dessa valiosa Instituição Cultural a Medalha do Mérito do Livro e Literatura em 2006.
Os Figueiras não se cansam e oferecem mais. Na Magistratura, Educação e Religião, por exemplo, vamos encontrar Manoel Augusto Salles Figueira e o irmão Nilton que se constituem em verdadeiros pilares em suas atividades. Manoel Augusto foi o primeiro Superintendente da UESB, cargo hoje equivalente ao de Reitor. Homem dotado de grandes saberes o professor, o juiz, o bispo (e músico também) Manoel Augusto, nos momentos de lazer costuma brincar com citações em latim [seu primo Elomar também é fascinado pela língua de Virgílio]. As citações do professor Manoel são verdadeiras lições morais contra o supérfluo e a superficialidade de nossa modernidade, hoje mais que nunca inclinada a coisas predominantemente transitórias.
E as outras famílias culturais de Conquista? Bem, acho que por dever e por justiça não devemos nos esquecer de mencioná-las. Só que isso será feito em outras oportunidades. Por enquanto vamos ficar com esses históricos e imprescindíveis Figueiras.
Temos muitas famílias musicais. Nosso Conservatório Municipal tem feito um trabalho de preparação de jovens músicos que é uma maravilha. Sem contar com as Escolas Particulares sob a direção de grandes maestros como Norma Eliete, seu esposo e maestro Mário, Carlos Porto e esposa Gizélia, as filhas do pastor Waldomiro em atividade (Vanilda, Isabel) e tantos outros que contribuem magistralmente para formação artística de nossa Sociedade. Salve Conquista e nossas grandes famílias artístico-culturais. Parabéns aos Figueiras para os quais enviamos os nossos sinceros reconhecimentos e admiração. Até a próxima e cordiais saudações.
Uma Resposta para “Pequenas Notas”
PROF. KLEBER NERY
Amigo Paulo.
A citação do professor Manoel Augusto Sales Figueira, nos faz recordar, quando o mesmo era nosso mestre na UESB ministrando a disciplina de IDPP no curso de administração.
Eram aulas realmente excepcionais, transmitidas com carinho e com muita sabedoria.
Sem dúvida alguma, o professor Manoel Augusto, tem de estar incluído no rol da cultura não somente de Vitória da Conquista, mas também de toda região Sudoeste.
Sinto muito orgulho de ter convivido, mesmo por um período curto de minha vida, com essa figura notável.
Parabéns Paulo.