O que é que Justin Bieber tem?
Por Paulo Pires
Tava conversando com uma adolescente e disse-lhe que ia botar o nome do meu filho (um que ainda vai nascer) de Justino. Ela deu aquele sorriso lindo tão comum aos adolescentes e retrucou com ironia: Por que você vai colocar o nome do menino de Justino? Disse que achava bonito (e até lembrei o nome de um dos nossos fundadores, avô de doutor Juvenalito, que dá nome ao primeiro prédio da Praça do Gil, chamado Justino Gusmão). Ficamos por uns segundos calados e ela tornou a sorrir. Balbuciou: Justino, Justino…
Pela expressão fria que esboçou, acho que não a convenci que o nome Justino é bonito. Até percebi que ela fez um breve esforço para não dizer que Justino é (ou era) um nome era meio cafona, antigo, ultrapassado. Antes que ela dissesse, falei de um menino que anda fazendo o maior sucesso pelo mundo a fora, um lourinho canadense chamado Justin Bieber.
Vocês não imaginam a mudança de semblante da jovem sonhadora. Justin Bieber ao ter o nome pronunciado, provocou uma irradiação maravilhosa no rosto de minha amiguinha. Algo semelhante aquela sarça brilhante, dourada, intensamente brilhosa que Cecil B. de Mille colocou na Montanha para que Moisés conversasse com Deus, em uma das cenas mais bonitas do filme Os Dez Mandamentos. Ela não conseguiu esconder a alegria quando pronunciei o nome do fantástico e prestigiado artista juvenil.
Por que Justin é bonito e Justino, na visão dela, era (ou é) cafona? O que nos tornou tão colonizados a ponto de recusarmos nomes aportuguesados em detrimento de nomes anglo-saxônicos? Raimunda é um nome feio, mas Raymond, mulher do genial pintor Cícero Dias, por exemplo, é bonito. Quem estabeleceu essas normas sonoras e gráficas para que os nomes “de lá” sejam bonitos e os “de cá” sejam feios?
Passando por cima dessas questiúnculas, me despedi da jovem e deitei meus pensamentos nesse planetário artista chamado Justin Bieber. É um menino. Menino na idade. Mas um artista que encontrou na Internet os recursos que a rede mundial esperava há algum tempo.
Justin Bieber tem tudo o que os adolescentes querem: Idade, beleza, talento, trejeitos, charme e uma equipe de produtores que sabe das coisas. É isso. Mesmo que o sujeito não seja muito talentoso – que não é o caso do Justin – sua produção soube agregar aos elementos naturais que ele possui um arsenal de truques que a Mídia lhe disponibiliza e daí o que se vê é, artística e estrategicamente falando a junção de dois componentes indissociáveis “a fome com a vontade de comer”. O resultado é espantoso.
Por onde passa, o menino provoca comoções afetivas e sacrifícios pessoais que ninguém sabe explicar ao certo o que é. Meninas (e meninos também) se deslocam dos confortos de suas casas, vão para portas de estádios, oito dias antes, ficam ao relento, pedem para parentes “tomarem conta” dos seus lugares em filas intermináveis, não se preocupam com comida, bebida e ficam ali, “no sacrifício” por dias e mais dias.
O que é que Justin Bieber tem? Ele é mágico? É encantador de crianças? Seria ele o novo flautista de Hamlin? O que é que esse menino tem?
Por que essas crianças e adolescentes tem tanta veneração por ele? Por que esses seres infantis e juvenis lhe dedicam tanto amor, tanta paixão, tanta simpatia?
Por que essas crianças, que se cansam tão rapidamente quando se colocam diante de um livro, não tem o menor enfado diante dos sacrifícios que fazem por Justin Bieber?
Será que ele, Justin Bieber, é um estimulante? Por que poucos professores conseguem ser tão excitantes quanto ele? Será que existe algum professor, cientista, artista plástico, literato que conseguiria tanto êxito diante das platéias juvenis quanto esse canadense? Será que ele é bom mesmo ou é apenas produto de mídia, aquela mídia que promove mediocridades para enganar os incautos? Quem pode responder? O fato é que tem alguma coisa “nesse carinha” que a gente precisa entender. Viva, pois o Justin Bieber. Só devemos lamentar uma coisa: Ninguém quer ser professor. Todas as crianças querem ser ou estar próximas a Justin Bieber. Seria tão bom que gostassem do professor [e dos livros] como gostam do cantor…
2 Respostas para “Academia do Papo”
Kelly Gomes
A resposta é simples, hoje em dia nossos jovens estão desestimulados, desiludidos, uma prova disso é que muitos desses jovens só querem curtir a vida. Muito deles vivem do ditado, desta vida nada se leva, então temos que viver a vida com dignidade, para que as lembranças, na velhice serem boas. Essa questão das crianças ou entanto dos jovens então relacionados a uma educação medíocre, uma educação para pouco. Hoje faltam pessoas que vejam mais longe e apostem no futuro. Eu só não entendo os universitários, porque se fala tanto em uma revolução na área da educação? O que falta para isso acontece? Se depender da população em geral nada vai ocorrer. Acima de tudo, é preciso aprender a lidar com essa mudança de comportamento de muitos jovens.
Carlos
Pouco tempo atras perguntaram Ozzy Osbourne o q ele achava de Justin Bieber, ele apenas respondeu “um futuro drogado”. ele exagerou? Não. Ele é fruto da mídia e como tal será resultado da mesma, podemos fazer uma lista grande de nomes…