Por Ezequiel Sena
Os ventos de rebeldia sopram pelo planeta. Neste último fim de semana o mundo se tornou prodigioso em manifestações. Pelo Brasil, no dia dedicado às crianças e à padroeira (12), aconteceu a segunda onda de protesto do ano, via redes sociais, batizada de Marcha contra a Corrupção – 18 estados brasileiros tiveram mobilizações incluindo, desta vez, Salvador. Já em Brasília o movimento conseguiu reunir vinte mil manifestantes. Enquanto populações de 951 cidades de 82 países, neste sábado (15), também saíram às ruas em um dia de protestos contra o sistema financeiro que levou à crise econômica no mundo e o desemprego. Fizeram alertas com lemas como “Povos do mundo, levantem-se”, ou “Saiam às ruas, criem um novo mundo”. Expuseram o sentimento de revolta contra as mazelas que estão submetidas a humanidade e acreditam que este movimento é o combustível necessário para sacudir as lideranças mundiais, uma vez que a vontade popular é soberana.
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Recentemente o jornal espanhol El País publicou um artigo que coloca sob suspeita a capacidade de reação do povo brasileiro. Na reportagem, o correspondente Juan Arias sintetizou: “faz tempo que a prática espúria vem se repetindo em muitos setores da nação brasileira e a indiferença da sociedade é de causar perplexidade”. Seu comentário dá a entender que a corrupção aqui ultrapassou as fronteiras dos poderes e ninguém se move.
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A provocação levantada por Arias sobre a nossa apatia, certamente mexeu com os brios do povo brasileiro e os reflexos disso são as manifestações que começaram a brotar. Há exagero na afirmação do jornalista? Claro que há, mas é uma verdade que nem precisava ser dita, principalmente sobre a nossa passividade. A corrupção tornou-se infestação endêmica e o País passa a imagem de andar atolado no pior lamaçal. Uma doença contra a qual ainda não descobrimos o remédio.
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Imagino que “A Marcha contra a Corrupção” no Brasil é uma empreitada delicada, difícil, quase impossível, porque a maioria dos políticos vive contaminada pela sujeira e dela se nutre. Inda bem que a coletividade não pensa assim, prefere apostar na ética trazendo como principais bandeiras do movimento: a classificação de atos corruptos como crime hediondo; o fim do voto secreto no Congresso; acabar com a impunidade nos três poderes, e a preservação da ficha limpa. Uma varredura geral. Conclamam ainda: “Até quando você vai ficar sem fazer nada?”. O mais curioso disso tudo é que as marchas dispensam sindicalistas e políticos.
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Acredito piamente em movimentos com este perfil, porque baseia praticamente na espontaneidade das pessoas, usa a internet como principal veículo de convocação, vai ganhando corpo e se alastra como um tsunami pelos diversos e longínquos pontos do País. Gesto de quem já perdeu a paciência. Que exige respeito, exige civismo, exige limpeza.
5 Respostas para “O poder das manifestações populares”
Luiz Carlos
Voce estava fazendo falta, gostei do artigo.
PAULO PIRES
Ezequiel, meu amigo
Concordo com o Luiz Carlos, você estava fazendo falta. Parabéns pelo breve ensaio e que sua produção seja e esteja sempre destinada a análises corretas como você sempre fez.
Há algum tempo venho dizendo que precisamos de um Novo Mundo. O que temos hoje está esgotando-se pela ganância dos grandes capitalistas. Ou mudamos ou essa joça vai pipocar.
Aquele abraço.
Paulo Pires
Paulo Fernandes
Parabéns seu Zica , realmente muito boa .Como diz o paulo ai, ou fazemos alguma coisa ou deixa a bomba estourar, que aliás é muito pior.
abraço.
Paulo Fernandes
Guanambi-Ba
Rubevaldo Silva
Boa tardea meu caro Zica.
Ontem mesmo, acessei o blog do Eduardo Moraes e lá fiz o meu comentario a respeito do seu texto.
Rube
Renato Senna
Ezequiel,
Gostei, muito bom, e parabéns! Vejo que você está cada vez mais lúcido, sebretudo, imparcial.
Abraço do primo