Por Paulo Pires
Na véspera de aniversário de 171 anos de Vitória da Conquista, com orgulho de morar e viver intensamente nela (tem gente que mora, mas não vive a cidade), dirijo-me a todos que porventura venham a ler os escritos que se seguem, alertando-os para o fato de que o conteúdo foi transmitido anteriormente a um grande conquistense, meu amigo Edvaldo Ferreira. Acrescento que as respostas foram construídas por causa de outros puxões de orelha diplomáticos que recebi do imprescindível amigo, também advogado, doutor Gutemberg Macedo. Para meu alívio, um terceiro cavalheiro apareceu, Antônio Pedro da Silva, e ao contrário dos dois anteriores não me puxou as orelhas. Aos três agradeço pela permanência da amizade, mesmo quando ficamos ou estamos em desacordo no mundo das idéias.
Lembro que o título da minha Carta faz uma breve alusão às epístolas do apóstolo Paulo (com vênia e graça de nosso Senhor Jesus Cristo). Desculpem a confissão: Ambos me inspiram sutilmente nos escritos, tempo a fora.
Oportuno mencionar o segundo capítulo da 1ª Carta aos Tessalonicenses, onde Paulo na região inóspita da Tessália informa a quem lhe ouve num templo judaico sobre a chegada de Timóteo. Naquele ambiente o apóstolo pede que continuem orando e tendo amor cristão uns com e pelos outros para que permaneçam irrepreensíveis perante o Senhor. Isso mesmo. O Cristianimso é uma doutrina sublime porque ao mesmo tempo que concede o livre arbítrio – capacidade para o hmeme pensar e fazer o quiser – recomenda que nos amemos uns aos outros indistintamente. Maraviha, não? Vamos à Carta aos Conquistenses:
Antes de qualquer coisa, alegria e honra por dialogar com vocês:
Apesar da acusação que me faz o amigo Edvaldo dizendo que lamenta meu papel de defensor do prefeito Guilherme Menezes, eu diria não ser bem assim. A razão é simples e todo mundo sabe: A Sociedade Conquistense em todos os pleitos concorridos por Guilherme é quem o defende, conferindo-lhe toneladas e mais toneladas de votos. O homem sai das urnas com vitórias acachapantes. A Justiça Eleitoral homologa suas vitórias e reconhece que elas foram conseguidas dentro da maior lisura. Ninguém reclama nada porque tudo é feito sob inspeção de todos os concorrentes, de forma inquestionável e honrosa. Quem há de dizer o contrário?
Decidi estender algumas idéias a todos os nossos cidadãos porque tenho um dever e um objetivo: lembrar que a Câmara de Vereadores desta Cidade há alguns anos me concedeu o Título de Cidadão Conquistense. Como tal, não posso nem poderia deixar que ninguém daqui ou de fora, tente achincalhar o nome de uma Cidade que me reconheceu como uma pessoa digna de ser um dos seus Cidadãos.
Neste caso, cabe a pergunta: Que Cidadão seria eu se não defendesse o nome da Cidade que me reconheceu como digno dela? Ao mesmo tempo recomendo: O Embate Político a Peleja Eleitoral podem ser conduzidos em outros termos.
Aprendi meus amigos, que o lugar onde vivemos, as pessoas que amamos, a água que bebemos e a comida que ingerimos são coisas sagradas. Devemos sempre pedir a Deus pelas bênçãos que recebemos quando partilhamos dos seus usos.
Deus jamais me perdoaria se eu ficasse falando MAL da cidade ou do lugar onde vivo e me abrigo.
A Política, os amigos sabem disso, é uma arte que nos ajuda programar os encaminhamentos para o Processo Civilizatório.
As Democracias são regimes que aceitam a disputa pelo voto popular, ou seja, os políticos são guindados aos seus postos pela escolha livre dos Cidadãos. Quando não existe Democracia os processos políticos se desenvolvem por Golpes Revolucionários e Atos Terroristas e isso a História comprovou diversas vezes: raramente foram bons para a Humanidade.
Dizer que nossa Cidade NÃO É UMA VERGONHA NACIONAL não é defender Prefeitos, seja ele o atual ou os anteriores (todos também grandes cidadãos e merecedores dos maiores elogios).
Insistir que nossa Cidade é uma VERGONHA NACIONAL, não acrescenta nada ao seu Processo Construtivo. Isso é destrutivo, recriminável, inaceitável. A Cidade não precisa de mais Coveiros. Bastam os que temos em nossos cemitérios.
Precisamos de Construtores. No caso do amigo Edvaldo, diria: Você mesmo, durante muito tempo contribuiu como Vereador e continua somando muito como Profissional do Direito colocando nosso Município entre as 80 cidades mais importantes do País. Além de ter seus filhos trabalhando competente e dignamente em suas profissões de médico e advogado também.
Não é justo que uma pendenga política, um desejo possessivo pela tomada de poder, nos leve de forma esquizofrênica a cuspir no prato que comemos. Isso é feio, inominável e doentio.
Vitória da Conquista nunca foi uma vergonha para o nosso País. Ao contrário: Nossa Cidade é uma Honra Nacional. Todos que aqui chegam ficam impressionados com o nosso comércio, nossas artes, nossas manifestações populares e principalmente com o conjunto de pessoas que compõem nossa sociedade. Temos uma das melhores amostras sociais do Brasil em termos de cultura, compleição física, hábitos alimentares, história humana e um número gigantesco de modelos e dados que enriquecem nossa antropologia, etnologia e etnografia. Como é que uma Cidade dessas é uma Vergonha?
Vejam quantos artistas nacionais e internacionais já produzimos. Vejam o estilo dos nossos jovens e a história dos nossos antepassados. Os que nos antecederam são verdadeiros monumentos municipais. Estão em nossas almas, em nosso ethos, nosso pathos como modelos, seres humanos exemplares: Henriqueta Prates, Laudicéia Gusmão, Crescêncio Silveira, Maximiliano Fernandes, Seu Cazú, Dona Zaza, José Pedral, Raul Ferraz, Edvaldo Flores. Maria Emília, Heleusa Câmara, Maria do Carmo, seu Macário da Farmácia e tantos outros.
Não devemos aceitar que obsessões para aquisição do poder passeiem pelas nossas ruas com figuras pagas dizendo que nossa Cidade é uma Vergonha. A única coisa ainda a nos envergonhar e a entristecer é constatar que pessoas do nosso meio queiram levar a Administração Pública da cidade para os Subterrâneos da Política menor. Não devemos aceitar isso. Temos nome honrado, pleonasticamente honrado, e que há muitas décadas é destaque em nosso País.
Como bons mongoiós, devemos resistir e não devemos nos deixar enganar. Hoje mais experientes, não seremos, como fomos outrora, enganados com um banquete,
Ao mesmo tempo devemos manter a vigília para não sermos esganados no futuro, após um malicioso festim, tal qual aquele feito por Teodorico para Odoacro.
Repetindo diria que devemos colocar no alto todas as honras de cidadãos desta cidade, para nos insurgirmos contra todos que se pronunciarem atacando nosso município. Forasteiro ou não, terão nossas respostas e nossas ações na hora.
Conquista está para nós, sentimental e provincianamente falando, no mesmo plano de relacionamento que Camelot estavam para Lancelot.
Se nos criticarem pelo provincianismo, bairrismo ou ufanismo excessivos, não nos acabrunhemos com isso. Morei no Rio de Janeiro durante quase doze anos e posso dizer que os cariocas adoram e são defensores ardorosos da Cidade [com toda razão]. Só para citar algumas cidades, tentem falar mal de Nova Iorque, Londres, Roma, Paris ou Rio de Janeiro, para quem nasceu nessas cidades. Tentem…
Sou desta cidade e não aceito passivamente agressões a ela. Lembro aos Conquistenses que assim devemos ser com e em qualquer Governo, em qualquer tempo e sob as condições mais adversas pelas quais nossa Cidade possa passar.
Não se trata de Ufanismo, como advertiu Gutemberg Macedo. Doutor Gutemberg, do mesmo modo que eu, sabe que há muito ultrapassamos as fronteiras provincianas e aprendemos a admirar no mundo das artes, por exemplo, o que de melhor se produziu na pintura clássica, passando pelo cinema e teatro europeus, chegando até ao Jazz.
Mas considero imprescindível e um dever sagrado, mantermo-nos fiéis ao verso do poema de Olavo Bilac:
“Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste”.
Saudações cordiais, parabéns a Vitória da Conquista e aos Conquistenses.
Paulo Pires
5 Respostas para “Carta de Paulo aos Conquistenses”
Orlando Cajaíba
Parabéns Professor Paulo.
Estou a 12 anos fora desta cidade que amo tanto e no próximo ano pretendo voltar a morar aí. Acompanho com muito prazer e quase diariamente as notícias de Vitória da Conquista. É necessário que todos entendam que independentemente do Partido que esteja no poder, é necessária a participação do povão na resolução dos problemas da cidade. Não adianta esperar que o governo faça tudo sozinho, pois em qualquer cidade do nosso País, quando vai bem em um determinado setor, peca em outro. Impossível agradar a todos. Parabéns a nossa cidade pelos 171 anos e vivendo um momento defranco progresso econômico.
ronaldo prado
Tenho a impressão que quem está por trás desta campanha difamatória de nossa cidade , não é conquistense nato , não é cidadão conquistense e muito menos conquistense de coração.É mais um daqueles que quer conquistar o poder pelo poder, e já começa mal, com baixo nível e o que é pior:escondido , na surdina. APAREÇA .Conquista cresceu , se desenvolveu também no campo politico , o debate é necessário , salutar e democrático.
Bernardo
Prof. Paulo Pires
Continue conversando.
E provavél que logo cai a ficha.
Nãose trata de detratar a cidade,essas querelas políticas o sr. bem conhece ,e não é ingênuo.Vão muito além.
Surprêso pela baixaria??
Que é isso prof.!!
Isso faz parte até do nosso anedotário político.
Agora permitir que a incompetência,e isso ,o sr. como profissional da aréa adminstrativa sabe bem como ela se manifesta se torne linha de defesa política de um enclave de oportunistas é muito grave.
Senão vejamos.
Qual o respeito que Guilherme teve por Valdenor e Zé Raimundo ao assumir o poder nesta legislatura???
Qual o respeito que Guilherme teve por Dr. Ademir,ex secretário de saúde ao resolver privatizar o Esaú Matos?
nunca solicitou deles uma única opinião.
Hélio Ribeiro foi demitido sem uma nota sequer de esclarecimento.
E por aí vai.
Pena que os Mongoios não estão vivos pra dizer quem os matou.
Bernardo
ao blog. do anderson
Tem meia hora que estou aguardando a censura liberar um simples comentário.
É sempre assim.?????
Deste jeito fica difícil existir debate. Ufa!!!
Vou continuar aguardando.
Afranio Garcez
Caro Paulo Pires.
Como sempre, meu querido amigo e Mestre, voce tem nós brindado com seus excelentes artigos. Este é mais um, com uma temática muito apropiada para o dia de hoje, 09 de novembro, dia em que comemoramos a emacipação política de nossa cidade. De maneira elegante como sempre procede, voce caro Mestre, chama-nos à refletir antes do embate político e das idéias, principalmente a cerca da importância de nossa cidade no cenário nacional. Cidade essa que tenho orgulho de ter aqui nascido, de ser o meu torrão natal, e com o seu gingantesco “coração” tantos e tantos tem recebido, e tão pouco tem sido recompensada. Hoje é dia para todos nós, acima de questões partidárias e políticas refletirmos, volto à afirmar, sobre as nossas carências, demandas, e sobretudo sobre o valor de todas as nossas conquistas, de maneira que resta-me apenas desejar felicidades a nossa querida VITÓRIA DA CONQUISTA, ser grato à ela, e estarei junto com todos que estejam dispotos a lutar por ela.
Aceite o meu abraço.
Afranio Garcez.