Juscelino Souza *
Nos regimes totalitários não existe liberdade de imprensa. Vitória da Conquista parecia caminhar para essa assertiva, com alguns poucos se alimentando da “carniça oficial” lançada mensalmente nas bocas famintas. Tal qual cães raivosos, presos a grilhões forjados em moedas de Judas, arrotavam impropérios contra todos que tentassem aproximar-se dos que lhes cobravam subserviência, inclusive até dos seus iguais na fala ou na caneta. Nos últimos meses notamos que aqui, no terceiro maior município da Bahia (com mais de 310 mil habitantes), estes mesmos meios de comunicação, antes mercê das presilhas da censura prévia, de imprensa servil, subalternizada, turiferária do poder, cujos assomos de independência eram coartados pela constrição da grilheta que o oficialismo lhe impunha, tomaram as rédeas em nome de interesses escusos e pessoais.
Hoje, em pleno regime liberal, ao lado da boa imprensa, da imprensa orientada e imparcial, sobranceira a interesses subalternos, desvinculada de grupos financeiros ou políticos, não raro surge a imprensa espúria, sinuosa e dútil, imprensa milhafre, sem elevação, nem brilho, explorando paixões mesquinhas e interesses inconfessáveis.
Essa mesma imprensa, antes servil, agora se ceva no escândalo, abroquela-se com ódios e vinganças, nutre-se da lama de uma publicidade venalizada, vige e se desenvolve em clima deletério, gerando a intranquilidade social e familiar pelo conspurcar da verdade.
Não deve ser, eticamente, dessa forma. O jornalista, o parcial jornalista, no seu magnífico sacerdócio, deve ser sereno como um juiz, honesto como um confessor e verdadeiro como um justo. A liberdade que se lhe outorga, através de preceitos constitucionais e de lei ordinária, é tão grande como a responsabilidade que lhe impõe o dever de compreendê-la e aplicá-la. Errar, só de boa-fé.
É notório que a rapidez nas informações, as exigências da vida atual obrigam, muitas vezes, o jornalista a noticiar um fato sem prévia confirmação. Nestes casos, a prudência deve ser a sua conselheira, o bom senso o seu guia.
O jornalista que se desalinha e, com desaire, agride a honra alheia, desveste-se do indumento ético da profissão, descalça o coturno da nobreza missionária e se transforma em simples insultador, em magarefe da própria dignidade. De um passo aparentemente correto, acaba dando um salto no escuro, em direção ao despenhadeiro do descrédito.
* Jornalista do Grupo A TARDE (www.atarde.com.br) desde 1994, com passagens pelas rádios Jornal e Cidade de Itapetinga, 100,1 (atual rede Transamérica), assessorias do SEBRAE e Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, editor do Jornal A Conquista e na produção de jornalismo da TV Sudoeste e TV Cabrália.
2 Respostas para “Abutres da imprensa milhafre”
Sérgio ( Janauba)
gostei de ver.Como você evoluiu. Parabéns!!!
ronaldo prado
Juscelino , com todo respeito , gostaria de “desse o nome aos bois”.E o faça como vc faz diariamente no jornal ATARDE , com uma linguagem mais fácil para nós, réles mortais.