Carta a Papai Noel

Por Ezequiel Sena

Papai Noel desculpe este meu jeito tosco de escrever. É porque eu tenho andado meio assoberbado e sem grandes motivações para a escrita. Por isso, tinha dado uma trégua. Faz mais de trinta dias que não escrevo. Por sinal, a última coluna “O poder das manifestações populares” rendeu muitos comentários, é verdade. Mas isso não muda muito. Também não tenho pretensão de mudar nada – nem tenho cacife para isso. Só sei que é Natal.  E o clima natalino é mágico, mexe com a sensibilidade da gente. Mais consumismo que fé. Mais ódio que amor, infelizmente. Mesmo assim Papai Noel há momentos que ainda vejo esperança no rosto das pessoas e isso me faz acreditar na capacidade de regeneração do ser humano. Este 25 de dezembro parece igualzinho aos outros, a clássica repetição de sempre – muito peru assado, família reunida, parentes, amigos, troca de presentes e lembrança dos que já se foram.

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É a realidade. Apesar das aberrações e dos desvirtuamentos, há nessa festa algo que resiste e desperta emoções e sentimentos adormecidos. É uma espécie de nostalgia, vagas evocações, memórias de perdidas crenças, velhos acordes, muita luminosidade, imagens de presépio e sons de ‘Noite Feliz’.

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O senhor viu? O Brasil começou a mudar. Devagar, mas está. Muita gente demitida lá no Planalto. O povo brasileiro repudia claramente a corrupção, mas o que aflige mais as famílias, sem dúvida, é a violência, esta a cada dia que passa ganha formas inimagináveis. Duas pragas que atormentam a sociedade.

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Aqui em Conquista nestes últimos dias a crueldade ultrapassou os limites do abismo. Em plena luz do dia e com intenso movimento de transeuntes a TV mostrou, na Avenida Lauro de Freitas, o assassinato de um policial de trânsito; na rua mais adiante o de uma mulher – penso que ambos por motivos banais, crimes bárbaros, injustificáveis.

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Papai Noel, ainda quero lhe fazer um singelo pedido, esse, sim, o presente mais importante que o povo precisa: Paz, apenas isso! Converse com Jesus ­Cristo – o único capaz de resolver as causas impossíveis –, para não demorar muito, diga também a Ele que não deixe de passar por Conquista. A cidade cresceu muito, está linda, toda enfeitada e iluminada, mas tão violenta que está nos deixando assombrados.

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Um feliz Natal e muita paz a todos!

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Ezequiel Sena

 


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