Guilherme diz que acordo com PCdoB é mais fácil do que com PSB

Foto: Blog do Anderson

Por Giorlando Lima, do blog Notas da Bahia

Encontrei o prefeito Guilherme Menezes no vôo da Trip de sexta (14), pela manhã. Ao desembarcarmos em Salvador, cumprimentei-o e perguntei se me daria uma entrevista. Ele poderia estar chateado, pois apesar de ter ressaltado suas qualidades como homem público e a importância do seu trabalho para Vitória da Conquista, eu afirmei que a sua decisão de disputar a reeleição, era mais vaidade pessoal do que outra coisa. Mas o prefeito aceitou bater um papo rápido. Cortês, Guilherme esperou que eu pegasse a mala na esteira e quase 20 minutos depois começamos a conversar. Era para ser rápido, mas levou mais de uma hora a nossa conversa.

Comecei dizendo a ele o que eu pensava, a princípio, sobre a sua decisão de disputar mais uma vez a prefeitura, informando da publicação que fiz no blog acerca disso, pois é possível que ele não tenha lido. E perguntei, afinal, se não era isso mesmo, se a sua tentativa de reeleger-se não era apenas um capricho pessoal, para ter seu nome na história como o único prefeito a governar o município por quatro vezes (José Pedral Sampaio foi eleito três vezes), Guilherme negou. E disse que ele mesmo nunca se colocou como candidato, nem em 1992, quando disputou pela primeira vez e ficou em segundo lugar, perdendo para Pedral, nem em 1996, quando PT venceu.

Guilherme Menezes lembra que em 2002 seu nome era praticamente uma unanimidade como preferido para ser o candidato do PT ao governo do estado. “Até Wagner esteve em Conquista para me convencer, mas eu não quis. Expliquei que o meu projeto era fazer um grande trabalho em Conquista”. O prefeito também negou que tivesse feito pressão para que Márcia Pinheiro fosse a candidata a vice em sua chapa, nas eleições de 2000. Falei a ele que quase todo mundo no partido diz o contrario, mas Guilherme disse que sempre pensou em José Raimundo, que viria a ser escolhido pelo partido.

Sobre o momento político, eu quis saber do prefeito se o fato de três dos partidos da aliança que governa Vitoria da Conquista, há mais de 15 anos, terem manifestado a intenção de lançar candidatos a prefeito, que concorreriam com ele, Guilherme, não seria uma forma de demonstrar insatisfação, no mínimo de dizer que o projeto cansou e que precisa ser modificado ou renovado? Ele diz que não vê assim. “Eu não vejo como uma crítica ao nosso trabalho. Vejo mais em função do crescimento dos partidos, inclusive no âmbito nacional, e no fato de que as candidaturas podem conduzir esses partidos para um crescimento maior ainda”.

Para Guilherme Menezes merece uma festa de comemoração os mesmos partidos terem sustentado o projeto político por 20 anos. Ele inclui a sua candidatura em 1992. Lembra que o único partido que estava no projeto desde o início e saiu foi o PSDB, que teve Clóvis Assis como vice-prefeito no primeiro governo petista, de 1997 a 2000. Sobre a relação com Assis e com os tucanos, Guilherme diz que não criou as dificuldades que na época foram mencionadas pela imprensa (o vice teria ficado sem sala, sem telefone e sem poder opinar nas reuniões, por exemplo). “O afastamento foi derivado de diferenças grandes até em nível nacional, todo mundo queria que desse certo, mas a incompatibilidade em Conquista não era diferente do que ocorria no Brasil”.

Guilherme Menezes está de férias. Vai ficar até o dia 27 fora da prefeitura, que está a cargo do vice, Ricardo Marques, do PT. Ninguém acredita que o prefeito se isole da discussão política na cidade. Sabe-se que Guilherme Menezes é, como se diz no interior, do tipo “calado, mas não é besta”. Para mim ele disse que dos três partidos que fazem articulações para lançar candidato a prefeito o PCdoB “sinaliza de uma forma mais clara de que fica na aliança”. O prefeito conquistense admite que o PSB tem sido mais consistente em sua decisão de sair com candidato próprio à prefeitura. E falou pouco do PV.

Eu é que disse que a candidatura do cantor e compositor Edgar Mão Branca tinha sido fogo de palha, pois ele não tinha hegemonia dentro do partido. Lembramos, no entanto, que o PV já rompeu com o PT em nível estadual, tendo lançado um candidato a governador no ano passado, Luis Bassuma, que fez franca oposição ao governador Jaques Wagner. Mesmo assim Guilherme pareceu estar muito tranqüilo quanto à participação do PV na aliança que apoiará a sua tentativa de reeleição.

A conversa com Guilherme Menezes também incluiu a relação pessoal dele com o governador Jaques Wagner, a sua mudança de postura como gestor, que agora dá ênfase a obras como pavimentação, a violência na cidade e sobre o comentado cansaço do projeto político*2, a possível demanda da população por uma mudança no modo de governar ou mesmo por uma requalificação da administração, com a substituição dos atuais protagonistas. Para poder organizar melhor o texto e também para manter a audiência, deixo para publicar o restante da matéria amanhã (ou depois).


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