Por Paulo Ludovico
Antes de começar o caso de hoje, mando uns abraços e agradecimentos, claro, a todas as pessoas que confessam ser leitoras dessas minhas histórias (todas verdadeiras, juro). Entre elas, Paula Sande e Maria Luíza Cordeiro (ambas trabalham na Fainor). Mas, vamos ao caso. Também verdadeiro. Esse que contou a mim foi o meu amigo Viturino, mais conhecido como “Tio Vito” (esse sim, um verdadeiro contador de causos). Em Conquista, há pouco tempo, existiu certo cidadão, bastante conhecido. Não posso dizer que foi meu amigo, mas fez parte do círculo de pessoas próximas a mim. O nome dele não importa muito em nossa história, mas, se estivesse vivo teria, hoje, uns 55 anos de idade, acredito. Ele era portador de problemas relativos à coordenação motora. Andava e falava com dificuldades. Mesmo assim, não tinha qualquer deficiência de raciocínio ou de discernimento das coisas. Discutia sempre com conhecimento de causa e, a depender do assunto, sua argumentação era de fazer inveja a muitos. Era de habilidade extrema em trabalhos manuais. Consertava relógios com visível competência, inclusive, manuseando, com a ajuda de pinças, aquelas minúsculas peças, que, em muitos casos, para melhor enxergar, havia a necessidade da utilização de lupas.
Claro que o nosso protagonista tinha as mesmas necessidades da maioria das pessoas. Necessidades de trabalho, de saúde, de segurança, de lazer, além de outras. Uma dessas necessidades (que pode ser incluída no grupo do lazer) tinha a ver com as atividades sexuais. Claro que sim! Pelo que se teve notícias, vindas lá de seus amigos mais chegados, os chamados países baixos do nosso personagem funcionavam de forma satisfatória (lá ele!). É que a falta de coordenação motora não havia atingido a essas “pudicas” regiões.
Pois muito bem! Num determinado dia (ou seria noite, não sei), o nosso herói pede a um amigo que o leve a uma daquelas casas que tinham (ou têm) uma luzinha vermelha na porta. Aquelas casas onde se abrigam (ou “trabalham”) as chamadas meninas de vida fácil (um amigo meu chama a esses locais de “o paraíso” e a essas meninas de “empresárias do prazer”).
O meio de transporte que eles utilizariam seria uma moto. Ou seja, o necessitado dos “aguardadíssimos” préstimos sexuais iria de carona, numa moto, com o benfeitor que o transportaria até aquelas bandas, nas imediações de onde, hoje, está instalada a concessionária de automóveis, Diamantina. Imagine a cena: o que dá a carona, o piloto, se senta dentro das pernas do que recebe a carona, o nosso lascivo protagonista dessa história. É de bom tom lembrar que, naqueles idos tempos, fora das ruas centrais, a pavimentação de Vitória da Conquista era bem irregular e, em muitos locais, não havia nem pavimentação. Uma buraqueira só, solavancos pra todo o lado (de carro ou, principalmente, de moto). Esse problema fazia com que o carona abraçasse bem apertado o condutor da moto. “Prá não cair”, justificavam.
No início da noite (o matuto chama esse período de boquinha da noite), seguem os dois, em direção ao destino final, onde seria realizada a sexual tarefa. Os sacolejos são em todas as direções: pra baixo, pra cima, pra um lado, pra outro, pra frente e pra trás (esses dois últimos movimentos é que causaram o que se “assuscedeu” no final dessa história). Literalmente “subindo pelas paredes”, tal era o desejo de receber as carícias do sexo frágil, nosso herói não via a hora de satisfazer-se, cumprindo a prazerosa missão. Havia juntado, por mais de um mês inteirinho de trabalho, o dinheiro para recompensar os “serviços” vindos da distinta dama da noite. Foram muitos relógios consertados. E lá vão os dois, aos sacolejos (pra frente e pra trás) cada vez mais intensos. Mais intensos porque, depois de certo tempo, o carona pede que o piloto acelere o rojão, aumentando, conseqüentemente, a intensidade do balançar (pra frente… e prá trás…).
Sacolejo vai, sacolejo vem (o pra frente e pra trás, também) e, a certa altura, perto do destino, o motoqueiro percebe (sentindo o bafo no cangote) que a respiração do carona está, estranha e intrigantemente, acelerada. Ele nem ousou arriscar uma olhadela em direção à parte traseira da moto. Depois de alguns minutos, recebendo, na nuca, aquele ar quente de uma respiração ofegante, o piloto ouve a seguinte ordem, vinda de uma voz deformada (pelo problema motor) e rouca (mais pra sensual), em razão do que acabara de acontecer, lá nos países baixos do trêmulo carona:
– Podeeee dar meeeiaaa vooolta! Jááá… Jááá´… resoooolvi o meeeuuu prooooblema!