O pedestre e as calçadas de Vitória da Conquista

                                                                                                                                    “No meio do caminho há uma pedra.

    Há uma pedra no meio do caminho!”

 Carlos Drummond de Andrade

 Por Carlos Costa

Vitória da Conquista tem sido destaque a nível nacional como uma das cidades do Brasil com maior quilometragem de ciclovias e ciclofaixas. A introdução desses dispositivos de acessibilidade urbana melhorou consideravelmente o trânsito dos ciclistas em nossa cidade e reduziu o número de acidentes envolvendo usuários de bicicletas. Se ainda ocorrem acidentes envolvendo ciclistas, os mesmos acontecem em logradouros que ainda não possuem ciclovias, por exemplo: as avenidas Brumado, Pará e Alagoas. Se por um lado a nossa cidade trata bem os nossos ciclistas, o mesmo não acontece em relação aos nossos pedestres! Segundo a definição dos dicionários da Língua Portuguesa, CALÇADA é um caminho pavimentado para pedestres, numa rua, geralmente limitado por meio-fio. Não faz muito tempo, a calçada tinha o bucólico nome de PASSEIO. Infelizmente, hoje os nossos passeios além de feios, cheios de buracos e de osbstáculos servem para tudo, menos para a circulação dos pedestres.

Andando por nossa cidade, do centro até os bairros periféricos pode-se constatar que os nossos administradores, há décadas, não respeitam o direito de ir e vir do ser humano. Foi-se institucionalizado em Conquista o total desrespeito ao transeunte a tal ponto que o mesmo é obrigado a transitar pelas ruas correndo o risco de ser atropelado pelos veículos que transitam por nossa cidade. Os nossos moradores e comerciantes se acham donos das calçadas em frente das suas residências e estabelecimentos comerciais. Não há sequer uma rua da nossa cidade em que não constatamos o uso indevido da calçada. Parece que em Conquista não existe normatização e nem fiscalização para que venham coibir esta prática nefasta de se apossar do Bem Público!

O desrespeito ao cidadão, e numa cidade todo cidadão é originalmente pedestre, corrompe todo e qualquer direito adquirido. A verdade é que o pedestre não possui o direito de trafegar livre e seguro por nossos logradouros. Vejam alguns desmandos que presenciamos diuturnamente por nossa cidade: As ruas centrais de Conquista estão com as suas calçadas ocupadas por camelôs, vendedores de consórcios, servindo de estacionamentos para motocicletas, obstruídas por materiais de construção, produtos descartados e lixos; na Avenida Caxias do Sul, mais precisamente na Feira da Patagônia, os comerciantes além de ocuparem as calçadas com tabuleiros com suas mercadorias, resolveram incrementar mais ainda o uso abusivo da calçada e criaram grandes cortinas para protegerem as suas mercadorias dos ventos, das chuvas e dos pedestres; na Avenida da Integração o problema é ainda mais trágico. Nesta avenida tem uma loja de autopeças que colocou uma oficina em cima da calçada. E não é uma simples oficina não, tem até um elevador elétrico instalado em pleno espaço que deveria ser destinado ao pedestre. Em frente de uma loja que vende parafusos e ferramentas tem-se a mais estreita calçada de Conquista, menos de cinquenta centímetros, pois, os arquitetos daquela avenida preferiram priorizar vagas de estacionamentos para veículos do que para a circulação do pedestre. Na Integração é comum carros serem consertados em cima da calçada; também nesta avenida, as calçadas nos canteiros centrais são feias e mal construídas, além de ter alguns trechos que foram levadas por chuvas que ocorreram alguns anos atrás e até agora não foram recompostos. Imagine a beleza que seria se as calçadas daquela avenida tivessem sido construídas com materiais que promovessem uma bela imagem paisagística. No Bairro Brasil, numa rua pouco abaixo da Avenida Alagoas um morador simplesmente pegou a calçada e a transformou numa garagem bem protegida por fortes grades metálicas e o mesmo acontece em algumas ruas do Bairro Patagônia; em todas as ruas da nossa cidade as calçadas estão abarrotadas de barracas de lanches, de barracas que vendem de tudo, de confecções a CDs piratas; a calçada do Mercado do Bairro Brasil está tomada por barracas há pelo menos vinte e cinco anos e ninguém nunca fez nada para tirá-las de lá; na Avenida Ilhéus, no fundo do DNIT, toda calçada está tomada por barracas que vendem bebidas alcoólicas que são ponto de mendigos, desocupados e viciados; nas Avenidas Bartolomeu Gusmão e Brumado os donos de lojas de automóveis tomam todas as calçadas para expor os seus veículos, obrigando os pobres pedestres a andar literalmente pelas ruas; também as nossas praças estão repletas de chalés, trailers e barracas que obstruem tudo. Nessas praças existem trailers e construções maiores do que muitas residências e não creio que os donos paguem IPTU; não há uma rua da nossa cidade que não possui um trailer de lanches, e o pior que o mesmo é sempre colocado em cima da calçada, e com o tempo a calçada é elevada, põe-se um piso de péssimo gosto, coloca-se um toldo ou telhado e exibe como troféu um alvará bem emoldurado concedido pela prefeitura. Onde tem um bar ou restaurante logo se percebe que a calçada está tomada por feias e sujas mesas e cadeiras obstruindo a passagem do pedestre; numa esquina próximo ao Colégio Polivalente tem uma boutique e o proprietário elevou a calçada para cerca de uns setenta centímetros. Infelizmente, em Conquista o pedestre é muito maltratado!

Poucas são as calçadas bem construídas e preservadas na nossa cidade, mesmo porque não há nenhuma interferência da prefeitura quando alguém constrói uma calçada na frente do seu estabelecimento ou residência. O desrespeito para com as pessoas portadoras de deficiência visual é preocupante e até assustador. Na Avenida Lauro de Freitas um comerciante construiu uma calçada com o piso táctil para orientar o deficiente visual, contudo, o bendito piso táctil termina exatamente num poste. Infelizmente não conseguiu desviar o piso do obstáculo, o poste, e muitos pedestres com deficiência visual têm se esbarrados naquele terrível poste. As pessoas que usam cadeiras de rodas são obrigadas a arriscarem suas vidas todos os dias em meios aos carros porque são impossibilitados de trafegarem pelas calçadas que estão repletas de dificuldades e de ocupantes ilegais. Os nossos calçadões que deveriam ser ocupados por pedestres estão totalmente tomados por barracas de todos os tipos e níveis de feiuras. Os pisos dos nossos calçadões e alamedas são feios, cheios de saliências e buracos que maltratam os pedestres, especialmente as mulheres que usam calçados com saltos altos.

Cidades do mesmo nível de Conquista como Governador Valadares, São José do Rio Preto, Bauru, Maringá, Franca, Guarapari, Montes Claros, Joinville, Campina Grande as calçadas são construídas, fiscalizadas e normatizadas pelas prefeituras municipais. Nestas cidades, e em tantas outras, as calçadas das ruas centrais são todas feitas com os mesmos materiais, dando uma só aparência e consequentemente, beleza, a todo o centro comercial. A acessibilidade e mobilidade urbana necessitam urgentemente de uma espécie de PAC que venha melhorar a vida dos pedestres. Vale ressaltar que este problema não é exclusivo de Conquista, porém, aqui o mesmo já se transformou em algo fora do controle. Que tal a prefeitura criar um PAC – Programa da Acessibilidade das Calçadas? Como este é um ano eleitoral, será de grande valia conhecermos as propostas dos nossos candidatos a prefeito acerca deste tema. Como cidadão, militante político e apoiador da reeleição do prefeito Guilherme Menezes procurarei dar minha contribuição para que no seu Programa de Governo este tema seja tratado com muita seriedade e que na sua próxima gestão esses problemas sejam encarados com muita ênfase e totalmente sanados!


4 Respostas para “O pedestre e as calçadas de Vitória da Conquista”

  1. Claudio Cesar

    Gostaria que o caro radator procurasse o conceito de via publica e a diferanca entre calçada e passeio no Código de Transito Brasileiro.

  2. M. Luiz

    Esse é um dos pontos relacionados com a péssima urbanização de nossa cidade. Infelizmente, nossos vereadores e o nosso gestor (prefeito) não têm isso como uma prioridade. As calçados de Vit. da Conquista são do tempo do império. Falta gente com visão de futuro e modernidade. Os nossos vereadores fazem muitas homenagens, mas projeto que é bom e necessário NADA.

  3. Aladin

    Qual é mesmo a prioridade do prefeito,com imenso apoio dos vereadores?

  4. César Damasceno

    A despeito das questões de engenharia que são desatrosas, as calçadas de VDC são ocupadas por todo tipo coisas. Expositores de mercarias nas áreas comerciais, materiais de construção, entulhos, lixo emuito mais… e como se não batasse, grande quantitade de veículos ficam estacionados nos passeios em razão, claro, da falta de consiência dos condutores e da insuficiência da fiscalização que quando toma alguma atitude, não passa de uma autuação, o que não resolve o problema, pois o SIMTRANS ñão possue meios para remoção dos veiculos que atrapalham a locomoção dos pedestres. Isso é muito vergonhoso!!!

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