Sei que não sou uma voz que agrada a todos, mas sempre digo que Conquista precisa ser repensada e replanejada em todos os setores, de acordo com o porte de terceira maior cidade do estado. Incluo aqui a Câmara de Vereadores, que precisa ter um corpo legislativo mais pensante, com um nível de discussão que tenha como alvo projetos coletivos em melhoria de toda população, e não apenas de um reduto eleitoral. Nos tempos atuais de hoje, é primordial que o parlamentar seja honesto, trabalhador e não tenha desvios de conduta e de caráter, mas não adianta muito se ele não tivertambém capacidade e preparo para exercer sua função legislativa. Infelizmente, atravessamos um período de muito assistencialismo e populismo, mas escasso de pessoas capacitadas para o cargo em que atua.
Não estou falando tão somente de intelectualidade e formação escolar (é importante), pois seria o mesmo que arrotar preconceito. Não adianta tão somente ter a instrução de um mestre ou doutor, se não tiver um conjunto de requisitos e predicados, para propor um projeto ou defender uma causa.
Sabemos que o poder político de hoje não leva em conta o mérito técnico e o conhecimento do saber atender aos anseios da sociedade, daí esse vazio nas estruturas das instituições, que não têm condições de satisfazer a demanda social. Como consequência, perdemos o interesse e a confiança nos políticos e nos governantes. Não falamos mais em ideologia (virou palavrão), mas em grupos partidários,corporativos e volúveis onde cada um pensa no seu interesse individual.
Bem, não vou ficar aqui fazendo arrodeios para dizer que Vitória da Conquista merece hoje ter uma Câmara com argumento e peso à altura da cidade, com programas de renovação e de debates, que atraiam toda comunidade, para cobrar posturas mais firmes do executivo, com relação às melhorias na educação, na saúde, na segurança, nos transportes e em todo processo de desenvolvimento.
De um modo geral, com exceção das discussões classistas, as sessões da Câmara têm sido mornas, concentrando-se, na maioria das vezes, em indicações de obras para ruas, bairros, ou para alguma comunidade rural. Essas indicações (pouco atendidas) têm suas importâncias, mas Conquista precisa ser discutida e pensada como um todo, com projetos e propostas coletivas.
A não ser em algumas sessões especiais, direcionadas a um tema específico, ou a uma associação ou entidade, poucos comparecem às reuniões da Câmara. Quem são os culpados? O povo desinformado, ou o legislativo que não empolga e passa a maior parte do tempo discutindo miudezas? Por isso que volto a dizer que Conquista necessita de uma representação mais forte, com discussões de alto nível, capazes de agregar todos os segmentos da sociedade. Alguma coisa precisa ser mudada.
Não adianta realizar uma sessão especial, se as reivindicações ali levantadas e as resoluções tomadas não forem concretizadas. O vereador não pode passar o tempo todo refém de um território eleitoral. Tem que pensar bem mais alto, e não vemos isso nas comissões que ali atuam, na maioria das vezes, presas a interesses políticos e a determinados grupos.
De 15 cadeiras, o legislativo de Conquista vai passar para 21 assentos nessas eleições, ou seja, mais seis. Dizem para nós mortais, de pouca inteligência, que esse aumento vai beneficiar, qualitativamente, a população. Quem acredita nisso? O povo foi ouvido se queria? Houve algum plebiscito neste sentido? Para votar, o eleitor é chamado até de “sábio”, mas não serve para escolher as mudanças e indicar cargos, os quais vão afetar suas vidas para sempre.
Para o pleito de outubro, Conquista tem 323 candidatos a vereador (um para cada mil habitantes). Será que teríamos esse número tão expressivo de “abnegados”, se o exercício no legislativo não fosse remunerado e não tivesse suas benesses,como há cinquenta anos? Nem é preciso comentar mais nada sobre essa corrida do ouro.
Existem pessoas, que por vaidade, ou por querer servir a sociedade, estão empenhadas em assumir uma cadeira das 21 concorridas, mas são poucas nesse grupo. E quantos desses 323 têm capacidade mesmo para exercer suas funções de representar bem a terceira maior cidade da Bahia?
Todos os candidatos se dizem comprometidos, genericamente, com a educação, com a saúde, com a melhoria dos transportes, com a geração de trabalho e renda, com mais investimentos para o município e outro monte de coisas. Além do saber legislar e fiscalizar, com consciência, é preciso ter capacidade e mérito para o cargo.
Pena que grande parte do nosso eleitorado, por falta de educação de boa qualidade, que lhe foi negada pelos governantes políticos, ainda vote pela simpatia, pelo favor, pelo agrado, pelo assistencialismo ou pelo populismo barato. Queremos uma câmara que levante o ânimo e a autoestima do cidadão, com debates de alto nível.
Jeremias Macário é jornalista
2 Respostas para “Uma Câmara mais pensante”
Leidiane Lima
Olá Macário li e seu artigo concordo em gênero e grau, infelizmente a realidade é essa. Penso como seria bom sair desse atraso de vida.
Altair Ramos
Parabéns Jeremias.. escreveu e falou nada mais do que a verdade o qual poucos são esclarecidos e tem a ciência da importância de uma Câmara comprometida com a população!!