Falso padrão

Por Jeremias Macário

Quando as eleições se aproximam, acreditamos que somos cidadãos respeitados, só porque temos um voto para depositar numa urna. Aí o voto é exaltado como expressão maior da cidadania. Só que durante todo tempo, somos enganados com falsas promessas de melhoras. Somos mesmo burros e otários, serviçais de um sistema arcaico e autocrático, que não muda porque só interessa a eles que vivem no topo dos privilégios políticos.  Vivemos numa falsa nação, e nos ensinam desde cedo a lição de que temos direitos, quando, na verdade, não escolhemos o que queremos. Decidem nosso destino e cobram deveres. Somos um povo marcado pela tradicional cultura subalterna, desde os tempos coloniais dos jesuítas, e assim vamos vivendo, fazendo de conta que fazemos parte do poder.

  As camadas menos favorecidas acreditam num falso padrão econômico, baseado numa estatística de alguns míseros reais de ganho assistencialista e populista, chamados de políticas públicas. Enquanto os parlamentares de Brasília são os mais bem pagos do mundo, e os funcionários marajás se refastelam, os aposentados e a maioria dessa gente “comem o pão que o diabo amassou” e vivem atormentados em dívidas, com medo de morrer como mendigos nos corredores dos hospitais.

   Os mais pobres são induzidos a gastar cada vez mais, para sustentar os mais ricos e manter as injustiças e a desigualdade social, a quarta maior da América Latina. Mesmo vivendo sem saúde, segurança e educação de qualidade, nos ensinam que devemos ter orgulho da nação. A concentração de renda é um cancro que faz parte de nossas origens.

   Acreditamos num falso desenvolvimento de sexta maior economia do mundo, que vai sediar as Olimpíadas e a Copa do Mundo, à custa da nossa pobreza de espírito para contestar e protestar.

  As ideologias são tratadas como comportamentos caducos e conceitos do passado, as quais não se devem dar atenção, pois o capitalismo avança e temos mais que nos moldar ao sistema. Falar em ideologia virou chatice.

    Os roubos não passam de desvios de recursos. Os ladrões de terno não passam de suspeitos. As imagens não contam mais. São condenados, mas continuam em liberdade. Seguimos todos aplaudindo as contradições.

    Nas olimpíadas, o atleta, por sua própria conta (paga até passagem), passa por uma série de dificuldades, soa sua camisa para dar a medalha aos governantes do poder. Ainda nos dizem que é o Brasil que está no pódio. Não, a medalha é dele e não desse país que, vergonhosamente, não valoriza a educação e o esporte. Aqui, o patrocínio só vem depois do título.    Enquanto isso, a presidência do Comitê Olímpico Brasileiro virou um cargo imperial. Nada a reclamar.

  Para os advogados do mensalão, a dinheirama da “nação orgulhosa” teve sua origem no Caixa 2. Sem problemas. È dinheiro legal. Ninguém tinha poderes de decisão, e tinha até uma “batedeira de cheques”, que faz lembrar os gatunos batedores de carteiras nas ruas e praças lotadas dos nossos centros urbanos. Coitados desses! Quando são presos, vão logo ver o “sol quadrado” atrás das grades.

   Parodiando o poeta: Nossos quintais estão cheios de ratos, e ninguém mais liga para os fatos. Cada um segue seu próprio caminho nas ruas e avenidas assassinas, e ninguém se importa com as misérias sociais nas esquinas.

   O ensino superior transformou-se numa fábrica rentável para o grande negócio capitalista. Vendem-se diplomas, sem garantias de entrar no paraíso do mercado de trabalho. Para remediar, tascam a política de cotas para tudo. Quem não concordar com o pensamento hegemônico, é excluído e apedrejado. É um “leproso das ideias”, indigno de viver em sociedade.

   Não esquente a cabeça com essas coisas. O melhor é pegar seu carro de 6o prestações (não são cavalos) e jogar conversa fora num bar com os amigos, ou pegar um axé, ou um pagode. Tem uns mortos-vivos que entopem os carros de caixas de som e vão sacanear com os “direitos” alheios. Outros passam todo tempo na internet… E quem quiser que pense e diga mais. É uma plateia muito divertida, e todo mundo vive feliz da vida.


3 Respostas para “Falso padrão”

  1. Paulo Brito

    sem comentários…pois o macário sempre nos brinda com otimos artigos. Parabens! e obrigado.

  2. gil

    é isso aí Macario,estamos precisando de pessoas que diga a verdade a nosso respeito, de fato temos um papel fundamental e importante para nossa política( OTÁRIOS!!!!)esse é o nosso papel. parabens, manda ver. abraços

  3. Dilson Filho

    Macário, o nosso Galícia realizou eleições nesta última segunda-feira, e uma grande frente de renovação está sendo construída. Toda a equipe de diretores e vice-presidentes que está entrando é composta de pessoas jovens com novas, empreendedoras e modernas ideias. Creio que a partir de 2013 veremos o alvorecer de uma nova era para nosso querido Azulino Demolidor de Campeões. Leia a matéria, grande abraço.
    Dilson Silveira
    http://www.granadeiros.com/

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