Bravura e brilho. Uma música bem feita pode representar muita coisa na vida de uma pessoa. Ela marca, vira uma daquelas canções inesquecíveis, faz o sujeito chorar, sorrir e se encantar. Mas, além disso, há um sentimento e uma vontade de ter qualidade em tudo o que se faz, com certeza isso acontece com os músicos que fazem músicas de qualidade. É, hoje está difícil, muito difícil de ter qualidade em alguma coisa. E eu, que não gosto de usar a palavra coisa, acabei de fazer isso.
E é só, já estava com saudade dos meus inícios de textos com meus sóbrios pensamentos noturnos. Sóbrios e não sombrios. Teve até a frase na cabeça, que algum amigo passou sem querer para a gigantesca lista de frases de efeito. Essa foi mais ou menos assim: “Me traga um cálice de vinho que estou numa lucidez desgraçada”. Imagine ouvir isso assistindo ao julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) do processo chamado de mensalão? Pois é, foi assim mesmo. Acontece, não é sempre que esperamos uma “frase bate-pronto” assim.
Depois disso, só “tragando uma garoupa”. Esse termo ficou conhecido depois que a estudante de direito do Espírito Santo foi pega dirigindo muito doida. Ela tragou uma onça (nota de 50 reais) e tentou ligar seu possante com um canudinho – aquele mesmo canudinho que o sujeito fica na boca mastigando as pontas, saca? Odeio esse visual do sujeito mastigando o canudo. Putz! Após este caso fiquei sabendo do quão dispendiosas são as câmaras municipais do Brasil. Dá pra acreditar nisso? E fazem o que mesmo? Porque conchavo pra aprovar contas de prefeitos acontecem em todos os lugares e a grana rola solta. Depois é cada um por si mesmo. Foi Deus que fez tudo isso – plagiando Irmã Zuleide do Facebook -, #queima Jeová.
Olha só, notícia do mensalão ninguém aguenta mais, que missão miserável essa de julgar político sendo político. Ou tu vai querer me dizer que os caras lá em cima não são políticos? Teve até festinha entre os ministros, advogados de defesa e seja lá o diabo mais quem foi de político. Ócios do poder (essa eu acabei de inventar)! Já que não há mensalão, vou falar das câmaras e dos “felômenos” da internet. Da Casa Legislativa é fácil, vou enumerar. Primeiro, é o poder menos transparente. Segundo, é o mais vulnerável à corrupção, que menos presta contas aos eleitores. Terceiro, é um dos mais caros aos cofres públicos.
Gostou? Então toma! Sabe qual foi o custo para manter os nossos abençoados legisladores nos 5.565 municípios brasileiros em 2011? Nove bilhões e meio e esse valor anual pode chegar aos quinze em 2013, já que teremos eleições e mais vereadores serão eleitos e com salários ainda maiores que os de hoje. Esses números consideram, segundo dados da ONG Transparência Brasil, apenas as despesas que foram declaradas pelos edis. Ainda de acordo com o órgão, o valor gasto corresponde, por exemplo, ao orçamento do Ministério da Cultura para cinco anos, de R$ 10 bilhões. Tá pensando que é brincadeira? “Há um tempo atrás se falava de bandidos, há um tempo atrás se falava em solução, há um tempo atrás se falava e progresso, há um tempo atrás que eu via televisão”! (SCIENCE; 1994)
Eae, vamos abrir os cofres de todos os legislativos? Perdemos até a baiana retada no CNJ. Eliana Calmon se despediu deixando saudades para a sociedade e poucas lembranças boas para os juízes corruptos. Vai fazer falta! O que não anda muito bem também é a aplicabilidade da Lei da Ficha Limpa. Não se resolve. Se é ordenador de despesas e desviou erário, é ficha suja. Pronto, qual é o segredo? Querer que as pessoas acreditem que todo mundo é inocente, então é estúpido que fez a roubalheira e a formação de quadrilha sem querer! Ó, foi sem querer, me desculpe!
Aí aproveita o presidente do STF, o ministro Carlos Ayres Britto, que todos olham com outro olhar, como se fosse um membro da Liga da Justiça, e sugere aumento salarial ao Congresso. É, só restou até então o outro ministro, Joaquim Barbosa, que ganhou destaque com julgamento do mensalão, e foi alvo de peças bem humoradas em redes sociais. Teve uma até que mostrava Barbosa com uma toga que parecia a capa do Batman e dizia assim: “Batman é para os fracos, meu herói é negão e filho de pedreiro e dona de casa”.
Falou bem quem disse que Barbosa nunca usou a pobreza pregressa para justificar atos do presente, como virou moda no Brasil. Não 8vou nem citar aquele ministro que é difícil de escrever o sobrenome, não merece nem a citação. Mas, enfim, o presidente Britto enviou projeto de lei para o Congresso pedindo o reajuste de 7,12% para os ministros da corte. Vamos aos valores de novo, com esse aumento, o salário atual de R$ 26, 7 mil passaria para R$ 28,6 mil. Massa, vamos que vamos!
Sobre esses últimos assuntos para sintonizar, e opinar, é preciso registrar que quem legisla, de fato, é o Executivo. Os prefeitos compram suas bases por meio da distribuição de cargos, eu já disse isso! E os vereadores não cumprem seu papel de fiscalizar. Já sobre o aumento dos gastos com o legislativo e o judiciário, continuo com a ideia de que é preciso tornar cargos públicos de prefeito e vereador, agora talvez até de juízes, ministros e secretários, como ações voluntárias, ou seja, não sejam remunerados para exercer essas funções, já tem benesses demais legais e fora os “favores”.
Pois é acabei nem falando da Dilma Bolada e da Gina Indelicada, mas citei a Irmã Zuleide, personagens que criaram páginas no Facebook e enviam muito humor para os internautas. Entretanto, tudo tem um preço e os desses fenômenos, às vezes, também são altos, comparados aos dos nossos legisladores e juízes, só que ao contrário, pagando multas ou sofrendo com processos. E é o fim, se você ainda não testou ou não sabe, os telefones públicos estão liberados para ligação local, isso se não mudarem a punição para a operadora, todo dia é uma informação diferente. Então pegue seu orelhão e faça já um telefonema, pra quem quer que seja!
* Vitor Fernandes é jornalista e assessor de comunicação
Uma Resposta para “EM SINTONIA: “Cabeças de dragões vão rolar… e meus heróis têm poder””
Laura
Muito bom! Valeu…obrigado por essa oportunidade de grandes momentos de lucidez!