A Ufba e a qualidade do ensino superior

Dora Leal Rosa

Completamos dois anos de mandato como Reitora da Universidade Federal da Bahia, período em que obtivemos êxitos e enfrentamos dificuldades. Certamente temos muitos desafios para implementar uma gestão eficiente, pois há um descompasso entre nossa autonomia para criar cursos e vagas para ingresso na universidade e a subordinação aos procedimentos e ritmos da gestão pública e aos órgãos de controle interno e externo. Apesar disso, a Ufba alinha conquistas. Recentemente fomos classificados em 8º lugar entre as universidades brasileiras, pelo ranking mundial Webonometrics, sendo a única do Nordeste a figurar nas 10 melhores do país. Já o Ranking Universitário da Folha de S. Paulo nos avaliou como a 12ª melhor instituição de ensino superior do Brasil.

Somam-se ainda os resultados do Enade e da avaliação dos cursos de pós-graduação Capes, o curso de Direito, que recebeu o “Selo de Qualidade do Programa OAB Recomenda”, e a conquista dos estudantes Carlos Vinicius Andrade da Silva, (ciências da computação), aceito para estagiar no centro da Agência Espacial Americana (Nasa) e Jonathan Pedreira, (engenharia mecânica), 1º lugar no concurso Siemens Student Award Brasil. Tudo isto indica que o processo de expansão da Instituição não comprometeu a qualidade do ensino, pesquisa e extensão na Ufba.

Em 2007, ao aderir ao Reuni, programa de expansão do ensino superior federal, a Ufba duplicou oferta para ingresso na graduação (de 4.246 vagas em 2007 para 7.991, em 2011), implantou cursos noturnos (dois cursos em 2007 para 33 em 2011), criou os bacharelados interdisciplinares, ampliou o número de cursos de mestrado e doutorado (de 80 em 2007 para 110 em 2011), a matrícula no ensino de graduação (de 23.106 alunos em 2007 para 32.484 em 2011), a pesquisa e a extensão. Finalmente, cerca de 200 alunos estudam hoje em universidades do exterior, através de convênios de mobilidade internacional.

Por outro lado, muitos dos processos iniciados paralelamente à implantação do Reuni ainda não foram completados, como a expansão e requalificação da nossa infraestrutura física, a liberação, pelo MEC, dos cargos previstos de professor equivalente, situação que limitou em aproximadamente 15% a expansão do quadro docente (2.314 docentes em 2007 – 2.653 em 2011).

Apesar do aumento das matrículas, implantação de novos laboratórios, dos cursos noturnos e de outras atividades, o quadro de pessoal técnico-administrativo permanece inalterado: 3.289 servidores em 2007 e 3.279 em 2011. Isto explica muitas das nossas dificuldades em atender as justas e legitimas demandas da comunidade universitária.

Em que pese esse descompasso e as dificuldades que daí decorrem para a nossa administração, a implantação do Reuni na Ufba  é uma experiência exitosa.  Graças a esse projeto, milhares de jovens puderam ingressar em uma universidade pública de qualidade os quais certamente, como Carlos Vinicius e Jonathan, encontrarão na Ufba uma ambiência favorável ao seu desenvolvimento pessoal e profissional.

*Dora Leal Rosa é reitora da Ufba e professora associada da Faculdade de Educação


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