Caldeirada à brasileira

Jeremias Macário

Antes de mexer na Caldeirada à Brasileira, uma mistura de ingredientes indigestos para se comer, queria cobrar aqui, de público, o meu futuro que me prometeram há mais de 60 anos, quando eu ainda era um menino inocente, trabalhador braçal, ajudando meu pai na roça. Fugindo do nazismo, na Segunda Guerra Mundial, o escritor alemão Stefan Zweig, ficou tão fascinado com o nosso país que publicou, em 1942, o livro “Brasil, o País do Futuro”. Na semana passada, 70 anos depois, no Rio de Janeiro, com seu sotaque de inglês, a cantora Lady Gaga, soltou aquela “bela” frase que tantas vezes temos ouvido de visitantes do exterior: “Este é o País do Futuro”.

Confesso que deu um nó em minha garganta, quando encarei a realidade atual da educação, da saúde e da segurança, só para ficar nestes setores, sem falar da corrupção e da falta de ética. “Eu Amo o Brasil” é outra pérola que sempre se ouve de artistas famosos de outros países, quando passam por aqui, fazendo seus shows caríssimos. Também, não vivem aqui, e por lá não existe essa bagunça toda. Adoram nossa caldeirada exótica.

Só queria saber quando esse futuro vai chegar; quem vai pagar por esse calote; e se eu ainda vou alcança-lo. Desde quando deram um golpe militar e proclamaram a República que me prometeram. Depois foi com Getúlio Vargas, construção de Brasília, “milagre econômico” da ditadura, e por aí vai.

Em toda minha vida, só fiz esperar, e estou pagando por um pacote que ainda não recebi. Não é para ficar com muita raiva e rancor? Durante todo esse tempo, me fizeram de besta e idiota. Ainda aparecem por aí uns “gringos” alienados, para gozar com a nossa cara.
Para não ficar mais irritado, e ficando, vamos à Caldeirada à Brasileira. Vou citar algumas canalhices e velhacarias a que estamos sujeitos, por obra e graça de nossos governantes políticos. Uma delas é que o Senado vai pagar, com o dinheiro público, o imposto de renda do 14º e 15º salários dos pobres senadores.

Depois de tantos e tantos anos, ainda somos um país famélico, e o ministro da Justiça reconhece que nossos presídios são medievais, verdadeiros infernos de vivos-mortos, que só prestam para fabricar marginais e bandidos. Uma pesquisa constatou que as crianças de hoje não lavam carros nas sinaleiras e estacionamentos para comprar alimentos, e sim, adquirir celulares, tablets, roupas e tênis.
Enquanto isso, prefeitos municipais vão a Brasília pedir mais dinheiro à presidente Dilma, para tapar um rombo de 6,9 bilhões de reais, e não serem punidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal. O Governo da Bahia paga por uma energia eólica que não é entregue ao consumidor, só porque a Chesf ainda não instalou a linha de transmissão. É muita bandalheira junta.

Do outro lado, os governadores da Bahia, Piauí, Tocantins e Goiás estão “brigando” e muito preocupados com as linhas divisórias destes estados. Está sobrando terra! Por que não mandam construir uma grande muralha? Pelo menos será um monumento de grande atrativo turístico no futuro.
Dentro dessa Caldeirada, descobri, ou me fizeram enxergar, que o negócio bom no Brasil é comprar e não pagar, já que todo final de ano existe o Feirão do Nome Limpo, com redução de 100% dos juros e 50% da dívida. Esta aí o incentivo para ser inadimplente, ou os comerciantes lojistas estão extorquindo os consumidores, com preços aviltantes.

Não consigo entender este nosso país. Devia saber que não é mesmo para entender. Talvez seja um extraterrestre. O Supremo Tribunal Federal está agora sendo julgado pelos mensaleiros do PT e demais coligados. O ex-ministro José Dirceu já disse que quatro meses de julgamento é pouco tempo, e que os ministros foram abduzidos pela mídia e pela opinião pública. Qual opinião pública? E se o STF tivesse absolvidos os réus? O que diriam? Ah! Já sei: Eles são sábios juristas. Deuses da Justiça!

Tinha mais coisa para colocar nesta Caldeirada, mas vou ficando por aqui, finalizando que no futuro próximo vamos ter educação e saúde da melhor qualidade, e todo brasileiro vai puder sair das grades e tirar todos dispositivos de segurança de suas casas. Vamos ter total segurança nas ruas e ainda curtir as boemias até altas horas da madrugada, sem assaltos e violência. Ia falar mais, mas, para não ser mais xingado… Até breve.


2 Respostas para “Caldeirada à brasileira”

  1. ISRAEL PEREIRA

    Realmente a “ELITE” brasileira e as leis brasileiras são muito ESTRANHAS!.Coisa para o futuro,se houver!.

  2. Geraldo Xavier

    Realmente, Jeremias, você vai ter que esperar ainda um pouco mais. Segundo publicações tupiniquins, o país do futuro é a China e depois a Índia…

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