Com Chávez, morre um pouco da revolução

Elve Cardoso

Confesso que me chocou a morte do líder revolucionário venezuelano Hugo Chávez. Ver, nos sites e na TV, aquela multidão conduzindo o caixão do presidente socialista, me remeteu imediatamente às ruas de Caracas. Pude perceber que, muito diferentemente da imagem diabólica que a mídia lhe tentou impingir anos a fio. Chávez era, para a grande maioria do seu povo, um anjo. Sim, um anjo. Alguém cuja vocação para liderança era nata e cuja habilidade para conduzir seu povo a um status jamais experimentado anteriormente, tornou-o inimigo número um das potências que insistem em manter-nos na dependência, em suas múltiplas dimensões: econômica, política e, sobretudo, cultural.

Não é fácil para nós, latino-americanos, dar sequer o grito de liberdade. Sufocam-nos no nascedouro, sim, na consciência. Mais difícil mesmo é fazer o que Chávez fez: alimentou seu povo de esperança, assegurou autoestima, ampliou a oferta de educação, melhorou a saúde e deu dignidade política às pessoas. Propôs um novo modelo de sociedade – é claro, enfrentando a oposição daqueles para os quais conservar privilégios será sempre o interesse político predominante. Acusaram-no de censor por não permitir que se cometesse por lá os sucessivos crimes que parte da mídia comete no Brasil. Lá a mídia quis governar, por meio do golpe branco mais elementar que é a propagação de informação falseada com feições de notícia imparcial, quando não patrocinou diretamente o Golpe de Estado que tentou derrubá-lo. Chávez teve a coragem de enfrentar os tubarões da mídia e atraiu contra si olhares macabros. Obviamente que a situação social e econômica da Venezuela não podem ser transplantadas para o Brasil, aqui temos uma sociedade muito mais complexa, uma economia muito mais desenvolvida. Nosso desafio é incluir o da Venezuela é oferecer.
Chaves reinventou a Venezuela. Criou mecanismos objetivos de participação popular, foi fiel às suas convicções e, por isso mesmo, alcançou a confiança de tantos quantos acreditam na possibilidade de construção de uma sociedade na qual palavras como justiça, igualdade, liberdade e fraternidade não sejam meramente ilustrativas, mas expressões que ganham força no cotidiano até se tornarem realidade concreta. Era o que Chávez queria, é o que quer seu povo, hoje um só lamento. Lamento que reforça a convicção na luta. Lamento que ganhou manchetes mundo afora e que, literalmente, forçou parte significativa da mídia mundial e reconhecer que a Venezuela tinha um presidente conscientemente legitimado pelo seu povo, que efetivamente fez pela Venezuela o que nenhum outro jamais fez.
É evidente que em lugar nenhum do mundo haverá “livre conduto” para tantos quantos desejarem romper históricas situações de desigualdades para propor uma nova economia, uma nova política, uma nova cultura, uma nova humanidade. Qualquer um, no Brasil, na África ou na Venezuela, sofrerá os efeitos devastadores da opressão que se instala, às vezes ao modo fascista, buscando aniquilar iniciativas que configurem alternativas de poder ao “poder central”, muitas vezes exercido por seres invisíveis, mas que geram males concretos, absolutamente visíveis. Assim, a morte de Chávez representa, sem dúvida, um vácuo, mas pode significar também a retomada de força da Revolução Bolivariana com o surgimento de novas e fortes lideranças, capazes não apenas de dar continuidade, mas o aprofundamento da processo revolucionário venezuelano, que a todos nós deve servi r de exemplo de redistribuição das riquezas nacionais.

8 Respostas para “Com Chávez, morre um pouco da revolução”

  1. RGS

    QUE REVOLUÇÃO?.Talvez a inflação, o desabastecimento(se assemelhando com Cuba)controle dos meios de comunicação,propaganda exarcebada exaltando diuturnamente as qualidades do H. Chaves.Além de BRAVATAS absurdas cotra os EUA, seu maior parceiro na balança comercial!.

  2. Walmir Vieira

    Aqui no Brasil eu tiro meu chapéu para um jornalista que muitos o chamam de prosa ruim, Paulo Henrique Amorim. Ele disse uma pérola que caiu como uma luva em nossa realidade. Refiro-me ao PIG (Partido da Imprensa Golpista) nosso país está enraizado nessa maldita imprensa. E outra pérola que vai ao encontro do que a mídia tenta nos passar é que se um governo é para milhões de pessoas aí a imprensa golpista diz que é ditadura. No entanto, se governar somente para as elites, ai sim, a imprensa golpista tem esse governo como democracia. Pode uma coisa dessas? Fala sério!!!!!!!!!!!

  3. Adelson

    o político mais corajoso dos últimos tempo.

  4. alberto riberiro

    Governo Revolucionário é uma piada.
    Um reles paraquedista militar que se tornou presidente após uma tentativa frustada de dar uma golpe militar. Populista, de recebedor de soldo miserável do exército, tornou-se um dos 10 homes mais ricos da Venezuela, após ter se tornado presidente daquela república.
    Enquanto isso o povo clama na pobresa, recebendo migalhas de programas de assistencialismo, que só é feito em prol do crescimento do nome do Presidente.
    Concluíndo – A Venezuela é a mesma de antes de Chaves, nunca mudou, o que mudou é que alguns que estavam fora do Poder, sem usurpar da Máquina Federal, agora passaram a fazê-lo, se apropiando das riquesas do país com sua influência através de empresas de iniciativa pública ou privada, sempre no controle seu.

  5. Cláudio

    Hugo Chávez pode ter sido corajoso, ditador e tal, mas revolucionário? pelo que sei revolucionário é aquele que muda um país para beneficio de todos e não para si próprio o que foi o caso dele.

  6. Rosalvo Junior

    Vai gostar de côcô assim lá na casa do chapa!
    Que Alá arda esse micro ditador em seu fogo eterno…

  7. Antenor

    A direita na América latina tem mais um problema: Lutar contra o mito Chavez!!

  8. Lenira Figueiredo

    Analisar a história com o olhar no presente! Belo homenagem, Elve. A comoção do povo venezuelano demonstra a importância de Chavez para o seu país e uma lição para nós latino-americanos.

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