Da nota ao Papa

Jeremias Macário

Quem importa! Como já dizia o poeta, “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Infelizmente, poucos sabem fazer a hora antes do acontecer. Por aqui, seguimos o roteiro imposto pelo sistema como se nada estivesse acontecendo, como no caso do menino Maicon que há três meses desapareceu numa abordagem policial, em Vitória da Conquista. O assunto do momento é o papa que, pelo que tudo indica, será mais um conservador, longe da renovação e da transparência fiel da Igreja. Engraçado é que, com tudo isso, surgiu agora na mídia o termo conservador moderado, podendo, nesse caso, ser também de direita e de esquerda. Ou se é conservador, ou não é.

 Bem, em Conquista, a nota virou moda na mídia. As entidades, as instituições e o poder público em geral se acostumaram a passar uma informação de qualquer fato à sociedade através de uma simples nota vazia e superficial de um parágrafo, deixando várias perguntas e lacunas no ar.

   Ora! Só indagaria uma coisa: Quem mais perde com isso? A população, ou a mídia da nota? Em minha modesta opinião, considero esse comportamento um tremendo desrespeito para com o cidadão, o qual tem o direito constitucional de ser bem informado pelo representante do órgão ou da empresa responsável pelo acontecido.

   O veículo de comunicação não pode se restringir em ser apenas o porta voz oficial. Seu compromisso maior é com a comunidade. Por sua vez, o prefeito, o secretário e o preposto do órgão ou da instituição, eleito ou escolhido, têm a obrigação de informar e esclarecer em público o que de fato está ocorrendo. Portanto, o contribuinte-eleitor merece uma satisfação. E, como uma coisa puxa outra, lá se vão três meses e ainda não tivemos uma resposta do caso do menino Maicon.

   Aliás, virou moda também em Conquista engavetar e enterrar os casos mais escabrosos e hediondos, como os assassinatos do marinheiro, do ex-prefeito de Manoel Vitorino, do preso retirado à força do Hospital São Vicente e de várias chacinas ocorridas, como a mais recente no alto da Serra, quando 11 pessoas foram mortas por policiais.

   Essa prática não é de hoje. Vem desde os tempos dos coronéis, quando o fato mais notório foi a tragédia do Tamanduá, no final do século XIX. Daí veio a fama de Conquista ser uma cidade violenta onde imperava a selvageria. Os historiadores sabem bem disso. Se nos tempos atuais essa violência acabou, ficou em seu lugar o resquício de não se apurar os fatos e dar uma satisfação para a sociedade.

  Por outro lado, como no episódio do menino Maicon, os ditos seguimentos organizados da sociedade, e aqui incluo todos, praticamente não se mobilizam para cobrar uma resposta clara por parte das autoridades. Na verdade, comemos do mesmo prato do corporativismo.

   O que existe é um silêncio e um conformismo, não se sabe se por omissão, medo ou covardia. Enquanto isso, eles subestimam nossa inteligência, dando explicações fajutas, sem lógica e descabidas. O mais irônico, é que em conversas nas ruas, bares e outros recintos, nota-se, pelas versões e interpretações de cada um, que todos estão sendo enganados, mas aceitam assim mesmo.

  Pulando de um assunto para outro, a eleição de Renan Calheiros para presidência do Senado não deu tanta mobilização e protestos como a indicação do pastor Marco Feliciano para presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Pelo que entendi, corrupção, fixa suja e desvio de dinheiro público podem, mas posições de homofobia e racismo não podem.

   É bom que fique claro que não sou a favor de nenhuma dessas atitudes, mas é muita contradição junta. Mais uma vez, fica claro que fala mais alto o individualismo e a categoria do que o coletivo. Bem, talvez o próximo papa resolva estas questões comportamentais da sociedade fatiada em interesses próprios, acima do todo.


4 Respostas para “Da nota ao Papa”

  1. FLÁVIO

    Quero parabenizar o Jeremias Macário pela espetacular matéria pois a questão do novo papa é uma preocupação meramente religiosa dos católicos e não existe nenhuma religião oficial no brasil,respeito todos os religiosos apesar de não ter nenhuma religião pois Cristo não referiu a nehuma delas por ser Ele o ÚNICO CAMINHO,A VERDADE E A VIDA.Só espero que esse novo papa oriente os católicos a lerem e praticarem os escritos da Bíbliapois ela é o livro dos livros em todo o mundo. Deveríamos ouvir barulhos de fogos de artifícios para comemorarmos a elucidação destes crimes,o fortalecimento da saúde,segurança,educaçao e etç.. algo que nenhum papa ou outro lider religioso vai fazer.

  2. Mayra

    Me desculpem os católicos. Mas a mídia televisiva não tem mais noticia não minha gente? Chega de tanto falar e PAPA com tanta gente passando fome, morrendo à míngua e o povo idolatrando homem que come em prato e talheres de ouro? Uma Igreja que comprava um pedacinho do céu ( assistam o filme LUTERO), enfim… muda-se o nome, continua a mesma coisa! Para mim a Igreja não tem que ficar interferindo no que a pessoa deixa ou não de fazer em sua vida conjugal e sexual. Afinal, se este Nono PAPA que a mídia diz ser conservador aprova o não uso de anticonceptivos, pq então a Igreja não pega estes tantos de criancinhas aqui do BRASIL que ganham a Bolsa Escola para criarem? Será que a Igreja não teria dinheiro bastante pra cuidar destas crianças? Já que a Própria Igreja quer que se prolifere , então nos dê dinheiro para criarmos…
    A Igreja deveria cuidar tb são dos pedófilos que se alastram por todo mundo por debaixo de batinas com fios de ouro!

  3. Mayra

    Não sei se este seria o caso Antônio, de voltar ou não para a escola. Mas seria o caso de pararmos de dar ênfase a principados aqui na terra e esquecermos do verdadeiro príncipe que é Jesus Cristo e que não precisou de muito para falar o evangelho e mudar o mundo. Analfabeto é quem acha que comprar o pedacinho do céu para obter a salvação é correto. Analfabeto é vermos tantos padres pedófilos veja o link http://www.youtube.com/watch?v=aNLTmje8im4 e achar normal.
    Então, vamos parar de falar de Papa, vamos pensar mais no outro, vamos falar sobre a camisinha, sobre os métodos anti conceptivos, vamos parar de assistirmos o jornal nacional, que mais tá virando um Jornal Papal! E se vc não gostou Antônio, escreva um texto que demonstre uma opinião plausível. Ah, só uma observação Vezes é com z e não com s

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