“Ministéro da indukassão”

 Jeremias Macário

Cuma tava dizeno, cumpade Mané, nós tá ficano cada vez mais burro e idiota. Os menino increve nos exame tudo errado, cuma já faz nas rede sociá, e o tá Ministero da Indukassão aprova. Agora o errado é o certo, cuma na idologia política onde tudo é permitido, menos a ética. Cala-te boca, cumpade Quelé, oi que arquem nos ouve e nos condena à prisã perpeta. Pois é gente, ganhou nota mil quem escreveu “rasoável”, “enchergar” e “trousse” nas redações do Enem 2012 (Exame Nacional de Ensino Médio).

  O Ministério da Educação (pode ser Mistério da Educação) alegou que eventuais erros de grafia não significam que o aluno não domine os padrões da língua. “Mesmo com falhas, uma redação pode ter pontuação máxima”.

  Pois é compadre, agora estão falando por aí que erro é apenas um desvio. Corrupção, roubo e ladroagem viraram malfeitos. É a demagogia de mãos dadas com a linguística. Como as coisas mudaram!

 Nem os erros de concordância verbal foram levados em conta, como “Essas providências, no, entanto, não deve ser expulsão”, e “os movimentos imigratórios para o Brasil no século XXI é”…

  Tudo isso e mais a falta de acentuação, pontuação, conjugar no plural o verbo haver no sentido de existir e uso impróprio da forma “porque” na pergunta foram vistos como simples desvios.

 Teve um cara, compadre, que apenas transcreveu o hino do Palmeiras na redação e recebeu nota quinhentos. Não teve mil porque o Palmeiras ficou na segunda divisão do Campeonato Brasileiro. Fosse o hino do Corinthians, teria dois mil! Arrebentava a “boca do balão”.

  Deu no que deu mudarem o nome de vestibular para Enem! Estão comentando que as provas nem são corrigidas. Não passamos do nem, nem. Não seria mais real eliminar redação nas provas do Enem? Pelo menos não ficaria tão vergonhoso assim.

  Enquanto isso, prestem atenção nos nossos níveis de competitividade. No Brasil, apenas 12,5% dos trabalhadores têm formação superior completa, contra 40% e 45% na Coréia do Sul e no Japão, respectivamente.

 Temos seis engenheiros em cada grupo de 100 mil habitantes. Os EUA têm 24 e o Japão 25. Os trabalhadores com ensino médio completo são apenas 47%, contra 90% nos EUA e 96% no Japão.

  Em pleno século XXI, mais de 60% dos jovens que terminam o ensino médio não ingressam na faculdade. Um terço dos brasileiros é analfabeto funcional. Qual moral tem o governo brasileiro de contestar a baixa posição do país (85ª) no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), conforme pesquisa feita pelo Programa das Nações Unidas?

  Nesse IDH estamos abaixo da Argentina, Chile, Uruguai, Venezuela e até do Paraguai. A precariedade do ensino é a verdadeira explicação para o motivo de sermos um povo que não se indigna com os desmandos e as mazelas de nossos governantes, além da herança colonial de subalternos.

 É cumpade, tamo ferrado! Agora só se fala em “eleção”, e nosso dinero vai seno levado pela “enchurrada” das chuva e pelos ‘estadio” de futibó. No Rio botaro só umas sirene e as casa tom caino tudo. É o programa do “Meu Armengue, Meu Tormento”. Inté logo, cumpade!


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