Parideiras

Valdir BarbosaValdir Barbosa

Criticas há, ao apelo consumista. Dias das mães! Diz-se, mero processo especulativo. Corrida às lojas. Chovem censuras ao objetivo. Presentear implica em comprar. Discursos. Dizer que todos os dias são delas. Como se os dias não fossem de todos. Como se todos não merecessem homenagens. Todos os dias. Contraponto. Que a homenagens se lhes preste. Afinal. São únicas e para únicos, um exclusivo dia. Pouco importa aproveitadores de plantão. Sempre haverão de existir.  Nascemos e voltamos ao pó, para viver um permanente processo de aprendizado. Mas, lembre-se. Afora os pródigos métodos instintivos, como respirar e excretar, capazes de nos manter vivos até quando saibamos nos conduzir minimamente, carecemos de mãos, olhos e ouvidos dadivosos indispensáveis, sem os quais retornaríamos  logo após a chegada, ao plano anterior. Desprovidos destas alavancas, seríamos incapazes de viver para exercer nosso livre arbítrio, único e exclusivo norte capaz de fazer com que alcancemos patamares superiores.

Vimos com a capacidade de sugar, mas precisamos de alguém que nos leve ao peito. Este simples ato de oferecer ao nascituro o leite capaz de lhe manter intenso, se trata de responsabilidade e privilégio reservado apenas a uma sublime criatura. Destarte, onde se põe reserva na reserva por lhe fazer lembrada num dia especial? Permite-se a discórdia, com todo respeito aos discordados.

Ontem, vi jovem pai cuidando de um bebê. Os segredos de segurar a criatura frágil em suas mãos, um tanto quanto grosseiras, foram repassados pela mãe que saiu para cumprir um desiderato qualquer. O sublime ato transformou o homem, numa genitora de plantão. Percebi de inopino que, além de tudo, os machos vêm se tornando aprendizes na arte de cuidar dos rebentos. Força estranha no ar. Caetaneando. Especial força estranha num ar que se renova, como se renova a vida. A cada dia.

Achei no aeroporto em Salvador, vindo da Conquista, terra amada, meu filho, Valdirzinho. Estava com um amigo. Há muito tempo não o via. Foi um momento especial. Suponho que pousou na capital baiana para abraçar a mãe. Imagine-se: sem a data criticada por muitos – dia das mães – o momento inexistiria. Viveria, como dizem os jovens, mais “uma cara” para vê-lo de novo. Para sentir a energia absoluta de reparir. Não duvido. Todas as mães reparem os filhos que brotam dos seus ventres. São almas repositadas, pela via dos anjos terrestres, oportunizando seus resgates. Fi-lo. Tendo sentido seu cheiro ao beijar aquele rosto, no dizer de Gonzagão, ao falar de Januário: “aquele cheiro meu”.

Quatro mães me farão companhia neste doze de maio. Véspera da maravilha insuperável ocorrida na Cova da Iria, em Fátima, onde apareceu no céu em Portugal, a Virgem Maria. Estarei com Roberta, D. Milda, D. Walneide e minha irmã, Vanda. As primeiras, mulher e sogra que me aturam. A última me pariu e me suporta desde eras infinitas. Vanda é alma gêmea, quase univitelina. Assim seria não fora bem mais jovem que eu. Para todas elas, bem como às demais parideiras do mundo, um beijo.

Feliz Dia das Mães.

Salvador, 11 de maio de 2013


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