Ah! A velhice

Jorge Maia

Jorge Maia

O homem, mais que a mulher, envelhece de modo rápido. A vida talhou a mulher para as maiores dores: cuidar dos filhos, dos idosos, cuidar da casa, enquanto o homem ia para a caça, para a guerra. Ás mulheres cabia esperar pela volta do companheiro e muitos retornavam sem vida ou se quer retornavam. Enfim toda a labuta da vida com as suas tormentas recaiam com mais vigor nos ombros das mulheres, o as levou a um preparo maior para enfrentar as durezas da vida, revigorando-as.

A vida moderna não mudou muito aquele quadro. A diferença é que a mulher além daquelas tarefas, agora, vai para o trabalho fora de casa, competindo com o homem, mas ajudando para aumentar a renda familiar. A diferença continua sendo em ser homem e ser mulher. O homem, mais racional, estabeleceu um código diferente, para atuar nas mais variadas esferas da sociedade; a mulher, usando às vezes, a lógica obliqua das emoções conduz de modo diferenciado os seus embates. Menos contidas, extravasam com as frustrações com as lágrimas, outras vezes com a ruptura de laços e comportamentos que fazem o homem recuar, inibindo uma reação da mesma intensidade.

Mais contido, o guerreiro sofre com os embates diários, é treinado para isso. Assim, as mães ensinam aos filhos. O trânsito, as dívidas, o conforto da família, a idade do lobo, uma vida mais competitiva levam o homem a sofrer o processo de envelhecimento mais rápido que o da mulher.

O mais comum é encontramos em casais idosos homens mais enfraquecidos que as mulheres. Daí, não termos medo de errar quando afirmamos que os homens caducam mais cedo que as mulheres.

Com a aposentadoria, permanecendo em casa, o homem acostumado à luta diária fora do seu lar, começa a sentir inútil. Passa a receber ordens da mulher, a qual sempre está planejando um trabalho para o marido. O planejamento é diário, nunca haverá rotina, pois a cada momento que o coitado chega em casa tem um trabalho novo: vá passear com o cachorro, saia do meio da sala, banana de pijama, deixa a moça varrer a sala, fica lá quintal, ou mais recentemente, no play graund

A aposentadoria tão esperada por significar um descanso, depois de tantos anos de trabalho, transforma-se em sessão de tortura. Motivo de riso, perambulando pela casa, surge o golpe de misericórdia quando a campainha toca e a mulher diz ao marido, parado no meio da sala: vá lá para fora, chegou gente. Vit. Conquista, 10.09.11


9 Respostas para “Ah! A velhice”

  1. Dablio Ferraz

    Muito boas suas crônicas professor Jorge Maia.
    São imperdíveis!!!

  2. Jorge Maia

    Obrigado, amigo.

  3. Rodrigo Maia

    Este texto foi feito exatamente no dia em que pensei sobre a velhice: 10.09.2011 foi o dia em que casei. Pensei em como o tempo passa rápido!!!!

  4. Jolie

    Adorei, a melhor parte é “pois a cada momento que o coitado chega em casa tem um trabalho novo: vá passear com o cachorro, saia do meio da sala, banana de pijama, deixa a moça varrer a sala, fica lá quintal, ou mais recentemente, no play graund”

  5. Irene

    Muito interessante seus casos, tenho lido todos. já fico aguardando para ver qual é o do dia.kkkkkkkk.

  6. Luiza Nayara

    Foi a primeira vez que li um texto seu e gostei muito. Parabéns!

  7. Jorge Maia

    Luiza Nayara, obrigado.

  8. Vinícius Pales

    Esse homem é um ídolo meu, além de ter sido meu professor durante alguns semestres. Sábio, engraçado como poucos, dedicado às letras e com uma característica rara dentre os advogados de hoje. Não se enganem, a pós-modernidade também chegou à advocacia, há tantos instrumentos modernos nesses escritórios pomposos de hoje que defendem com sangue no olho marcas que nem conhecem. Jorge Maia não, usa o Talento e a boa cabeça de advogado, isso já o basta!

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