Piripá: Delegado abre o verbo por falta de estrutura na Segurança Pública

Apenas o delegado Florisvaldo Nery trabalha na unidade. Na ausência dele, a delegacia fica fechada | Foto: Conquista News
Apenas o delegado Florisvaldo Nery trabalha na unidade. Na ausência dele, a delegacia fica fechada | Foto: Conquista News

O lavrador Geraldo José da Silva, de 44 anos, foi morto na noite desta terça-feira (9) durante uma tentativa de assalto dentro de casa na zona rural da cidade de Piripá, a 630 quilômetro de Salvador. De acordo com o delegado Florisvaldo Nery da Cruz, a mesma ação criminosa vem sendo praticada em várias casas da região nos últimos dias.  Nesta terça, a casa do lavrador foi alvo dos bandidos. Durante a noite, uma dupla encapuzada e armada invadiu a casa onde havia seis pessoas. De acordo com o delegado, um dos suspeitos estava com roupas de mulher. Após anunciar o assalto, o irmão do lavrador reagiu e tentou segurar um dos assaltantes quando, no confronto, o outro suspeito começou a atirar na direção das pessoas que estavam na casa. Geraldo foi atingido com um tiro no peito e morreu na hora. A mãe de Geraldo, Gerolina Maria de Jesus, 76 anos, o irmão que não teve a identidade divulgada e outro jovem da família foram agredidos durante a tentativa do assalto. A dupla fugiu a pé.  As vítimas foram socorridas para o hospital da cidade, mas não correm risco de morrer. Ainda de acordo com o delegado Florisvaldo, está é a quarta ocorrência de assalto denunciada à polícia, porém, segundo a população, cerca de 30 famílias já foram vítimas da ação dos bandidos. “Cada família tem pelo menos um membro em São Paulo e, nesse período de férias, eles retornam para rever os parentes. Acredito que os bandidos procurem esses alvos por conta do dinheiro que eles trazem para ajudar os familiares ou reservam para retornar para lá”, explica.

Falta estrutura

O delegado Florisvaldo Nery da Cruz, que atua na cidade desde 2001, conta que existe uma quadrilha sob investigação. Alguns suspeitos, incluindo menores de idade, já foram identificados, porém, a polícia civil afirma não ter estrutura e pessoal suficientes para dar seguimento às investigações no município. “A primeira dificuldade é geográfica. Não temos como atuar nessa área que é de difícil acesso. São quilômetros de distância entre uma casa e outra. Fica muito difícil localizarmos os criminosos apenas com a equipe em terra”, conta. O delegado Florisvaldo denunciou ao Correio24horas que apenas ele atua na delegacia. “As celas não possuem estrutura física para manter presos, quem faz a limpeza do local é minha esposa”. Ainda de acordo com o delegado, o escrivão encaminhado para trabalhar no município está afastado para tratamento médico.

“Só podemos prender em flagrante ou após investigações. Estou colhendo, a partir das ocorrências, provas para pedir prisão preventiva desses suspeitos, mas não terei condições de levar o caso adiante. Não tenho equipe, nem estrutura para manter presos. Só há banheiro na área do banho de sol, onde um preso já fugiu. A cela reserva para mulheres também está arrombada, por conta da fuga de um preso. Trabalhamos em parceria com a PM, mas a região é bastante vasta. Após qualquer crime, o suspeito pega um transporte alternativo e foge na madrugada”, revela. Ainda de acordo com o delegado, a maior parte das vítimas não procura a delegacia para denunciar os crimes. “Isso também impossibilita a ação da polícia. O povo acha que não vai dar resultado e também tem medo de represálias, já que os suspeito pode voltar caso seja solto ou nem seja preso. Na zona rural também não pega celular e eles acabam ficando isolados”, explica.


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