A Educação e a Produção Científica Brasileira

Penildon Silva FilhoPenildon Silva Filho

A CAPES lançou recentemente, durante a 65ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), dia 23 de julho, o livro “A pós-graduação e a evolução da produção científica brasileira”, de autoria de Elenara Chaves Edler Almeida e Jorge Almeida Guimarães. O livro analisa a produção científica nacional, sendo que no momento o país conta com cerca de 28 mil grupos de pesquisa com 129 mil pesquisadores trabalhando em 452 instituições, e a produção de ciência passa por um período de crescimento notável.

O grande questionamento colocado atualmente pela comunidade científica, por gestores públicos e estudiosos tem sido a desconexão entre Ciência e inovação. A produção científica brasileira tem avançado, mas o registro de patentes de inovações de produtos e processos continua muito baixo. Além da necessidade de contribuir com o mundo da produção econômica e das políticas públicas, o avanço científico e acadêmico brasileiro também é essencial para o avanço na Educação Básica também.

A própria CAPES desde 2008 abarca as funções de cuidar da pós-graduação stricto sensu e da formação de professores da Educação Básica. A CAPES hoje coordena o Programa de Formação de Professores da Educação Básica (PARFOR), nas modalidades presencial e a distância, que no seu lançamento em 2009 teve o objetivo de graduar em primeira licenciatura 350 mil professores para atuar na Educação Básica e formar 250 mil professores em uma segunda licenciatura, que já tem uma licenciatura, mas estão ensinando uma matéria para a qual não foram formados. Ainda há 50 mil professores que ministram aulas na Educação Básica nacional, mas têm apenas uma graduação em bacharelado, não adequada para o trabalho docente. Esses também precisam de uma formação específica para sua atuação profissional.

Diferentemente do que muitos afirmam a atual Educação pública não está em decadência. A comparação com a escola de 50 anos atrás é incorreta, pois aquela escola era elitista e atendia apenas a menos de cinco por cento da população. Mais recentemente, com a criação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) observa-se uma melhora constante na sua avaliação: em 2001 o IDEB era de 3,5, em 2003 foi de 3,6, em 2005 alcançou 3,8, em 2007, 4,2 e em 2009 teve o patamar de 4,6, sendo que a média dos países mais ricos é de 6,0. No momento atual temos também a preparação da aprovação do novo Plano Nacional de Educação no Congresso (PNE). As duas casas legislativas (Câmara e Senado) já aprovaram que o investimento em Educação deve ser de 10% do PIB, sendo que hoje é de cerca de 6%. Apesar desses avanços, a qualidade da Educação depende muito da formação inicial dos professores, da formação continuada durante a atuação profissional dos docentes, da introdução de novas metodologias de ensino, da busca por estratégias de ensino de Ciências de caráter mais experimental e que privilegiem a pesquisa na aprendizagem.

Nesse sentido, precisamos recuperar o ideário do educador Anísio Teixeira, que fundou e dirigiu a CAPES e a Universidade de Brasília, além de diversas outras instituições como a Universidade do Distrito Federal de 1935 e o Instituto de Pesquisas Educacionais do MEC, o INEP. Anísio preconizava a formação dos professores da Educação Básica com os recursos das instituições mais avançadas do país, defendia que a Educação deve ser democrática, e para ser democrática deve ser acessível a todos e de qualidade para todos. Essa qualidade deve ser sistêmica, não se pode pensar num sistema que tem a Universidade com qualidade e excelência sem uma mesma excelência na Educação Básica, pois com certeza a Universidade sentirá os efeitos dessa baixa qualidade mais tarde no seu ensino e nas suas pesquisas. E a Universidade é a instituição que deve liderar e se comprometer com uma nova forma de ensino de Ciências, de caráter mais experimental e com o ensino orientado pela pesquisa.

 

Penildon Silva Filho

Professor da UFBA

Doutor em Educação

e-mail:[email protected]

 


Uma Resposta para “A Educação e a Produção Científica Brasileira”

  1. Luz13

    EDUCAÇÃO ESCOLAR NO MUNDO: DESAFIOS GLOBAIS – Palestrante ELIANE MACIEL
    UMA LIÇÃO DE VIDA, SABEDORIA E INDIGNAÇÃO NA MEDIDA CERTA.
    VALE A PENA ASSISTIR ATÉ O FINAL E DIVULGAR.
    http://www.youtube.com/watch?v=ESfOD3YFEDg&feature=youtu.be

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