Comissão da Verdade é instrumento de garantia do direito à memória para redenção histórica

renatoluz

Renato Luz

A audiência de instalação da Comissão da Verdade em Vitória da Conquista certamente entrou para a história do município como uma das sessões mais importantes de sua vida política. Em uma sessão marcada pela emoção, o plenário Carmen Lúcia, da Câmara de Vitória da Conquista, ficou lotado na noite daquela quinta-feira, 22 de agosto, para homenagear inúmeras personalidades diretamente atingidas pela violência do regime militar implantado no Brasil em 31 de março de 1964. A iniciativa do vereador Florisvaldo Bittencourt (PT) foi, sobretudo um gesto nobre, de grandeza política ímpar e que consolida a tradição vanguardista e democrática de Vitória da Conquista frente a outros municípios do nosso estado. Chama a atenção o fato da ideia e mobilização ter partido de um vereador que está politicamente do lado oposto de alguns dos homenageados, mas que politizou o debate na questão do resgate de nossa memória, sem deixar a miudez que muitas vezes ronda a política partidária, interferir no gesto. Demonstrou também o amadurecimento político do município que reuniu num mesmo espaço, como pouco se viu nas últimas duas décadas, o prefeito Guilherme Menezes e, os ex-prefeitos Raul Ferraz e José Fernandes Pedral.

Cabe ressaltar que o prefeito Guilherme Menezes prestigiou as homenagens até o final e em um gesto de compromisso com o resgate da nossa memória, sancionou a lei que institui o Dia da Memória em Vitória da Conquista e a Comissão Municipal da Verdade; importante ferramenta que irá apurar violações de direitos humanos cometidos durante a ditadura militar, contribuindo para os trabalhos das Comissões Estadual e Nacional da Verdade e, levantando informações acerca dos fatos ocorridos no município durante o regime.

A audiência de fato é digna de elogios. Do início ao fim muita emoção. Quem não se emocionou com a encenação do grupo Levante Popular, com as palavras do historiador Ruy Medeiros, citando nomes de muitos brasileiros como nós, que doaram suas vidas na luta pela democracia e contra a opressão.

Estamos diante de uma oportunidade única de romper com padrões de violações de direitos humanos que ainda persistem em muitas instâncias do Brasil, como vemos na persistência da tortura em prisões e a violência policial. A Comissão tem muito trabalho pela frente e contribuirá ainda com as comissões Estadual e Nacional, refletindo que Vitória da Conquista acompanha, protagoniza e abraça os debates oriundos do campo popular.

É fundamental que o relatório final contribua com fatos não esclarecidos da vida política de Vitória da Conquista, em especial a morte do ex-vereador Péricles Gusmão Régis. Bom trabalho para os membros da comissão e sucesso nessa árdua tarefa.


2 Respostas para “Comissão da Verdade é instrumento de garantia do direito à memória para redenção histórica”

  1. Ivonildo

    Se o saudoso regime militar onde não ouvíamos falar de corrupção como hoje, onde nenhum dos presidentes enriqueceram com o dinheiro público como hoje, onde não havia a insegurança que existe hoje, e que tirou o pais do 48º (quadragésima oitavo)lugar na economia mundial par o 8º lugar,foi uma ditadura, então qual é o nome do sistema político em que vivemos hoje, onde até o governo manda até no STF?

  2. Marcelo

    A contribuição histórica do ex prefeito prof. José Raimundo Fontes nesse artigo foi ignorada.

Os comentários estão fechados.