O Frio é Nosso!

Jorge Maia

Jorge Maia

A nossa cidade é apelidada de Suíça Baiana em razão do clima serrano. Frio durante o inverno e temperaturas amenas ao longo do ano. É algo tão característico que sempre somos indagados se a cidade está fria, quando falamos com pessoas à distância. O frio está de tal modo ligado ao nosso jeito de ser que ao menor calor ficamos a reclamar e parece que não é mais a nossa cidade. O nosso frio tem, nos rendido muito pouco, diante do potencial que é promissor.

Quando recebemos visitas de pessoas de outras cidades elas brincam com o nosso clima, afirmando que parece existir um sistema de ar condicionado em a cidade. Com certo orgulho, lembramos que no passado o frio era mais intenso e foi modificado por conta da urbanização e desmatamento e cada um tem a lembrança de um frio que foi “ maior” que outro. O nosso frio é um patrimônio incorporado à nossa alma, portanto, faz parte da nossa vida.

Em todo o mundo, o clima: frio ou calor, transformaram-se de fator de ordem econômica em favor dos seus habitantes. São comum comerciais apelativos conhecer cidades e regiões por conta do clima específico que possui, transformando em riqueza aquilo que a natureza doou de modo tão gracioso, uma doação sem encargo, cabendo aos moradores encaminhar na direção correta essa fonte generosa de lazer e economia de escala.

O exemplo de Salvador que “vende” o seu verão, Bariloche a sua neve e Campos do Jordão que transforma o seu frio em um período de festival plural, com a realização e eventos culturais com muita diversidade artística são formas de dar destinação produtiva ao clima, como se fosse uma agricultura cultural produzindo alimentos para o encantamento das emoções.

Ao longo dos últimos anos tem sido realizado o Festival de Verão, evento que atrai pessoas de todo o pais, motivadas pelas atrações dos shows, mas em especial por sua conjugação com o frio, influenciando na culinária e promovendo degustações apropriadas e oferecem certo charme nos encontros dos amigos e visitas. Claro que nestas ocasiões as nossas despesas aumentam, compensadas pelo prazer da boa conversa.

O nosso frio tem sido pouco explorado, do ponto de vista do seu potencial para agregar valores ao nosso padrão de vida, pois tem ocorrido apenas com Festival de Inverno promovido por empresa privada, com atrações pouco convincentes, e às vezes de qualidade duvidosa e sem prestigiar outras áreas das artes e do conhecimento que podem ser associadas ao entretenimento.

Em tempo de leis que transforam bens imateriais em patrimônio da humanidade, poderíamos transformar o nosso frio em patrimônio regional e criar a realização de um festival de inverno com maior duração, quando seriam apresentadas diversas atrações: festival de cinema amador, afinal, estamos na terra de Glauber; festival literário com feira de livros, a exemplo de Paraty; Apresentação de Corais, Orquestras Sinfônicas, teatro amador, ou profissional. Em fim, uma multiplicidade de atividades, que coordenadas pelo Poder Público poderiam ser exploradas pela iniciativa privada, que precisa obter lucro, criar empregos e pagar impostos.

Para isso vamos criar espaço físico para tantas atividades, estabelecer possibilidade de acesso para todos, com preços razoáveis, permitindo a participação de estudantes e operários, uma vez que para o rico não constituirá nenhum problema; a arborização da cidade e o reflorestamento da região para conservação do frio.

O festival deve ser democrático no que se refere ao acesso de todos na sua programação. Se tudo transcorrer bem, com o planejamento devido, estaremos explorando o frio de modo comercial, proporcionando cultura, lazer e criando empregos. Quem sabe, nem precisaremos continuar distribuindo agasalhos durante o inverno. Vit.Conq.,14.09.13


Uma Resposta para “O Frio é Nosso!”

  1. Eliana

    Parabéns professor Jorge Maia, pelo ótimo texto sobre o clima de nossa cidade! Devemos pensar nisso…

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