Cartas da Beócia-I

Jorge Maia

Jorge Maia

Fui surpreendido com a notícia publicada no jornal de maior circulação na Beócia “A Noite” informando que os Edward Snowden divulgou que os meus arquivos foram espionados pelos Estados Unidos e que a ordem partiu diretamente de Obama, temendo as consequências do seu conteúdo explosivo, daí a necessidade de manter sob controle tudo que ali existir.

 Passei a noite em claro, preocupado, pensando se os meus arquivos poderiam gerar um ataque dos EUA à Beócia. Nunca me perdoaria se tal fato ocorresse, pois aquela gente boa da Beócia não merece sofrer as consequências das minhas opiniões e por isso resolvi tornar público aqueles arquivos, evitando mais espionagem na Beócia e livrando o povo de qualquer sofrimento provocado por uma taque devastador.

O primeiro documento que vou publicar é uma carta que recebi de uma moradora daquele país e sei da gravidade do seu conteúdo, mas é preciso evitar o pior. Vamos a sua leitura:

Beócia, 30 de fevereiro de um ano qualquer.

Prezado Jorge Maia,

É provável que o Senhor Não me conheça, sou Maria Filismina do Amaral Pereira Góes, mãe de Maria Joaquina do Amaral Pereira Góes que é sua amiga, ela sempre fala sobre o Senhor e lhe tem grande consideração. Não sei se o Sr soube o que aconteceu com ela, mas nós estamos chocados, ela está com a saúde muito abalada e correndo sério risco.

Como todos sabem, Maria Joaquina é muito festeira, não perde uma micareta, o Senhor sempre fala sobre isso em suas aulas. Pois é! Em uma destas noites de boemia, ela voltava para casa com seus amigos, quando um deles lhe falou que Bel deixara o Chiclete com Banana. Foi o suficiente para ela ficar paralisada por alguns segundo. Em seguida olhando para o céu, erguendo os braços em sinal de súplica e desespero ao mesmo tempo, gritou: então, diga que valeu! Desamou no chão e entrou em coma profundo.

Os médicos acham estranho, pois é o primeiro caso de coma profundo em que o doente, vez por outra, faz algum tipo de manifestação. É o que ocorre, de vez em quando ela abre os olhos e grita: Beeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeelllll e cai em seu mutismo e imobilismo. Não sabemos que o isso significa e ficamos todos preocupados com tudo isso.

Atualmente ela está sendo acompanhada por um médico que fala espanhol, perguntei a ele o que era tudo isso e ele respondeu: no lo sé, indaguei se era perigoso ele respondeu que sim, pois todos os casos de no lo sé a maioria dos doentes não escapou.

A nossa preocupação é muito grande e lamento que eu seja portadora de tão triste noticia uma vez que eu sei da sua amizade e consideração para com Maria Joaquina. Por favor, se o Senhor, puder vindo à Beócia faça–lhe uma visita, quem sabe a presença de um amigo possa reanimá-la.

Temos recebido o apoio de muita gente, em especial de Maria Periguete, a qual está sempre presente, aliás, ela está pedindo para informa-lo que enviou uma carta para o Senhor e pede para avisara a Marcos que em dezembro ela vai ao salão para fazer o cabelo para o réveillon.

Atenciosamente, despeço-me, desta terras da Beócia.

 Maria Filismina do Amaral Pereira Góes.

 


2 Respostas para “Cartas da Beócia-I”

  1. luciano sepulveda

    Simplesmente impagável, parabéns meu amigo!

  2. Wesley Gomes Souza

    Genial. Parabéns, seus textos estão cada dia maais excelente.

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