Eu era menino, e não faz muito tempo, quando aprendi a ouvir rádio. A rádio Clube de Conquista, AM, sempre foi companheira e com ela ouvi os mais variados ritmos musicais, mas também os comerciais que fizeram época. Era interessante no inicio da abertura dos trabalhos, ouvirmos o comercial: bom dia com guaraná Fratellivita, assim era após o meio dia e no final da programação: boa noite com guaraná (…). Aprendi outro comercial cuja melodia me encantava, era da tinta para caneta tinteiro da marca Parker: escrevi seu nome na areia, a onda do mar levou. Escrevi com superquink, nunca mais se apagou… Um comercial que eu achava engraçado era o das Casas Pernambucanas e começava com uma batida em uma porta e alguém perguntava: quem bate? E respondia é o frio. ( cantando)Não adianta bater, eu não deixo você entrar, nas Casas Pernambucanas comprei agasalho para o meu lar.
As marcas entronizam-se em nossas memórias por conta da preferência, da qualidade ou pelo convencimento do seu comercial e de repente somos reféns de um produto que nem precisamos que passamos a consumir, levados pela propaganda bem elaborada e de fácil memorização, pois assim produzidos.
Depois veio a televisão. Som e imagem bem trabalhados, e, não podemos negar, somos alcançados mais uma vez pelos comerciais. Impossível esquecer: Hoje existe tanta gente que quer nos modificar(…) só tem amor, quem tem amor p’ra dar, com o sabor de peps(…). Aquele outro do jeans: liberdade é uma calça velha e desbota. Mostrando jovens com ar de rebeldia e com muita liberdade.
A guerra entre concorrentes terminou por criar um novo campo artístico, o dos comerciais. Alguns ficaram tão marcantes que ainda hoje são cantados em datas especiais, a exemplo daquele do Banco Nacional: Quero ver você não chorar, não olhar p’ra trás, nem se arrepender do faz. Simplesmente, lindo.
Todos esses comerciais desapareceram da mídia, também desapareceram alguns dos produtos que eles vendiam, mas, bem elaborados, ficaram em nossa memória e sempre os cantei para os meus filhos, quando crianças, ou ainda hoje, quando pedem e eles sorriem da simplicidade daquelas mensagens.
Comerciais e produtos desaparecem em velocidade que não conseguimos acompanhar. São tantas as marcas e produtos, lançados em tal voracidade que tornou-se impossível gostar de algo e preservar a sua marca, pois no mês seguinte, superado, desaparece das prateleiras. Há certo vazio, que é a ausência de tempo de pertencimento, que se esvai em consumo da nossa alma esvaziada pela substituição de valores que se tornaram impermanentes. Vit. Com. 02.11.13.
2 Respostas para “Agora, os Nossos Comerciais!”
Maria Trindade
Esse é o grande Jorge Maia…
Flávio Novaes
Amigo Jorge Maia, como esquecer o próprio jingle da Rádio Clube de Conquista: “Pioneira na cidade, é amiga de verdade, Rádio Clube de Conquista…”? Ou este: “O tempo passa, o tempo voa… e a Poupança Bamerindus continua numa boa!”. Abraço do seu ex-aluno!