Opinião: Quem garantirá a segurança?

Reginaldo de Souza Silva

Reginaldo de Souza Silva

Os números do Mapa da Violencia 2013, registram o aumento de mortes por Armas de Fogo em 2010, 36.792 pessoas foram assassinadas a tiros, superior aos 36.624 em 2009, mantendo o país com a taxa de 20,4 homicídios por 100 mil habitantes, a oitava pior marca entre 100 nações com estatísticas consideradas relativamente confiáveis sobre o assunto.  Entre os estados que apresentaram as mais altas taxas de homicídios estão Alagoas com 55,3, Espirito Santo com 39,4, Pará com 34,6, Bahia com 34,4 e Paraiba com 32,8. PA, AL, BA e a PB estão entre os cinco estados também que mais sofreram com o aumento da violência na década. No PA, o número de assassinatos aumentou 307,2%, AL 215%, BA 195%, PB 184,2% e o MA com a disparada da matança em 282,2% entre o ano 2000 e 2010.

Segundo, o Ipea entre 2009 e 2011, o Brasil registrou 16,9 mil feminicídios, “mortes de mulheres por conflito de gênero”, agressão perpetrada por parceiros íntimos, ou seja, uma taxa de 5,8 casos para cada grupo de 100 mil mulheres. Estados “campeões”, o Espirito Santo tem a maior taxa de feminicídios, 11,24 a cada 100 mil, seguido por Bahia (9,08) e Alagoas (8,84). A região com as piores taxas é o Nordeste, que apresentou 6,9 casos a cada 100 mil mulheres, no período analisado.

Fazendo uma parodia com o ex-presidente ainda não aposentado, estamos vivendo uma “marola de insegurança pública”. A mídia tem destacado, em cada movimento por “reivindicações” ao final ou no seu processo, alguém quebrando, violando, batendo, apanhando, furtando, incendiando, destruindo etc.

Episódios mais recentes de insegurança envolvem dois coronéis, um na cidade de São Paulo, em 25 de outubro, que aparece apanhando de jovens em uma manifestação, com alegações de que roubaram sua arma; o outro, comandante-geral da PM da Bahia, foi assaltado por volta das 7h30 do dia 6 de novembro em Salvador, quando corria na orla da Boca do Rio, ao atender uma ligação foi surpreendido sendo abordado por dois homens, em uma bicicleta que tomaram o celular da mão do comandante, fugindo na mesma bicicleta.

Em relação ao primeiro, após solidarizarem com o policial de São Paulo, a presidenta Dilma Roussef e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, desencadearam ações, o suficiente para o ministro da Justiça, e os secretários de segurança do Rio e São Paulo se juntarem para discutir medidas de contenção das manifestações, a criação de um órgão nacional para monitorar os protestos e maior punição para presos em manifestações que tenham policiais machucados.

As “praias” da violência, em 2010, entre os cinco estados mais violentos do país, três estão na região Nordeste: AL, BA e PB. Quatro das cinco cidades com os piores dados estão no litoral da região: Maceió, João Pessoa, Salvador e Recife.

Outrora conhecida pelo seu carnaval e acolhida, a Bahia, revela outros desastres: o pior governador, a pior educação, segurança, saúde e, entre as cinco cidades mais perigosas do país estão: Simões Filho, na BA, com taxa de 141,5 homicídios por 100 mil habitantes; Campina Grande do Sul, no PR, com 107,0, Lauro de Freitas (BA) com 106,6, Guaíra com 103,9, e Maceió com 91,6, números que revelam a expansão do poder do narcotráfico, das gangues, dos “comandos” e a fragilidade daqueles e das instituições que deveriam garantir a segurança.

Quem será os marginais? Os Black Bloc comparados com o PCC? A PM, batendo, apanhando e matando? A mídia que aponta quando interessa apenas um lado ou fragmento dos movimentos e da realidade?

Prof. Dr. Reginaldo de Souza Silva – Coordenador do Núcleo de Estudos da Criança e do Adolescente da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – NECA/UESB. Email: [email protected]


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