Uma ponte chamada Alameda

Jorge Maia

Jorge Maia

Em outro momento falei sobre a Alameda Ramiro Santos, que era calçada com paralelepípedos. Eram bem gastos quando eu conheci a Rua Ramiro Santos. O trânsito para veículos era liberado a partir das dezoito horas indo até as seis do dia seguinte. Durante o dia era palco de encontros, paqueras e realizações de negócios.

Era a nossa Rua Chile, comparada com aquela de Salvador, naquele tempo. Movimento intenso. O comércio Chic ficava ali. Os nossos “ Magazines”, lojas de artigos de luxo, além disso era a nossa passarela em que desfilavam transeuntes de todas as classes sociais, sempre foi muito democrática. Os desfiles diários eram substituídos pela movimentação do comércio no natal, quando as lojas eram abertas durante a noite permitia transformar-se em local de passeio e flertes.

Nos anos sessenta, na administração Fernando Spínola, recebeu calçamento com pedra ficando inacessível a veículos, passando a chamar-se Alameda Ramiro Santos. Ficou mais elegante ficava mais bonita quando, no período de aulas, as centenas de estudantes iam ou retornavam da Escola Normal (IEED) dando um clima ruidoso e alegre.

Sempre a imaginei uma ponte ligando dois lados significativos da cidade: Em uma extremidade a Praça Barão do Rio Branco, palco dos grandes acontecimentos, os bancos e o jardim principal da cidade; na outra extremidade, a parte baixa, o comércio mais ativo e passagem para o outro lado da cidade. Era a passagem preferida, pois também era uma passarela.

Quando o comércio abria durante a noite, no período de natal, era uma multidão a subir e a descer a alameda. Ali nasciam e morriam namoros, encontros e desencantos sob as luzes do natal, ou quem sabe os encontros e desencontros nos carnavais que tinham ali passagem obrigatória e naquelas ocasiões era difícil conseguir atravessá-la.

Ainda hoje, o fluxo de pessoas por ali é muito grande, mas há um diferencial: a multidão é apressada, as pessoas não ficam mais nas portas das lojas olhando quem passa e as pessoas não são conhecidas. Aquela gente que antes ali passava, já não mais é vista, e são tantas as razões. Sempre passo por lá e, raras são as pessoas que identifico, embora seja uma ponte a ligar dois pontos importantes da cidade, a velha alameda perdeu um pouco do seu charme.

Outros caminhos surgiram, o centro envelheceu tornando–se uma preocupação, como ocorre em todo centro antigo de qualquer cidade. Comerciantes reclamam das dificuldades em atrair clientes, falta de segurança, mas, sobre tudo, falta do encanto de outros tempos. Vit. Conq.22.11.13


2 Respostas para “Uma ponte chamada Alameda”

  1. Carolina Goed-Corrêa

    Como já passiei nesta rua e no Natal, era uma festa.
    Saudades de tu Conquista, que tanto amo.
    Lindo texto .

  2. Yone

    Gosto muito de suas crônicas, pelo fato de ser meu contemporâneo. Gostei muito da que fala dos pêssegos, pois fazia o mesmo!!

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