Conquista: Comissão da Verdade escuta a última clandestina da ditadura no Brasil

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Fotos: Blog do Anderson

Na noite desta segunda-feira (25), foi realizada uma audiência no plenário da Câmara Municipal de Vitória da Conquista para colher o depoimento da arquiteta e urbanista baiana, Maria José Malheiros, que viveu durante 40 anos na clandestinidade. Em Vitória da Conquista, Maria foi registrada pelo líder camponês José Gomes Novais, passando a se chamar Maria José Novais.

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Maria José Novais foi apenas um dos três nomes que teve durante sua vida. Há 30 anos morando na França, Maria decidiu no dia 24 de outubro desse ano reabrir o processo de anistia, concedido em 1979 a todos os brasileiros punidos pelo regime militar, e pedir a regularidade definitiva de sua identidade. “Eu sonhava com a liberdade, mas a ditadura me fez sua escrava. Tive de carregar o peso de não ter sido presa, mas de ver muitos dos meus amigos confinados e hoje fazer esse depoimento é uma prova de que eu consegui me libertar”, explicou.

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O jornalista Emiliano José foi um dos principais amigos de Maria e acompanhou toda essa luta e sofrimento vivenciado por ela. “Fui testemunha do sofrimento ao qual ela foi submetida. Hoje as três Marias se fundem numa única pessoa. Ela nasceu em Palmas de Monte Alto, no oeste baiano, batizada Maria Neide de Araújo Moraes, a primeira Maria. Ainda menina foi para Goiânia.

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Aluna de Belas Artes tornou-se chargista de jornal, enfrentou a primeira prisão em 68. O AI-5, a demissão do jornal, a expulsão de Belas Artes, a segunda prisão, convencem-na a desaparecer de Goiânia. Em novembro de 1971, Heládio de Campos Leme, seu companheiro, foi preso e ela tornou-se então definitivamente uma clandestina”.

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Na ocasião também foi lançado o site da Comissão Municipal da Verdade, o www.comissaomunicipaldaverdade.com.br. “Este será mais um espaço para a população pesquisar e obter mais informações sobre o período da ditadura militar e para contribuir com os trabalhos realizados pela Comissão Municipal”, declarou.


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