A Bahia, assim como o Brasil, vem apresentando, nos últimos anos, uma expansão das ações de ciência, tecnologia e inovação. Contudo, a continuidade desse processo depende de uma urgente ampliação da base científica, especialmente a formação de pesquisadores. Do início dos anos 70 até o final dos anos 90 do século passado, a formação de massa crítica foi protagonizada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) em um processo concentrado espacialmente e que não abrangia as mais variadas frentes de conhecimento. A existência por muitas décadas de apenas uma universidade federal na Bahia ajuda a explicar parte do desenvolvimento desigual entre as regiões do estado.
Esse cenário começou a mudar no final dos anos 90 com a criação dos primeiros programas de pós-graduação nas universidades estaduais baianas e se intensificou ao longo dos últimos anos. Em 2002, existiam apenas 7 cursos de mestrado e 1 de doutorado em nossas universidade estaduais; hoje são 54 cursos de mestrado e 12 cursos de doutorado. Paralelamente à expansão da pós-graduação nas universidades estaduais, ocorreu a expansão da quantidade de programas da UFBA, a criação das Universidades Federal do Recôncavo e do Vale do São Francisco, a criação de novos campi da UFBA em Vitória da Conquista e em Barreiras, além de algumas iniciativas, isoladas, de formação científica em instituições privadas.
Este sistema tende a ser reforçado nos próximos anos com o início do funcionamento das Universidades Federais do Sul da Bahia e a do Oeste da Bahia. Estas instituições vão contribuir para reduzir as assimetrias em nosso estado. Mas é preciso dar continuidade e acelerar este processo para garantir que os avanços no conhecimento científico se traduzam em benefícios para a população baiana através da introdução de novos produtos e processos inovadores.
A Bahia, assim como o Brasil, tem uma relação doutores por habitantes abaixo da média mundial e uma produção científica concentrada em torno de um conjunto estável de pesquisadores e em algumas áreas do conhecimento. Isso pode ser observado nas propostas submetidas aos editais da FAPESB. Em que pese novas condicionalidades colocadas para submissão de projetos, e as exigências na formalização de qualquer processo que envolva a despesa pública – objeto de crítica de muitos pesquisadores – resta evidenciada a urgência em avançar na formação para garantir saltos na produção científica e tornar a inovação o elemento central nas estratégias de investimento de nossos empresários.
Alinhado com a necessidade de expandir a formação científica, o Governo do Estado, através da sua Fundação de Amparo à Pesquisa, FAPESB, tem atuado firmemente no apoio aos programas de pós-graduação da Bahia. Todos os programas do Estado contam com cotas de bolsas de mestrado, doutorado e iniciação científica – cotas essas que têm sido ampliadas anualmente -, além do apoio financeiro e de um edital específico para infraestrutura laboratorial. No final de 2012, a FAPESB assinou um acordo de cooperação com a CAPES com o objetivo de fortalecer essas ações.
A prioridade em avançar na formação científica decorre de dois fatores básicos. Primeiro, corrigir as distorções geradas pelo desenvolvimento tardio da pós-graduação na Bahia como um todo. Para se ter uma ideia desse desenvolvimento tardio, a área de engenharia, que tem um grande potencial de inovação, teve a primeira tese defendida na Bahia somente no ano de 2009. Segundo, e o mais importante, é que a inovação atualmente decorre essencialmente do conhecimento científico; daí a necessidade de formação de massa crítica nas mais variadas frentes do conhecimento, especialmente naquelas com maior potencial de criação de novos produtos. Vivemos a “Sociedade do Conhecimento”, termo cunhado para evidenciar o quanto a economia hoje depende mais e mais da aplicação do conhecimento e do uso de tecnologias intensivas. Ampliar a base científica é um dos elementos centrais para superar o grande desafio da C,T&I na Bahia: incorporar a inovação à nossa estrutura produtiva.
Roberto Paulo M. Lopes – Diretor Geral da FAPESB